Por Juçara Vieira Dutra*
A revelação da trama golpista contra a nação e o povo brasileiro foi impactante, não exatamente pelo fator surpresa, mas, sobretudo, pelos papéis institucionais de seus mentores. O indiciamento dessas figuras por crimes de “abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa” dá a dimensão dos riscos para uma sociedade que ainda não acertou, adequadamente, as contas com o passado. Exemplo disso é a história contada no filme “Ainda estou aqui”, inspirado na vida e luta de Rubens Paiva, vítima da ditadura instalada em 1964.
Decorridos 60 anos do golpe de 1964, ainda precisamos superar os impactos dos denominados “anos de chumbo”, cuja inspiração foi um filme alemão, “Tempos de chumbo” que narra a história de duas irmãs, militantes políticas nos anos 1960. Apesar da violência ocorrida nos porões da ditadura, das mortes e desaparecimentos, foi somente em 2011 que o governo da presidenta Dilma instituiu a Comissão Nacional da Verdade para investigar graves violações dos direitos humanos ocorridos entre 1946 e 1988 (tendo como referência a promulgação das duas constituições). No RS, o governador Tarso Genro instituiu a Comissão Estadual da Verdade, em 2012, com a finalidade precípua de auxiliar a Comissão Nacional.
Assim, é imperioso que essa trama golpista seja, imediatamente, investigada e seus mentores responsabilizados, passando a mensagem de que a democracia é um dos valores mais caros à sociedade brasileira. O fato de que aqueles que deveriam promovê-la são os indiciados por atacá-la merece imediata e profunda investigação e correspondente responsabilização. Esta geração não pode produzir novos passivos para o futuro.
*Presidenta do PT/RS
-Via https://ptrs.org.br/
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