terça-feira, 5 de junho de 2012

Santiago/RS: A Hora do PT



Não terá chegado  a hora do PT encabeçar a chapa da oposição?

'Nas relações  políticas, como nas relações pessoais,  a via tem que ser de duas mãos'.

A 'unidade da oposição' em Santiago para 'derrotar os conservadores pepistas' (sucedâneos da ARENA e do PDS)  tem sido utilizado, especialmente nos últimos tempos, como uma espécie de 'mantra'   por setores que se arvoram como os detentores únicos da 'fórmula da vitória oposicionista', mas  desde que a chapa majoritária seja integrada pelo PMDB, PDT ou PSDB (não necessariamente nessa ordem, mas sempre com os mesmos). Para esses partidos   parece que  o Partido dos Trabalhadores serve apenas para apoiá-los eleitoralmente; o inverso, pelo que temos visto,  representa  para esses setores (pelo menos até o presente momento)  uma blasfêmia. Tem alguma coisa errada nessa seara...

Se fizermos um breve retrospecto,  analisando os últimos processos eleitorais municipais, veremos que  o Partido dos Trabalhadores  deu muito mais contribuição ao dito 'campo oposicionista/progressista' do que recebeu. Vejamos:

O PT santiaguense, é sabido por quem conhece minimamente a história política local, desde sua fundação (1981) tem participado ativamente de todos os pleitos ocorridos no municipio. Desde a campanha de 1982 (quando concorreu - para marcar posição e ajudar na construção do partido - com as candidaturas de Alziro Bandeira e Jorge Moleta, passando pela eleição de 1988, quando o PT já surpreendeu positivamente com  Edson Braga e Hegel Marcos da Silveira, deixando por apenas 33 votos de eleger sua primeira bancada na Câmara Municipal),  vinha então num processo de contínuo crescimento. Em 1992, no entanto, o partido, por  decisão tomada pela maioria de seu Diretório Municipal (eu exercia então  a função de Secretário Geral e o  partido era presidido pelo saudoso companheiro Aparício Gomes da Silveira), decidiu  não lançar candidato a prefeito  e apoiar  a candidatura do engenheiro agrônomo Vulmar Leite, então no PMDB. Do ponto de vista partidário, foi um equívoco, o PT mais uma vez deixou de eleger sua primeira bancada de vereadores. No entanto, ao apoiar na majoritária a chapa liderada por Vulmar/Rosado,  o PT contribuiu de forma decisiva para a vitória do PMDB/PDT,  ajudando a desferir, naquele momento,  uma pesada derrota no conservadorismo mais retrógrado da região. 

 Após a vitória da chapa liderada por Vulmar Leite (PMDB/PDT), no entanto,  a retribuição que aconteceu para o PT  foi nenhuma. Melhor dizendo, ao invés do PT ser convidado para integrar o governo,  dando sua contribuição para ajudar a viabilizar uma nova fase que pensava-se  estar se abrindo na vida política santiaguense, o PMDB resolveu que a melhor forma de retribuir o apoio do PT era ... cooptar alguns de seus quadros, um deles tendo inclusive sido 'brindado' ao assumir a Secretaria da Agricultura e Pecuária do município. Claro, para isso teve que mudar de partido,  trocando o PT pelo PDT. Bela recompensa tivemos. Mas isso foi, para o  PT, um aprendizado e tanto!

Na eleição seguinte (1996),  com o prefeito Vulmar Leite já no PSDB, o escolhido para concorrer a prefeito pela nova 'situação'  foi o advogado Paulo Rosado, do PDT.  O PT, então  sob a presidência do advogado e companheiro José Nunes Garcia (eu continuava exercendo a honrosa função de  Secretário Geral, a última gestão em que estive na direção do partido no município), decidiu -  corretamente - não ficar mais como coadjuvante e lançou as candidaturas dos companheiros Cândido Duarte e Ruben Finamor (para prefeito e vice, respectivamente). O resultado eleitoral obtido pelo PT nesse ano, se não foi expressivo, foi dignificante (mais de 2.000 votos), e o Partido dos Trabalhadores elegeu então sua primeira bancada de vereadores (Neomir Alcântara e Antônio Bueno).  A situação, devido aos erros cometidos no período em que esteve no governo e durante a campanha eleitoral,  perdeu as eleições para o PP, que retomou as rédeas do Executivo Municipal e nele mantém-se até hoje.  

Nas eleições de 2.000, o PT decidiu novamente concorrer em faixa própria, lançando a candidatura dos companheiros Neomir  Alcântara e   Jussara Machado. Novamente reprisou um resultado honroso e manteve sua bancada de dois vereadores. Mas quando, em 2004,  equivocou-se novamente e optou por não lançar candidatura, foi  severamente punido com a perda das cadeiras que detinha na Câmara, 'ajudado' ainda mais pela redução do número de vereadores (10) que foi efetivada na Câmara Municipal naquelas eleições, elitizando-a ainda mais.

Em 2008, já bastante fragilizado pelos revéses sofridos e - visivelmente -  sem a unidade necessária para enfrentar páreo tão exigente, o  PT volta a apresentar candidatura  própria (com Julio Prates e Vivian Dias). Mas, devido às dificuldades e equívocos verificados na campanha (que não cabe agora, neste artigo, analisar, mas que é sabido por quem acompanhou o embate eleitoral), colhe um resultado nas urnas  muito aquém do seu potencial, tanto para o Executivo quanto para a Câmara de Vereadores. Não é demais lembrar que, nessa última eleição,  setores 'oposicionistas' locais já utilizavam os mesmos métodos condenáveis na tentativa de desqualificar o PT (e seus candidatos), que alguns retomam agora  (vide postagem no blog apócrifo Santiaguito que - segundo informalmente divulgado na blogosfera -  é pilotado pelo tenente-coronel reformado  Itacir Flores, pré-candidato a vereador pelo PMDB).  Lamentável.

O  PT, por óbvio, não se deixará intimidar com esse tipo de ataque, assim como o PPL e, quiçá, o PDT e outros setores autênticos da oposição santiaguense que vierem a somar-se na organização da Frente Popular e Democrática - FPD,  já em fase avançada de construção.

Nas relações  políticas, como nas relações pessoais,  a via tem que ser de duas mãos.  Será que já não está na hora do PMDB e do PDT, especialmente, reverem essa posição hegemonista equivocada e, à exemplo do que fez o  Partido Pátria Livre - PPL, cuja liderança maior, o vereador Bianchini, retirou seu nome da disputa ao Executivo para contribuir na formação da Frente Popular e Democrática, possibilitando assim a abertura do caminho para a vitória da alternância e da renovação em Santiago? Por que a chapa majoritária da 'oposição' tem que ser integrada somente pelo PMDB/PDT - ou vice-versa? Como dissemos acima, tem alguma coisa errada nessa seara...

O momento político histórico que vivemos exige um outro tipo de postura. O PT ofereceu o qualificado e experiente nome do ex-vereador,  bancário e sindicalista Antônio Bueno (foto) para liderar a chapa majoritária.  A vaga de vice-prefeito permanece em aberto, possibilitando uma democrática negociação. Por que não apoiá-lo?  Melhor dizendo: por que não integrarem-se à FPD?

O vereador  Miguel Bianchini (que concorrerá à reeleição para a vereança pelo PPL, coligado com o PT) definiu muito bem o perfil do candidato oferecido pelo PT para unificar a oposição santiaguense: "O Bueno, além de ser um homem capaz, sério, idôneo e integro, conhece como ninguém os problemas da administração municipal, está ligado ao partido que governa o Estado e a Nação e representa a alternativa para a grande mudança em prol do crescimento e do desenvolvimento de Santiago. "

Santiago precisa, merece e pode sim marchar para a frente -  junto e alinhada politicamente com o governo Tarso e com o governo Dilma,  em busca de novos horizontes mais fecundos e promissores para o seu povo. O PT já contabiliza enormes acúmulos com excelentes administrações na Região, no Estado e no País, todas muito bem avaliadas pelos eleitores.  Antônio Bueno é experiente, sério, trabalhador,  está preparado e  motivado. O momento é dele, a responsabilidade de elegê-lo é de quem realmente tem compromisso com a mudança.  É o momento, portanto, de definições, de pensar grande, de  ver quem é quem  - e de que lado realmente se está...

É chegada a hora da oposição autêntica, do PT, do PPL e dos demais partidos que quiserem fazer parte desse processo histórico.  É chegada a hora de Antônio Bueno.

Por que não? 

(por Júlio Garcia)

Nenhum comentário:

Postar um comentário