sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

A GUERRA CONTRA DELÚBIO



Absolvido por quadrilha, Delúbio assegurou pena em regime semiaberto mas justiça acaba de suspender seu direito ao trabalho 

Ao anunciar, ontem, a decisão de suspender o regime semiaberto de Delúbio Soares (foto), o juiz Bruno Ribeiro tomou uma decisão errada na hora errada.

O juiz Bruno foi escolhido a dedo por Joaquim Barbosa para cumprir o papel de guardião dos condenados da AP 470.

A medida foi anunciada horas depois da derrota de Joaquim no Supremo Tribunal Federal. Ao rejeitar a acusação por formação de quadrilha, os ministros derrubaram qualquer hipótese de Delúbio e outros réus em situação semelhante serem mantidos em regime fechado.

Mesmo assim, a medida está longe de ser uma surpresa.

Mostra que seguimos no país da novilíngua. (Você sabe: era este o idioma no país de 1984, aquele romance de George Orwell)

Num trabalho de reconstituição difícil, pois o prisioneiro não dá entrevistas nem se dispõe a conversar com jornalistas, é possível reconstituir episódios ocorridos em dias anteriores.

Através de advogados e autoridades penitenciárias, foi possível saber que, nas últimas semanas, Delúbio  recebeu vários sinais de que, cedo ou tarde, poderia perder a liberdade recém conquistada.

Assim se informa que, recentemente, Delúbio foi procurado por um dos responsáveis pelo CPP, onde encontra-se recolhido desde que foi transferido para o semiaberto. Nessa ocasião, lhe foi dito que não poderia permanecer na ala do presídio reservada aos ex-policiais, onde fora instalado desde a chegada.

Isso porque não era ex-policial, o que poderia, como toda pessoa familiarizada com a novilíngua da AP 470 já percebeu, ser definido como um “privilégio. “

Em função disso, a proposta era que fosse transferido para o “fundão” do CPP, uma área aberta, com centenas de prisioneiros, com menos controle e menor segurança – o que explica porque ex-policiais não podem ficar ali. Por via das dúvidas, queriam saber se ele estava disposto a assinar um documento, declarando-se inteiramente convencido de que o novo local apresentava boas condições de segurança.

Entendendo a mensagem novilíngua tão óbvia, Delúbio só prosseguiu a conversa na presença de um advogado.

O caso foi parar na Secretaria de Administração Penitenciária, órgão do governo do Distrito Federal, que, como o próprio nome diz, tem a responsabilidade legal para definir o que se passa em presídios e centros de detenção. Num país onde funciona a divisão entre poderes, sem novilíngua, a Justiça julga e o Executivo, executa. Alguma dúvida?

A Secretaria tem a palavra final sobre o destino de todos os prisioneiros, suas condições no cárcere – que podem variar conforme o comportamento – e assim por diante. A ideia de retirar Delúbio da ala onde se encontram ex-policiais, como se pretendia no CPP, mas estava em desacordo com a Secretaria, morreu ali.

O argumento é que locais diferenciados costumam ser reservados a prisioneiros diferenciados, o que inclui ex-policiais mas também os chamados presos de notoriedade. Todos estão sob a guarda do Estado, que devem impedir que sejam alvo de atos violentos por parte de outros condenados. Chantagens, sequestros de familiares e outros episódios desse tipo são comuns e é natural que se faça o possível para evita-los. Não é “privilégio”, George Orwell.

(O próprio Marcos Valério chegou a ser torturado numa penitenciaria em São Paulo, onde ficou detido por um episódio sem relação com a AP 470.)

As pressões prosseguiram, para alimentar a narrativa novilíngua dos  “privilégios “ dos prisioneiros da AP 470. Novilíngua mesmo.

Oito “privilegiados” prisioneiros da AP 470  não só foram vítimas de uma acusação indiscutivelmente errada, de formação de quadrilha, como demonstrou o STF ontem, mas também receberam penas agravadas artificialmente, em função de uma  “discrepância “ provocada pelo “impulso de superar a prescrição do crime de quadrilha e até de se modificar o regime inicial de cumprimento das penas", como disse o ministro Luiz Roberto Barroso, num voto corajoso e competente.

Olha só a novilíngua.

Sem as penas agravadas por essa acusação errada e exagerada, condenados como Dirceu e Delúbio nunca poderiam ter sido condenados a penas em regime fechado.

Não teria sido necessário apresentar embargos infringentes – e lutar com bravura pelo simples direito de recorrer a eles, numa votação apertada e dramática.

A novilíngua dos privilégios inclui a manutenção de José Dirceu por mais de 90 dias em regime fechado.

Como acontece com Delúbio, o direito de Dirceu ao regime semiaberto estava fora de dúvida antes mesmo da votação de ontem, e não foi  questionado por um fiapo de prova jurídica – apenas novilínguas acumuladas, insinuadas e nunca sustentadas. O caso do telefone da Bahia foi esclarecido na medida em que é possível esclarecer tantos episódios confusos, até porque comprovou-se uma circunstancia impeditiva: naquele dia, o ex-ministro da Casa Civil não saiu de sua cela.

Mas o ministério público do DF alega que se fez uma investigação “atípica” para apurar o caso e pede novos esclarecimentos. Depois de muitos outros, este é o argumento jurídico que mantém Dirceu atrás das grades.

O argumento político você sabe. 

Em nossa novilíngua, o Direito se inverte. Em dúvida, decide-se contra o réu. É o que acontece com Dirceu e também com Delúbio.

 Ao “suspender temporariamente”  um direito inquestionável, , o juiz Bruno Ribeiro avança por um atalho que lhe permite punir o prisioneiro sem a necessidade de provar que ele fez alguma coisa errada.

Segundo a Folha, Bruno Ribeiro alega que é preciso “investigar supostas regalias” como “alimentação diferenciada” e “visitas em horário impróprio."

Estamos falando de uma feijoada que alguns colegas de prisão serviram a Delúbio, num caso banal da prisão – todos os ingredientes estão disponíveis na cantina do centro de detenção. A visita diz respeito a um líder dos agentes penitenciários que deu um “oi” a Delúbio. 

Privilégios imensos na existência de um prisioneiro que só por um erro foi condenado a regime fechado. Uma visão que comparou o PT ao bando de Lampião. Que passou oito anos dizendo que um ministro chefe da Casa Civil era "chefe de quadrilha."

Novilíngua. Novilíngua.

-Por Paulo Moreira Leite, in IstoÉ Independente http://www.istoe.com.br/

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

"Agora que o gigante acordou, todo mundo odeia tudo"



“Achamos que somos um bando de gente pacífica cercados por pessoas violentas”. A frase que bem define o brasileiro e o ódio no qual estamos imersos é do historiador Leandro Karnal. A ideia de que nós, nossas famílias ou nossa cidade são um poço de civilidade em meio a um país bárbaro é comum no Brasil. O “mito do homem cordial”, costumeiramente mal interpretado, acabou virando o mito do “cidadão de bem amável e simpático”. Pena que isso seja uma mentira. “O homem cordial não pressupõe bondade, mas somente o predomínio dos comportamentos de aparência afetiva”, explica o sociólogo Antônio Cândido. O brasileiro se obriga a ser simpático com os colegas de trabalho, a receber bem a visita indesejada e a oferecer o pedaço do chocolate para o estranho no ônibus. Depois fala mal de todos pelas costas, muito educadamente. (...)

-Continue lendo CLICANDO AQUI

*Fonte: http://revistaforum.com.br/

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Paco de Lucía






*Concierto de Aranjuez - de Joaquim Rodrigo, com Paco de Lucía

(A singela homenagem do Editor do Blog ao grande artista hoje falecido)

PP, Heinze, Ana Amélia e o 'gol contra'




Por Júlio César de Lima  Prates*

Quem imagina que essas declarações de Heinze logo serão uma página virada, está profundamente enganado. Essas declarações serão o combustível dos partidos, no horário eleitoral gratuito; ademais, some-se as tradicionais contra o público GLST, quilombolas e índios, ainda têm aquelas outras onde ele anuncia como será o tratamento da brigada militar no eventual governo de Ana Amélia contra os movimentos sociais.

A tentativa de Ana Amélia de se aproximar dos setores médios urbanos dos grandes centros, via a aliança informal com Manoela, do PCdoB, tinha um claro objetivo de desfazer-se dessa imagem de truculência histórica do PP, especialmente pela sustentação à ditadura militar da ARENA, PDS, PPB e hoje PP. Ana Amélia  sabe que só os grotões não lhe garantem vitória alguma. Da mesma forma, ela sabe muito que precisa  solidificar-se entre os setores médios dos grandes centros, de Canoas a Caxias, região metropolitana de Porto Alegre, Porto Alegre, região da grande Santa Maria, região celeira, alto e baixo Taquari, litoral, e a grande região de Pelotas e Rio Grande.

Nesses grandes centros e também nos médios (cidades acima de 100 mil habitantes) existe uma organização sindical dos trabalhadores bem razoável, derivando-se daí um nível bom de politização, com as pessoas melhor informadas. Os moradores dessas comunidades não votam no PP, não votam na direita, Ana Amélia sabe disso.

Ela precisava se desfazer dessa imagem de associada a uma direita atrasada, raivótica, com propostas retrógradas. Tentou. Só que Heinze deu-lhe o maior gol contra. É claro que quando o debate eleitoral incendiar, com amplos espaços na TV, o vídeo de Heinze vai ser a peça mais usada para associar Ana Amélia ao direitismo retrógrado e a volta da polícia violenta e agredindo os movimentos sociais. Esse será o tom da campanha anti-PP, tudo com base nas declarações de Heinze.

Até os professores, que andam azedos com Tarso, jamais votarão em Ana Amélia, sabendo que ela é a volta ao passado e que a polícia - sob seu comando - vai tratar os movimentos sociais a base do cacete.

O vídeo de Heinze ficou alguns meses guardado e os autores sabiam bem o que estavam fazendo. Largaram na época adequada. Tudo calculado. A próxima etapa, será na TV, nos debates e horários gratuitos eleitorais. Ana Amélia passará se explicando, na defensiva, tudo por conta da direita raivótica, extremada, radical, que lhe prestou o maior desserviço de todos os tempos.

*Jornalista, sociólogo e advogado   http://julioprates.blogspot.com.br/

**Charge do Latuff  - 'Ódio' - (Heinze e Alceu Moreira)

-Edição e grifos deste Blog.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Santiago modorrenta?!



Santiago modorrenta? não se engane com isso!

Do Blog .pontolivre. (eficientemente pilotado pelo meu amigo jornalista Wolmer Jardim) vem esta postagem:  

"Santiago do Boqueirão, de onde é natural meu amigo Júlio Schmitt Garcia, é um lugar muito interessante. O visitante desavisado irá se deparar com uma cidade limpa, organizada urbanisticamente e muito pacata, quase modorrenta. Porém, ele que não se engane: nas entranhas da comunidade santiaguense há permanentes avaliações críticas sobre o status quo e o microcosmo locais, em especial sobre o que acontece na economia e na política. Prova isso a existência de um número infindável de blogs fazendo essa discussão, sob variados matizes ideológicos e diferentes formas de ver e sentir Santiago. 

Não sei de cidade que tenha tantos blogueiros focados na sua própria realidade. Há visível inconformidade de setores locais com o predomínio político-eleitoral exercido pela direita, o que se materializa em anos e anos de mando do PP (antes PDS e outras siglas, antecessoras ou sucedâneas) na prefeitura. O interessante é que os partidos de Oposição não conseguem, aparentemente, canalizar e organizar essa inconformidade para um embate vitorioso nas urnas. Não sei se por divergências intransponíveis, visões inconciliáveis acerca de uma mesma realidade, ou outras razões, o fato é que um só lado manda na política local há décadas, com um breve intervalo, quando Vulmar Leite conseguiu furar o ferrolho conservador e se elegeu prefeito por um mandato".  http://www.pontolivre.org/
...
*Modorrento: adj. Que sofre de modorra; que está sonolento. Figurado. Estúpido; que não é esperto, parvo. http://www.dicio.com.br/

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

'Não vale o argumento ultrapassado de que as pessoas não participam porque não querem' (vereadora Iara Castiel)


REFLEXÕES SOBRE A NECESSIDADE DE SER INCENTIVADA UMA MAIOR PARTICIPAÇÃO POPULAR EM  SANTIAGO/RS

À seguir, parte do pronunciamento da vereadora Iara Castiel (Líder do PT, foto acima) na reunião ordinária da Câmara de Vereadores de Santiago, realizada na tarde de hoje:

"Tenho refletido, constantemente, nossa atuação aqui nesta casa. Percebi que há um ano nós vereadores fazemos, praticamente, os mesmos pedidos. Estes vão desde reposição de lâmpadas, limpeza de bueiros, reparo de estradas do interior, ruas urbana, sinaleiras, até denúncias mais graves que envolvem a saúde pública, como esgoto a céu aberto, acúmulo de lixo, descaso com a saúde, e muitos outros. E, a cada sessão, os pedidos se repetem e se repetem... Os vereadores do prefeito minimizam os fatos; os da oposição, denunciam com ardor. Muito pouca mudança.

A Gestão Municipal, através de suas secretarias, não busca sintonia com o parlamento municipal para que os desejos da população urbana e rural sejam minimamente atendidos e não são proporcionados avanços significativos na vida das pessoas. As poucas reuniões e audiências públicas que acontecem somente as exigidas por lei, não há debate e se resumem na presença de secretários e seus funcionários.

Não vale o argumento ultrapassado de que as pessoas não participam porque não querem.  Cabe ao parlamento buscar aumentar o interesse do cidadão pelo que acontece nesta casa. Deve criar canais de discussão política. O cidadão quer falar, reclamar, denunciar, debater as decisões que afetam a vida dele." (...)

*Via http://vereadoraiaracastiel13.blogspot.com.br/

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Nove chaves sobre o fascismo na Venezuela (golpe contra Maduro)




*Por Luis Britto García, na Agência Venezuelana de Notícias

1-Hollywood representa o fascismo como uma quadrilha de mal encarados em uniformes, agitando bandeiras e gritando palavras de ordens. A realidade é mais perversa . De acordo com Franz Leopold Neuman, em “Behemoth: Estrutura e prática do nacional-socialismo, 1933-1944”, o fascismo é a cumplicidade absoluta entre as grandes empresas e o Estado. Quando os interesses do grande capital tornar-se a política, o fascismo está próximo. Não é por acaso que surgiu em resposta à Revolução Comunista da União Soviética.

2-O fascismo nega a luta de classes, mas é o braço armado do capital nesse disputa. Aterroriza a baixa classe média e os segmentos marginalizados, com o medo da crise econômica, dos trabalhadores e da esquerda, alistando paramilitares para enfrentar com a força bruta os socialistas e os movimentos sociais.

Mussolini foi apoiado pela fábrica Ansaldo e pelo Serviço Secreto Inglês; Hitler foi financiado pelas indústrias de armas do Ruhr; Franco teve apoio de latifundiários e industriais; Pinochet teve ajuda dos EUA e da oligarquia chilena.

3-A crise econômica, filha do capitalismo, é a própria mãe do fascismo. Apesar de estar do lado vencedor na 1ª Guerra Mundial, a Itália foi destruída fora dele, de modo que a classe média ficou em ruínas e participou maciçamente da Marcha sobre Roma de Mussolini.

Nas eleições de maio de 1924, Hitler ganhou apenas 6,5% dos votos. Em dezembro daquele ano, apenas 3%. Mas em 1928, quando a grande crise capitalista explode, teve 2,6%. Ficou com 18,3%, em 1930. Em 1932, teve 37,2 %, chegando ao poder e anulando o restante dos partidos.

Mas o fascismo não remedia a crise, agrava. Durante o governo Mussolini, o custo de vida triplicou, sem qualquer compensação salarial ou social. Hitler empregou os desocupados na fábrica de armas, que levou à Segunda Guerra Mundial, devastando a Europa e causando sessenta milhões morto.

Franco começou uma Guerra Civil que deixou mais de um milhão de mortos e várias décadas de ruína; fascistas argentinos eliminaram trinta mil compatriotas, Pinochet assassinou cerca de três mil chilenos. O remédio é tão ruim quanto a doença.

4-O fascismo apela para as massas, mas é elitista. Corteja e serve as aristocracias, seus líderes vêm das classes mais altas e estabelecem sistemas hierárquicos e autoritários. Charles Maier, historiador, aponta que, em 1927, 75% dos membros do partido fascista italiano era da classe média e classe média baixa. Apenas 15% eram trabalhadores. 10% era da elite, que ocupava os altos cargos e davam a palavra final sobre seus objetivos e políticas.

Hitler estabeleceu o ” Führer-Prinzip”: cada policial usava seus subordinados para alcançar uma meta e prestava contas apenas aos seus superiores. O caudillo falangista responde apenas a Deus e à história, ou seja, a ninguém.

5-O fascismo é racista. Hitler postulou a superioridade da “raça ariana”. Mussolini varreu líbios e abissínios e planejou o massacre de meio milhão de eslavos ” bárbaros e inferiores” para atender 50.000 italianos superiores. O fascismo sacrifica por seus propósitos os povos e culturas que despreza.

Os falangistas tomaram a Espanha com as tropas de Melilla. Alber Speer, ministro das Indústrias de Hitler, estendeu a Segunda Guerra Mundial em dois ou três anos para manter a produção de armas aquecida pelas mãos de três milhões de escravos de raças “inferiores” .

6 . O fascismo e o capitalismo têm rostos de ódio que precisam de máscaras. Os fascistas copiam slogans e programas revolucionários. Mussolini foi dito socialista. O nazismo usurpou o nome do socialismo e se proclamava um partido de trabalhadores (Arbeite). Em seu programa, sustentava que não podia tolerar renda que não fosse do trabalho.

Por sua falta de criatividade , os símbolos são roubados de movimentos com o sinal oposto. Bandeiras vermelhas comunistas com a suástica, o símbolo solar que no Oriente representa a vida e a boa sorte, confiscado pelos nazistas para o seu culto à morte.

7.O fascismo é “abençoado”. Os padres apoiaram os falangistas que saíram para matar colegas e poetas. O Papa abençoou as tropas que Mussolini enviou para a guerra e nunca denunciou as injustiças de Hitler. Franco e Pinochet foram idolatrados pela Igreja.

8 . O fascismo é misógino. A missão da mulher é resumida em “Kirche, Kuchen, Kinder”, ou seja, igreja, cozinha e crianças. Nunca apareceu publicamente uma mulher ao lado dos líderes; aqueles que eram casados, as esconderam e relegaram cuidadosamente. Nunca aceitaram que uma mulher subisse pelo seu próprio mérito ou iniciativa. Hitler as trancou nas fazendas de criação para parir arianos; Mussolini atribuiu às mulheres o papel de barriga para aumentar a demografia italiano; Franco e Pinochet as confinaram nas igrejas e salas de parto.

9 . O fascismo é anti-intelectual. Todas as vanguarda do século passado foram progressistas: a relatividade, o expressionismo, o dadaísmo, o surrealismo, o construtivismo, o cubismo, o existencialismo e a nova figuração. Tratou todas, com exceção do Futurismo, como “arte degenerada” .

O fascismo não inventa nada, mas recicla. Só acredita no ontem, mas um ontem imaginário, que nunca existiu. O fascismo assassinou Matteotti, prendeu Gramsci, fuzilou García Lorca e deixou morrer na prisão Jose Hernandez. Pinochet assassinou Victor Jara.

Quando ouço falar de cultura, puxo minha arma, disse Goering. Quando ouvimos falar sobre o fascismo, vamos sacar a nossa cultura.

*Via http://www.rodrigovianna.com.br/

sábado, 22 de fevereiro de 2014

TRAVESSIA




*Milton Nascimento - Travessia

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Há um "golpe em gestação" para tomar o petróleo da Venezuela, diz embaixador no Brasil




Diego Molero, ex-ministro da Defesa, diz que grupos de ultra-direita estão sendo financiados pelos EUA para derrubar Maduro

O embaixador da Venezuela no Brasil, Diego Molero (foto), entra em seu escritório, na embaixada venezuelana em Brasília, segurando dezenas de cópias de montagens feitas com fotografias, disseminadas pela web. “Veja: essas fotos não foram tiradas na Venezuela, mas em países como Egito, Chile e até o Brasil”, fala, enquanto passa as páginas, antes de começar a entrevista exclusiva com Opera Mundi.

O diplomata, com uma carreira militar de mais de 35 anos, recebeu Opera Mundi para comentar a atual onda de violência na Venezuela, desatada após três pessoas morrerem e mais de 60 ficarem feridas durante uma manifestação da oposição em Caracas, em 12 de fevereiro. Na conversa, repudiou a ação do que chama de grupos radicais, liderados principalmente pelo dirigente opositor Leopoldo López, do partido Vontade Popular, detido nesta terça-feira (18/02). (...)

CLIQUE AQUI  para continuar lendo (via Opera Mundi).

Venezuela



O Partido dos Trabalhadores (PT), diante dos graves fatos que vêm ocorrendo na República Bolivariana da Venezuela, torna público o que segue:

1. Condenamos os fatos e ações com vistas a desestabilizar a ordem democrática na Venezuela; rechaçamos ainda as ações criminosas de grupos violentos como instrumentos de luta política, bem como as ações midiáticas que ameaçam a democracia, suas instituições e a vontade popular expressa através do voto. Lembramos que esta não é a primeira vez que a oposição se manifesta desta forma, o que torna ainda mais graves esses fatos.

2. Nos somamos à rede de solidariedade mundial para informar e mobilizar os povos do mundo em defesa da institucionalidade democrática na Venezuela, fortalecer a unidade e a integração de nossos povos.

3. Nos solidarizamos aos familiares das vítimas fatais fruto dos graves distúrbios provocados, certos de que o Governo Venezuelano está  empenhado na manutenção da paz e das plenas garantias a todos e todas cidadãos e cidadãs venezuelanas.

São Paulo, 18 de fevereiro de 2014.

Rui Falcão

Presidente Nacional do PT

Mônica Valente

Secretária de Relações Internacionais do PT

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Convite recebido




*Convite  encaminhado pelo Deputado Estadual Raul Pont (PT/RS) ao Editor do Blog - que lá se fará presente, com muita honra! Será hoje, às 19 h,  no Sindicato dos Bancários, em Porto Alegre/RS. (Júlio Garcia)

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Brasil e Venezuela: a guerra da informação


Carmona e os gorilas em 2002: essa história de golpe na Venezuela é "teoria da conspiração"...

por Rodrigo Vianna*

São tristes, preocupantes, mas não chegam a surpreender as cenas de violência e confronto aberto na Venezuela. Nos últimos 6 anos, estive lá cinco vezes – sempre na função de jornalista. Há um clima permanente de conflagração.

As TVs privadas, com amplo apoio das classes médias e altas, tentaram dar um golpe em 2002 contra Hugo Chavez (sobre isso, há umdocumentário excelente – “A Revolução Não Será Televisionada”). Chavez resistiu ao golpe com apoio dos pobres de Caracas – que desceram os morros para apoiá-lo – e de setores legalistas do Exército. Desde então, o chavismo se organizou mais, criou uma rede de TVs públicas para se contrapor ao “terror midiático” (como dizem os chavistas), e se organizou  no PSUV (ainda que o Partido Comunista, também chavista, tenha preferido manter sua autonomia organizacional).
Jornais e meios de comunicação jamais tramaram golpes no Brasil com apoio da CIA...
É preciso lembrar que TVs e revistas brasileiras (Globo e Veja) comemoraram o golpe contra Chavez em 2002 – e se deram mal porque ele voltou ao poder 2 dias depois.

Nas ruas de Caracas, ano a ano, só senti o clima piorar. Confronto permanente. Acompanhei na região de Altamira, em Caracas, o ódio da classe média pelos chavistas. Com a câmera ligada, eles não se atrevem a tanto, mas em conversas informais surgiam sempre termos racistas para se referir a Chavez – que tinha feições indígenas, mestiças, num país desde sempre dominado por uma elite (branca) que controlava o petróleo.

O chavismo tinha e tem muitos problemas: dependia excessivamente da figura do “líder”, a gestão do Estado é defeituosa, há problemas concretos (coleta de lixo, segurança etc). Mas mesmo assim o chavismo significou tirar o petróleo das maõs da elite que quebrou o país nos anos 80. Além disso, enfrenta o boicote econômico permanente de uma burguesia que havia se apropriado da PDVSA (a gigante do Petróleo venezuelana).

O chavismo sobreviveu à morte de Chavez. O chavismo, está claro, não é uma “loucura populista” ou uma “invenção castrista” – como querem fazer crer certos comentaristas na imprensa brasileira. O chavismo é o resultado de contradições e lutas concretas do povo venezuelano – lutas que agora seguem sob o comando de Nicolas Maduro, que evidentemente não tem o mesmo carisma do líder original.

Vejo muita gente dizer que o “populismo” chavista quebrou a Venezuela. Esquecem-se que a economia venezuelana cambaleava muito antes de Chavez. Esquecem-se também que o tenente-coronel Hugo Chavez Frias não inventou a multidão nas ruas. A multidão é que inventou Chavez. A multidão precedeu Chavez. Em 89, o governo neoliberal de Andres Perez ameaçou subir as tarifas públicas – seguindo receituário do FMI. O povo foi pra rua, sem nenhuma liderança, no Caracazo (uma rebelião impressionante que tomou as ruas da capital).

O chavismo foi a resposta popular à barbárie liberal, foi uma tentativa de dar forma a essa insatisfação diante do receituário que vinha do Norte. Os responsáveis pela barbárie liberal tentam agora retomar o poder – com apoio dos velhos sócios do Norte. E nada disso surpreende…  

O que assusta é o nível dos comentários sobre a Venezuela nos portais de notícia brasileiros.

Há pouco, eu lia uma postagem do “Opera Mundi” (sítio de esquerda, mas hospedado no UOL). Quem tiver estômago pode conferir as pérolas dos leitores… Resumo abaixo algumas delas:

- “A VENEZUELA SERÁ PALCO DA PRIMEIRA GUERRA CIVIL PLANEJADA PARA A TOMADA DO PODER COMUNISTA NA AMÉRICA LATINA.”
“O chavismo conseguiu levar a Venezuela à falência. Um país sem papel higiênico e muita lambança comunista para limpar.”
- “Aquele pais virou um verdadeiro lixo, podia ser uma potencia de tanto petroleo que tem, mas o socialismo acabou com tudo. O que sobrou foi uma latrina gigante.”
- “Vai morar na Venezuela então , por mim os venezuelanos tem que matar o maduro.”
- “É fácil quando a eleição é manipulada. Maduro ganhou pq roubou a eleição como foi comprovado.”

Envenenados pela “Veja”, “Globo” e seus colunistas amestrados, esses leitores são incapazes de pensar por conta própria. Repetem chavões anticomunistas, e seriam capazes de implorar pela invasão da Venezuela pelos EUA.

Desconhecem a história da Venezuela pré-Chavez… Não sabem o que é a luta pela integração da América Latina – diariamente combatida pelos Estados Unidos.

Se Maduro sofrer um golpe, se os marines desembarcarem em Caracas, muitos brasileiros vão aplaudir e comemorar. Não são ricos, não são da “elite”. São pobres. Miseráveis, na verdade. Indigentes em formação. Vítimas da maior máquina de desinformação montada no Brasil: o consórcio midiático (Globo/Veja/Folha e sócios minoritários) que Dilma pretende enfrentar na base do “controle remoto”.

A América Latina pode virar, nos próximos anos, mais um laboratório das técnicas de ocupação imperialista adotadas no século XXI. Terror midiático, ataques generalizados à “política”, acompanhados de ações concretas de boicote e medo – sempre que isso for necessário.

Não é à toa que movimentos “anarquistas” e “contra o poder” tenham se espalhado justamente pelos países que de alguma forma se opõem aos interesses dos Estados Unidos.

O imperialismo não explica, claro, todos os problemas de Venezuela, Brasil, Argentina. Temos nossas mazelas, nossa história de desigualdade e iniquidade. Mas o imperialismo explica sim as seguidas tentativas de bloquear o desenvolvimento independente de nossos países.

A morte de Vargas no Brasil em 1954, a derrubada de Jacobo Arbenz na Guatemala no mesmo ano, e depois a sequência de golpes no Brasil, Uruguai, Argentina e Chile (anos 60 e 70) são exemplos desse bloqueio permanente. Não é “teoria conspiratória”. É a História, comprovada pelos documentos que mostram envolvimento direto da CIA e da Casa Branca nos golpes.

A Venezuela não precisou de golpes. Porque tinha uma elite absolutamente domesticada. Com Chavez, essa história mudou. A vitória de Chavez foi o começo da “virada” na América do Sul.

Os Estados Unidos e seus sócios locais empreendem agora um violento contra-ataque. Na Venezuela, trava-se nas ruas um combate tão importante quanto o que se vai travar nas urnas brasileiras em outubro. Duas batalhas da mesma guerra. E pelo que vemos e lemos por aí, o terror midiático fez seu trabalho de forma eficiente: há milhares de latino-americanos dispostos a trabalhar a favor da “reocupação”, da “recolonização” de nossos países.

Por isso, essa é uma guerra que se trava nas ruas, nas urnas e também nos meio de Comunicação. Uma guerra pelo poder nunca deixa de ser também uma guerra pelos símbolos, uma guerra pela narrativa e pela informação.

*Via http://www.rodrigovianna.com.br/  - grifos deste Blog

Deputados Heinze e Moreira denunciados por racismo, homofobia e incitação à violência

Plenarinho da Assembleia ficou lotado para reunião convocada pelo presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, Jeferson Fernandes (Foto: Marcelo Bertani/Agência AL-RS)

Por Marco Weissheimer*

Porto Alegre/RS - Sul21 - Na noite desta segunda-feira (17), o plenarinho da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul ficou totalmente lotado de representantes das categorias “que não prestam” – segundo a expressão do deputado federal Luiz Carlos Heinze (PP) -, em uma reunião da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, convocada pelo deputado estadual Jeferson Fernandes (PT) e pelo deputado federal Dionilso Marcon para tratar do tema. No início da reunião, Jeferson Fernandes, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos, apresentou novos trechos das declarações polêmicas dos deputados Heinze e Alceu Moreira (PMDB).

A fala de Heinze dura ao todo 28 minutos. Além de apontar os “que não prestam”, o parlamentar do PP cita a prisão da ativista gaúcha, Ana Paula Maciel, presa na Rússia após participar de um protesto do Greenpeace. “Lá tem justiça”, afirmou o deputado, defendendo que aqui se seguisse o exemplo da Rússia. Além disso, cita o nome da senadora Ana Amélia Lemos, dizendo que “ela é nossa candidata” (para as eleições ao governo do Estado de 2014) e que estava ali “falando em nome dela”.

Jeferson Fernandes lamentou que, um dia após a divulgação do vídeo nas redes sociais e na imprensa de um modo geral, os dois parlamentares reafirmaram o que disseram, acrescentando que não tinham nada contra gays, lésbicas, indígenas e quilombolas, numa combinação absurda. “Se não tomarmos providências, deputados poderão propagar ideias fascistas, racistas e homofóbicas de modo impune. Há grupos neonazistas que estão loucos por ter algum tipo de representação institucional. Esses deputados confiam na proteção da imunidade parlamentar, mas essa imunidade existe para defender os direitos fundamentais e não para atacá-los. Eles devem responder por vários crimes previstos na lei anti-racismo e na Constituição”, assinalou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia gaúcha, que protocolou uma denúncia junto ao Ministério Público Federal.

O deputado apresentou à Procuradoria da República, representação criminal contra os deputados Luiz Carlos Heinze (PP) e Alceu Moreira (PMDB) “pela prática de homofobia, racismo, injúria preconceituosa e incitação à prática de atos criminosos”. O presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos anexou à denúncia os vídeos com as gravações das falas dos deputados Heinze e Moreira, e também cópia da entrevista de Heinze ao jornal Zero Hora, onde ele reafirmou e ampliou a incitação a violência contra índios.

Não foi a única denúncia feita até agora. Representantes dos outros setores incluídos por Heinze na categoria dos “que não prestam” também protocolaram representações no MP Federal. Marcon assinalou que em novos trechos da audiência da fala dos parlamentares, a que tiveram acesso, Alceu Moreira ataca frontalmente o Ministério Público Federal. Jeferson Fernandes informou na reunião que o deputado federal Dr. Rosinha deverá protocolar uma representação contra os dois na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados.

Militante do movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) e integrantes da ONG Nuances, Celio Golin, advertiu para o avanço da extrema-direita em temas morais, na Europa e também no Brasil. Formado em pedagogia e especialista em educação, Zaqueu Key Claudino, da comunidade caingangue, informou que protocolou denúncia contra os dois parlamentares no Ministério Público Federal, em Passo Fundo. A Federação das Comunidades Quilombolas fez o mesmo, solicitando a cassação do mandato dos parlamentares por quebra de decoro.

Parlamentares do PT e do PCdoB participaram do ato. O deputado Raul Carrion (PCdoB) manifestou repúdio e indignação pelas declarações que, para ele, cometem crime de ódio, racismo e incitação à violência. Stela Farias (PT) lamentou o clima de naturalização da discriminação no Estado expresso, entre outras situações, em jogos de futebol, com jogadores e torcedores sendo chamados de macacos. O deputado federal Henrique Fontana defendeu que as falas sejam examinadas até as últimas consequências e prometeu se engajar neste processo. Líder do governo na Assembleia, Valdeci Oliveira, afirmou que as declarações de Heinze e Moreira expressam um projeto de poder e uma visão de mundo e é enquanto tal que devem ser combatidas.

A reunião ocorreu num clima de forte comoção, com intensa participação dos representantes das comunidades atingidas pelas falas. Indignação, disposição para enfrentar a discriminação e defesa de punição para os dois parlamentares do PP e do PMDB apareceram em praticamente todas as falas. Ao final da reunião, militantes dos movimentos envolvidos compartilhavam nas redes sociais os novos trechos das declarações de Heinze e Moreira, divulgadas no encontro.

*Fonte: http://www.sul21.com.br/  -- grifos deste Blog

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Agronegócio e indústria de armas estão entre os principais doadores das campanhas de Heinze e Alceu Moreira


Por trás da truculência exibida pelos deputados Moreira e Heinze em suas intervenções em uma audiência pública no município de Vicente Dutra, em 2013, há método, ideologia e financiadores.

Sul21 - por Marco Weissheimer - Uma boa maneira de entender as posições políticas defendidas por nossos parlamentares e governantes é dar uma olhada em suas prestações de contas eleitorais, especialmente no item “doações de campanha”. As relações de afinidade entre doadores e candidatos nem sempre são diretas e automáticas. É comum grandes empresas doarem para candidatos de diferentes orientações políticas, mas elas costumam ter lá suas preferências. Mas, se é verdade que o alinhamento de posições nem sempre é direto e automático, também é verdade que, raramente, o candidato, eleito para um parlamento ou governo, baterá de frente contra os interesses de seus principais financiadores. Essa é, aliás, uma das principais razões que explica o conservadorismo dos parlamentos brasileiros, em nível municipal, estadual e federal. As campanhas eleitorais são cada vez mais caras e os grandes financiadores têm seus candidatos preferidos.

Vejamos o caso dos deputados federais Luiz Carlos Heinze (PP) e Alceu Moreira (PMDB), que viraram notícia esta semana pelas declarações que fizeram contra indígenas, quilombolas, gays e lésbicas (incluídos por Heinze na categoria de “tudo que não presta”) e em defesa da formação de milícias privadas armadas por parte dos agricultores para enfrentar “invasões de indígenas e quilombolas”. Quando olhamos quem foram os doadores das campanhas dos dois deputados em 2010, fica mais fácil entender seus posicionamentos políticos. Entre seus principais doadores estão indústrias e empresas do setor do agronegócio; empreiteiras; setor financeiro e indústria de armas. Há doadores privados importantes também, como a senadora Ana Amélia Lemos que doou 50 mil reais para a campanha de seu correligionário Heinze.

A prestação de contas da campanha do deputado Heinze em 2010 aponta uma arrecadação superior a um milhão e meio de reais (R$ 1.557.728,41). Entre as principais doações que recebeu, destacam-se as seguintes, pela ordem de valor:

SLC Agrícola S/A – R$ 150.000,00
Bunge Fertilizantes – R$ 70.000,00
Ana Amélia Lemos – R$ 50.000,00
Cosan S.A. Ind. e Com. – R$ 50.000,00
JBS S/A (Friboi) – R$ 50.000,00
Seara Alimentos S/A – R$ 50.000,00
Gerdau – R$ 50.000,00
Associação Nacional da Indústria de Armas – R$ 30.000,00
Máquinas Agrícolas Jacto S/A – R$ 30.000,00
Camil Alimentos S/A – R$ 20.000,00
Fibria S/A – R$ 20.000,00
Klabin S/A – R$ 20.000,00
Marasca Cereais – R$ 20.000,00
CMPE Celulose Riograndense – R$ 16.632,66
Yeda Crusius – R$ 9.000,00

Já a campanha do deputado Alceu Moreira foi mais singela, gastando apenas R$ 877.428,59. Mas o perfil dos doadores é similar ao da campanha de Heinze. Entre os principais doares da campanha de Moreira, aparecem:

Bracol Holding Ltda. – R$ 100.000,00
Gerdau – R$ 60.000,00
CMPC Celulose Brasil – R$ 53.855,31
Construtora Giovanella – R$ 30.000,00
Associação Brasileira de Sementes e Mudas – R$ 20.000,00
Fibria Celulose S/A – R$ 20.000,00
Construtora e Pavimentadora Pavicom – R$ 20.000,00
Associação Nacional da Indústria de Armas – R$ 20.000,00

A prestação de contas completa dos dois deputados, com a lista completa de doadores pode ser consultada na página do Tribunal Superior Eleitoral.

Os números acima mostram a importância do projeto que está sendo votado no Supremo Tribunal Federal (STF), determinando o fim das doações de pessoas jurídicas nas campanhas. Não vai resolver todos os problemas da democracia brasileira, mas exigiria uma mudança significativa no perfil de financiamento das campanhas. Os mesmos números ajudam a entender também porque a Reforma Política, entra ano e sai ano, não avança no Congresso. O atual modelo de financiamento de campanhas alimenta um modelo de lobby que favorece amplamente o grande capital. Ajuda a entender, por exemplo, por que a bancada do agronegócio é imensamente superior à bancada dos trabalhadores rurais e urbanos, agricultores familiares, quilombolas, gays, lésbicas, indígenas e outras categorias que, na definição do deputado Heinze, “não prestam”.

Por trás da truculência exibida em suas intervenções em uma audiência pública no município de Vicente Dutra, em 2013, há método, ideologia e financiadores. Não são manifestações isoladas de desequilibrados, mas sim a face mais troglodita de uma visão de mundo que não reconhece a existência de índios, quilombolas, gays e lésbicas. Ou melhor, até reconhece, desde que eles não venham “meter o pé na nossa terra”. As prestações de contas das campanhas desenham essa ideologia com contornos nítidos e muito didáticos.

Declarações de Heinze e Moreira serão tema de debate público na Assembleia

O Presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado Jeferson Fernandes, e o deputado federal Dionilso Marcon, membro da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos da Câmara Federal, convidam para um debate público sobre a violação dos direitos humanos presentes nas declarações dos deputados federais Luiz Carlos Heinze (PP) e Alceu Moreira (PMDB) contra quilombolas, indígenas, gays e lésbicas.

O objetivo do encontro é articular as representações institucionais e os movimentos sociais no repúdio às declarações e no enfrentamento, com ações concretas, das ameaças de retrocesso nos direitos humanos que partem de determinados segmentos sociais.

O debate será realizado na próxima segunda-feira, dia 17 de fevereiro, às 18 horas, na sala João Neves da Fontoura, Plenarinho, 3º andar da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (Praça Marechal Deodoro, 101 - Porto Alegre/RS). 

*Via http://www.sul21.com.br/ ** Grifos deste Blog

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Black blocs ruralistas




Por Elvino Bohn Gass*

O vandalismo mascarado é a marca da tática de guerrilha urbana black bloc. Tapam o rosto por uma razão óbvia: sabem que o que fazem é ilegal.

Certo, no atual sistema político brasileiro, de maioria eleita pelo poder econômico, nem tudo que é legal é justo. Não decorre disso autorização para a depredação do que estiver pela frente. Porque há, sim, no Brasil, um Estado de direito que, se não atende a todas as necessidades da população, de outra parte – e isto é notório no governo Dilma – cada vez mais amplia espaços, instituições e canais de acesso aos serviços públicos e os qualifica.

Para os black blocs, nada disso importa. Eles desprezam o caminho democrático optando pela ação direta de enfrentamento a tudo o que se interpuser aos seus objetivos (que, aliás, quais são mesmo?). Socialmente, o fenômeno até pode ser complexo, mas sua consequência é simples. E trágica. A mais nítida atende pelo nome de Santiago Andrade, cinegrafista que, atingido por um rojão black bloc, perdeu a vida.

Há lições neste sofrível episódio. E a primeira é: nenhuma luta será vitoriosa se, para alcançá-la, se pisotear a democracia.

Mas recentemente, a pretexto de defenderem o direito dos agricultores ante a imposição legal (e cuja justeza deve ser ainda melhor avaliada) de demarcação de terras indígenas, dois deputados gaúchos agiram como black blocs. Incitando à desobediência, sugeriram aos agricultores que formem milícias e impeçam os agentes da lei de agir.

O que os justifica? A ideia de que há, no Brasil, inclusive com a cumplicidade do Conselho Indigenista Missionário, portanto, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, uma orquestração de índios, quilombolas, gays, lésbicas (o que, na opinião de um deles, seria “tudo o que não presta”) contra os trabalhadores rurais. Uma estultice de fazer inveja ao mais desequilibrado dos black blocs.

Quem jura defender a Constituição e incita o ódio pregando ação armada a um só tempo rasga a lei e desonra sua palavra. Ninguém deve fazer isso. E muito menos, em nome da bravura sempre pacífica de homens e mulheres do campo, disseminar violência, preconceito e xenofobia. O estímulo a tais vergonhas renega e macula a própria história de lutas da agricultura familiar. Ou alguém acha que o uso do termo “colono” como sinônimo de sujo, feio e sem instrução não é obra da mais pura discriminação?

Em nome desses lutadores sociais, entre os quais me incluo porque com eles estive sempre, não se cometerão crimes ou se espalhará a dor e o ódio. Homens e mulheres da terra sabem o valor da igualdade. Lutaram e ainda lutam por isso. Quem preferir outro mundo, que assuma o crime propagado. Mas não em nosso nome.


*Elvino Bohn Gass  é  Deputado federal (PT-RS) e secretário agrário nacional do PT

-via http://portal.ptrs.org.b/  -- (charge do Lattuf)

Petistas locais querem Sérgio Marion como candidato a deputado estadual





Santiago/RS - Um grupo de militantes do Partido dos Trabalhadores de Santiago divulgou ontem manifesto apoiando o nome do vereador Sérgio Marion para disputar uma cadeira para a Assembléia Legislativa gaúcha nas eleições deste ano, sugerindo ainda que o mesmo faça uma 'dobrada' com o atual Secretário de Justiça Fabiano Pereira (de Santa Maria), que deve concorrer a deputado federal pelo partido. Segundo os mesmos (dentre os quais se destaca Jorge Camargo, que concorreu a presidência do PT santiaguense no último PED, vencido por Chico Matos) "Sérgio Marion tem a vantagem de ser um nome novo na política santiaguense  e regional e conta com a simpatia e o reconhecimento da comunidade, atingindo segmentos além das fronteiras do Partido dos Trabalhadores. Além disso, há uma consciência de eleger um representante da região, comprometido com as causas populares e políticas para todos os segmentos sociais. Soma-se a isso, a questão de que um representante de Santiago, no mesmo partido do Governo Federal e Estadual, poderá carrear verbas para o município, independente da bandeira partidária da Prefeitura Municipal, alavancando o desenvolvimento e o fortalecimento de Santiago como cidade pólo e irradiadora de desenvolvimento para a região do Vale do Jaguari."

Consultado por este Blog, o vereador Sérgio Marion ('Marionzinho', como é popularmente chamado, na foto acima com o Governador Tarso Genro) disse que se sente honrado com a lembrança; informou que foi 'pego de surpresa' com a indicação e que não teve tempo ainda de amadurecer uma posição, mas que  avaliará a indicação 'com carinho e responsabilidade', devendo a decisão ocorrer nos próximos dias.   (por Júlio Garcia)

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Os dois intocáveis da República




Por Luis Nassif*

É provável que Joaquim Barbosa deixe o STF (Supremo Tribunal Federal) em março. Há boatos sobre sua pretensão de disputar ou o governo do Distrito Federal ou uma senatoria pelo Rio de Janeiro.

Saindo, seus malfeitos serão corrigidos. O plenário se reunirá, analisará os abusos cometidos enquanto presidente da Suprema Corte, corrigirá o que for possível e tentará voltar à normalidade.

***

Suas últimas medidas – derrubando decisões do interino Ricardo Lewandowski - impedem que qualquer prefeitura do país reajuste o IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano).

Tome-se o caso de Florianópolis, há 16 anos sem reajustar seu IPTU. Todas as mansões à beira mar continuarão pagando IPTUs simbólicos, para poder pavimentar a carreira política de Barbosa. E serão paralisados todos os serviços públicos a serem financiados com esse aumento.

Qual a diferença de atitude do político populista mais desprezível, aquele cujo jogo consiste em comprometer receitas públicas para contentar a torcida e garantir os votos? Nenhuma.

***

É uma situação inédita, a do STF. Uma mesma geração acolhe dois dos mais polêmicos Ministros da história: Barbosa e Gilmar Mendes. Por conta da guerra fria instalada, o único poder capaz de barrá-los – a grande mídia – tornou-se cúmplice.

***

Gilmar é dono de uma biografia polêmica. Vale-se do prestígio de Ministro do STF para alavancar seus negócios à frente do IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público). E escuda-se na parceria com a mídia para gerar falsos escândalos, sempre que seus casos podem transbordar para a opinião pública.

Tinha relações estreitas com o ex-senador Demóstenes Torres e, enquanto presidente do STF, manteve como assessor o principal araponga de Carlinhos Cachoeira. Recentemente, vendeu para o Tribunal de Justiça da Bahia – que estava sob a mira do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e, agora, sob sua intervenção  – um projeto de curso no valor de R$ 10 milhões.

***

Na Operação Satiagraha, quando seu nome ganhou visibilidade, protagonizou dois episódios escandalosos: o grampo sem áudio (com Demóstenes Torres) e a falsa denúncia de grampo no Supremo. Conseguiu matar a operação.

Quando explodiu a CPI de Cachoeira, e seu nome voltou a ser mencionado, criou um novo falso escândalo – o encontro onde Lula supostamente teria intercedido pelos mensaleiros (encontro desmentido pelos dois presentes, Lula e Nelson Jobim). E a CPI foi abafada pelo julgamento da AP 470.

Quando auditoria do CNJ apura contratos sem licitação do TJBA, cria mais um fato sem consequência: a denúncia sem provas da tal “lavagem” de dinheiro na vaquinha para os mensaleiros.

Nada ocorre, tudo lhe é permitido.

***

De seu lado, Joaquim Barbosa atropela o Regimento Interno do STF para represálias sem justificativa contra políticos presos, impedindo-os de exercer seus direitos de trabalhar ou estudar fora do presídio. Derruba decisões de Lewandowski sobre diversos temas, pelo mero prazer do exercício do poder absoluto.

***

Um dos primados da ordem democrática é a inexistência de cidadãos acima da lei. Todos têm obrigação de cumprir rituais, subordinar-se a regimentos, aos limites impostos pela Constituição e pela lei e pelas normas da transparência pública.


Mas o país tem dois intocáveis.
...

*Jornalista - via http://jornalggn.com.br/ - Gravura: Blog do Saraiva