sexta-feira, 11 de abril de 2025

‘Vou correr atrás dos votos’, afirma Rui Falcão sobre disputa de presidência do PT

Deputado Federal de SP anunciou que será candidato ao seu terceiro mandato como presidente do partido

Deputado Federal e candidato à presidência do PT, Rui Falcão (PT-SP). - Bruno Spada/Câmara dos Deputados

O deputado federal Rui Falcão (PT-SP) anunciou nesta quarta-feira (9) que vai disputar a presidência do Partido dos Trabalhadores (PT), na eleição interna que está marcada para 6 de julho. O petista já foi presidente da legenda de 2011 a 2017, e antes disso, de 1993 a 1994, quando conseguiu derrotar a corrente majoritária do partido, a Construindo um novo Brasil (CNB), da qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também faz parte.

Falcão pertence à corrente Novo Rumo, e terá como principal adversário na disputa interna o ex-ministro do governo Dilma Rousseff e ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, favorito da CNB. Além deles, outras duas pessoas apresentaram candidatura: Valter Pomar e Romênio Pereira.

Em entrevista ao Brasil de Fato, Falcão afirmou que sua candidatura busca promover o debate interno. Um dos desafios da candidatura, segundo ele, é o processo eleitoral interno e a prioridade de reeleger Lula em 2026. Falcão sugere que um processo de eleição indireta, com delegados, seria mais politizador.

“Eu preferia que houvesse um outro processo de eleição que não fosse simplesmente todo mundo votar, que tivesse um processo de debate político prévio, elegendo delegados, como nós já fizemos em outras ocasiões. Seria mais politizador, envolveria mais gente, mas o voto direto sempre é positivo e eu vou correr atrás dos votos. Esse é o maior desafio lado a lado com a nossa principal estratégia que é reeleger o Lula em 2026. Uma coisa tem que tá combinada com outra”, defendeu.

O parlamentar paulista comentou sobre sua estratégia para promover o retorno às raízes do partido, defendido por ele, em contraponto à posição de outras correntes internas, que defendem a superação da polarização e um “giro ao centro” em busca de ampliar o arco de alianças da legenda. Falcão defende uma comunicação que combine o uso de redes sociais com o contato direto com a população.

“As redes sociais são elementos poderosos em comunicação, mas essas redes também devem servir para impulsionar a organização partidária, para multiplicar as redes, mas também permitir o corpo a corpo, que é insubstituível. As pessoas querem também olho no olho, querem que você vá ao bairro, querem que você ouça os problemas concretamente. Então, é uma conjugação de redes e ruas de comunicação ativa e de luta social”, disse Falcão.

Entre as principais propostas do agora candidato, está o apoio do PT ao projeto que altera a escala de trabalho 6×1, à isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e a reeleição do presidente Lula em 2026.

O presidente Lula tem evitado comentar as eleições internas do partido. Cerca de 1,3 milhão de filiados deverão participar da eleição interna para a nova direção nacional do PT, em 6 de julho. 

*Editado por: Nathallia Fonseca - Fonte: BdF

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Redução da jornada de trabalho: 65% dos brasileiros apoiam a mudança

Entrevistados citam melhoria na qualidade de vida e na produtividade

   Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

Da Agência Brasil*

Um levantamento feito pela Nexus Pesquisa e Inteligência de Dados mostra que 65% dos brasileiros são favoráveis à redução da jornada de trabalho atual de 44 horas semanais. Segundo a pesquisa, 27% são contrários à diminuição; 5%, não são nem a favor e nem contra; e 3% não souberam responder.

Foram ouvidas presencialmente 2 mil pessoas com mais de 16 anos de idade, nas 27 unidades da federação. As entrevistas foram realizadas de 10 a 15 de janeiro de 2025.

De acordo com a pesquisa, os principais benefícios criados pela redução da jornada apontados pelas pessoas ouvidas foram:

Melhoria na qualidade de vida dos trabalhadores (indicado por 65% dos entrevistados)

Aumento na produtividade (55%)

Desenvolvimento social do país (45%)

Desenvolvimento econômico (40%)

Aumento da lucratividade das empresas e indústrias (35%)

Em relação à jornada de seis dias de trabalho por um dia de folga, a opinião dos entrevistados foi: 

54% contra

39%, a favor

4% nem contra nem a favor

3% não souberam responder

Especificamente perguntados sobre a Proposta de Emenda à Constituição conhecida como a PEC da escala 6×1, em análise na Câmara dos Deputados, que prevê a redução da jornada máxima de trabalho semanal para 36 horas, sendo 4 dias de trabalho e 3 dias de folga, sem a diminuição do salário, a opinião dos entrevistados foi: 

63% a favor

31% contra

4% nem contra nem a favor

3% não souberam responder

A maioria (42%) disse ainda que a alteração seria positiva para o país; 30%, negativa; 22%, não faria diferença; e 6%, não soube responder.

Caso a redução da jornada de trabalho se tornasse uma realidade, 47% afirmaram que utilizariam o tempo livre do trabalho para se dedicar à família; dedicar atenção à saúde (25%); fazer renda extra (22%); e investir em cursos e capacitações profissionais (17%).

*Via Sul21

terça-feira, 8 de abril de 2025

SANTIAGO/RS: PT SE POSICIONA SOBRE O DÉFICIT MILIONÁRIO DO FAPS E ABERTURA DE CPI

DIREÇÃO DO PT SANTIAGUENSE LANÇA NOTA ORIENTANDO VEREADOR JOEL CRESTANI, O DÉIO, A VOTAR CONTRA A REPACTUAÇÃO DO DÉFICIT DO FAPS* (HOJE MAIS DE MEIO BILHÃO DE REAIS**) E ASSINAR PROPOSTA DE CPI



*FAPS - Fundo de Aposentadoria dos/as Trabalhadores/as Municipais de Santiago-RS

 **Segundo informações do próprio Executivo Municipal

***Via WhatsApp

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Não seria saudável e urgente repensar os meios de comunicação?


Por Franklin Cunha*

“O capitalismo neoliberal não trata apenas da exclusiva acumulação de capitais, de poder e de liberdades, mas também utiliza e exerce essas três condições para negá-las à maioria das pessoas excluída do sistema” – Noam Chomsky

A expansão metastática da violência se constitui num dos vetores principais do processo de globalização. A guerra pela produção e pelos mercados não é paralisada pelos limites territoriais, temporais e muito menos pelos éticos. Uma vez desencadeada a luta selvagem para a obtenção do poder e dos lucros, não existem mais limites para a capacidade de destruição. O extermínio maciço, organizado e sistemático de populações indefesas, diluído numa tragédia enorme, incessante e infinda, tornam obsoletas as acadêmicas delimitações conceituais entre guerra civil, total, de guerrilhas, justas ou santas, genocídio, limpeza étnica, terrorismo ou corriqueiros latrocínios.

Só as tragédias nos comovem. E só as que nos tocam de perto. Quanto maior a ‘milhagem’, menos nos perturbam o número de mortes violentas causadas por fenômenos naturais ou por ações bélicas de quaisquer origens, aparentemente justificadas ou não. De aliviar nossos sentimentos de pena, culpa ou horror – não nos preocupemos -, disso a mídia se encarregará.

O capitalismo neoliberal não trata apenas da exclusiva acumulação de capitais, de poder e de liberdades, mas também utiliza e exerce essas três condições para negá-las à maioria das pessoas excluídas do sistema. E, nessa tarefa, a mídia exerce um papel fundamental ao ‘fabricar consensos’ manipulando fatos e publicando versões do que se passa no mundo, versões essas criadas nas redações dos editorialistas, que pensam rigorosamente como seus patrões e esses como seus poderosos anunciantes.

Há vinte e cinco anos, um livro chamado ‘Fabricando Consensos’, escrito por Noam Chomsky e Edward S. Herman, definiu o novo modelo dos meios de comunicação, o qual eles chamaram de ‘Modelo Propaganda’. Trataram de interpretar a estrutura dessas empresas comerciais cuja base de lucros são os anúncios, a propaganda que executam de qualquer produto ou ideia para quem mais lhes pagar. O livro revela a origem e a maneira de como são expostas as notícias, em geral originadas nas grandes agências noticiosas, que dominam o mercado e as redações dos jornais, revistas e TVs. Na realidade, elas ditam o pensamento de seus leitores e sua ideologia é profundamente conservadora, incentivadora de todos os regimes da direita política e da crença no mercado e na livre iniciativa. Procuram e conseguem influenciar a orientação econômica dos governos, sejam liberais ou liberticidas, fazem parte da política econômica, refletindo os desejos do grande capital nacional e transnacional, mas estão sempre disputando e arrancando generosos empréstimos, concessões e incentivos governamentais.

Zizek diz que ‘não pensamos, a mídia nos pensa’ e nos pauta. Há vários dias as manchetes de primeira página são as bombas da maratona de Boston, com três mortos e alguns feridos a lamentar. Quando os ‘drones’ americanos no Afeganistão assassinam famílias inteiras e incendeiam ônibus com crianças, tais fatos ocupam pequenas notas no interior dos jornais e apenas alguns segundos nas TVs. Essa orientação editorial da mídia revela entre outras coisas que ela está impregnada de ideias racistas, pois faz-nos parecer que vidas de cidadãos norte-americanos valem muito mais do que a vida de seres humanos dos países pobres ora invadidos e violentados pela máquina bélica e comunicacional do Império.

Enfim, os meios de comunicação fazem parte de um complexo financeiro, econômico e ideológico, verdadeira tropa de choque de interesses de grupos econômicos que dominam as finanças globalizadas, sejam elas de origem clara ou mesmo claramente obscuras.”

(*) Franklin Cunha, médico e escritor, em ‘Ensaios Contemporâneos’, Porto Alegre, AGE, 2014)

franklincunha1933@gmail.com

**Fonte: Jornal Brasil Popular

...

***Nota deste Editor: Esse artigo que reproduzimos acima data de 2014, mas continua atualíssimo. (J.G.)

quinta-feira, 3 de abril de 2025

Quaest: Lula lidera todos os cenários de segundo turno

 


Um dia após a divulgação dos números da avaliação do governo federal, a pesquisa Genial/Quaest aponta que o presidente Lula (PT) lidera todos os cenários de segundo turno para as eleições de 2026. O cenário mais apertado é na disputa contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, em que o petista aparece com 44% contra 40%, diferença no limite máximo da margem de erro.

Além do cenário entre Lula e Bolsonaro, foram medidas as intenções de voto do presidente contra outros 7 adversários (ver quadro abaixo). A disputa mais próxima seria contra a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), com vantagem de 44% a 38% para Lula. (...)

*CLIQUE AQUI para continuar lendo (via Sul21)

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Oposição denuncia vereadores de Porto Alegre ao MPF por apologia à ditadura militar

Mariana Lescano (PP) e Coronel Ustra (PL) defenderam o regime militar no plenário da Câmara

   Giovani Culau repudiou as falas | Foto: Fernando Antunes/CMPA

Os partidos de oposição da Câmara Municipal de Porto Alegre anunciaram que entrarão com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra os vereadores Coronel Ustra (PL) e Mariana Lescano (PP) em razão de falas durante a sessão plenária desta segunda-feira (31) que consideram configurar apologia à ditadura militar. 

Ustra, que utiliza o nome de seu familiar fazendo referência ao Cel. Brilhante Ustra, o único militar da ditadura que foi reconhecido como torturador, saudou o dia 19 de março, quando ocorreu a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que antecedeu a intervenção militar no País. Ele defendeu o período do regime militar e a anistia aos réus do 8 de janeiro. “Se em 1964 o Brasil escolheu a liberdade, hoje temos o dever de continuar essa luta”, afirmou. 

Já Mariana Lescano afirmou que o regime militar foi uma revolução democrática. “Nós temos que lembrar que foi um pedido do povo brasileiro, que não queria que o comunismo se instaurasse no Brasil”, disse. Ela afirmou ser contra o totalitarismo e a ditadura e que, “por mim existiria a proibição de ter um partido comunista no Brasil”. E ainda pediu por anistia aos réus do 8 de janeiro, afirmando que hoje se vive um regime totalitário onde, “se tu pedir voto impresso, é ato antidemocrático. Se tu criticar a suprema corte, atentado à democracia. Se tu protestar contra o governo, é golpe de estado”. 

*Com informações da CMPA. 

Os vereadores de oposição repudiaram as falas, inclusive ainda durante a sessão, acusando os Ustra e Lescano de fazer apologia à tortura ditatorial e apoiar o ato antidemocrático do 8 de janeiro. Também apontaram que as manifestações atentam contra o regime democrático e configuram crime na legislação penal brasileira. 

“As declarações desses parlamentares não são apenas um atentado à memória dos que lutaram contra a ditadura, mas também um grave desrespeito à Constituição Federal, que condena expressamente qualquer forma de apologia ao regime militar e à tortura”, diz Natasha Ferreira, líder do PT. 

Giovani Culau (PCdoB) leu o relato de uma militante política torturada durante o regime militar no Brasil, sob comando do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. “Não houve revolução em 1964, houve um golpe, que matou, torturou e cassou mandatos parlamentares, inclusive nessa cidade”. Também chamou de “nojenta” e “horrorosa” a manifestação do vereador, afirmando que não pode ser concedida anistia aos réus do 8 de janeiro, por conta dos vestígios do regime militar na sociedade.

**Fonte: Sul21

terça-feira, 1 de abril de 2025

Da ditadura ao bolsonarismo: Brasil busca por justiça após Bolsonaro se tornar réu pelo STF

 


Em meio a aniversário do golpe de 1964, país celebra decisão histórica do STF que pela primeira vez vai julgar golpistas. (...)

*CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via Brasil de Fato).

Comissão de Anistia elogia declaração de Lula sobre golpe de 1964 e pede medidas educativas sobre memória histórica

 

   Lula - 18/03/2025 (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

247* - A presidente da Comissão de Anistia, Ana Maria Lima de Oliveira, elogiou a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de romper o silêncio sobre o golpe militar de 1964 e pediu para o governo implementar mais medidas de educação e memória histórica. A informação é da coluna Painel do jornal Folha de S.Paulo. Desde o início de seu terceiro mandato, Lula e os comandantes das Forças Armadas evitavam fazer referências públicas ao golpe, que completou 61 anos. 

Nesta segunda-feira (31), o presidente publicou em suas redes sociais uma mensagem na qual mencionou que “ameaças autoritárias, infelizmente, ainda insistem em sobreviver”. 

Para Ana Maria Lima de Oliveira, a mudança de postura tem relação direta com os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, que culminaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília. 

A procuradora federal aposentada defendeu que o governo adote mais políticas de memória, frisando a importância da educação para evitar a repetição de fatos como o golpe militar de 1964.

*Via Brasil 247

BLOG 'O BOQUEIRÃO ONLINE' ESTÁ DE VOLTA COM SUAS POSTAGENS

O Boqueirão Online

Blog de notícias, política, artigos, cultura, entrevistas, variedades, opiniões... y otras cositas más! (Santiago/RS e Região)  


Prezados/as leitores/as e amigos/as, depois de uma prolongada "pausa" (motivada por problemas de ordem técnica que este Blog enfrentou), estamos retornando com nossas postagens, esperando que os citados "problemas técnicos" não venham a repetir-se (pelo menos com tanta intensidade como tivemos nos meses de fevereiro e março, especialmente).

Desde já, fica aqui nosso agradecimento pela leitura e nossas escusas pela pausa involuntária.

Saudações,

Blog O Boqueirão Online

quarta-feira, 12 de março de 2025

Gleisi toma posse saudando governos do PT: ‘Nosso projeto é vencedor e vai continuar vencendo’*

 



Presidente Lula empossou ex-presidenta da sigla como articuladora política e realocou Alexandre Padilha na Saúde.

CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via Blog do Júlio Garcia)

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Parlamentarismo de achaque e pilhagem

 

 

No discurso de posse como presidente da Câmara dos Deputados, o deputado Hugo Motta evocou nada menos que 14 vezes o nome de Ulysses Guimarães. 

Engana-se, no entanto, quem interpreta tal evocação como sinal de compromisso fervoroso do herdeiro de Cunha e Lira com a democracia e com a convivência republicana entre os poderes. E, tampouco, como sinal de compromisso com a decência pública. (...)

*CLIQUE AQUI para ler na íntegra a postagem de Jeferson Miola (via Viomundo e Blog do Júlio Garcia)

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Coluna Crítica & Autocrítica - nº 238**


Por Júlio Garcia**

*TRUMP E A FÚRIA DOS PARASITAS - Pela relevância, compartilho desta feita  mais um importante artigo assinado pelo conceituado economista e mestre em linguística Jair de Souza, do RJ (via Brasil247). Leiam a seguir:

“Com a posse de Donald Trump no comando do império estadunidense pudemos constatar que, entremesclado com seus vários arroubos neocolonialistas, imperialistas e racistas, ficou evidente sua imensa fúria contra aqueles que propõem que o dólar deixe de desempenhar o papel de moeda base para o comércio internacional.

Entretanto, por mais que nos seja desagradável a ideia, somos forçados a admitir que, do ponto de vista do recém-empossado presidente, assim como dos que compartilham de seus interesses, há fundadas razões que justificam esse posicionamento.

É que Trump sabe muito bem que não há nenhuma, repetindo com ênfase para que não reste dúvidas, NENHUMA possibilidade de que os Estados Unidos mantenham sua hegemonia no mundo sem contar com a possibilidade de ter sua própria moeda funcionando como meio de pagamento aceito e válido de maneira generalizada.

Assim, para sua própria sobrevivência como capitães indiscutidos no campo geopolítico do imperialismo, é imprescindível que o dólar siga operando como essa varinha mágica que consegue transferir ao resto do mundo todos os gigantescos custos incorridos pelo império para salvaguardar seu poderio e comando.

Sem dispor desta fabulosa ferramenta, os Estados Unidos teriam que voltar a depender de seus próprios esforços produtivos para alcançar êxito na arena internacional. Como já nos aventuramos a mencionar em outras oportunidades, em termos de eficiência netamente econômica, os Estados Unidos já foram superados com larga margem por outras potências. Em comparação com a agilidade e eficiência da República Popular da China, por exemplo, a máquina produtiva dos Estados Unidos se assemelha a uma carroça puxada por cavalos capengas.

Mas, na atualidade, há dois pontos que servem de sustentáculos para a permanência dos Estados Unidos como a potência que dá as cartas na definição dos destinos da humanidade:— sua esmagadora hegemonia em termos militares, com mais de 900 bases espalhadas pelos pontos mais estratégicos de todos os continentes; e — amplíssimo controle dos meios de comunicação, o que lhes permite travar guerras informacionais (ou melhor, desinformacionais) para fazer valer o peso de seus interesses.

No entanto, os dois pontos cruciais acima referidos só podem subsistir em função de um terceiro: a possibilidade de que sua própria moeda sirva como instrumento geral para a consecução das transações econômicas realizadas entre as diferentes nações do planeta. Em consequência, é este último ponto que atua como o baluarte na defesa da supremacia estadunidense em relação a todos os demais países do mundo, a despeito de seu enorme PARASITISMO. Por isso, é inteiramente compreensível que Donald Trump se revolte contra os que ousam tocar no assunto da desdolarização da economia mundial.

Ele sabe muito bem que isto equivaleria a um chute na canela do imperialismo, uma inviabilização da sustentação financeira de toda a aparelhagem que dá aos Estados Unidos o poderio de amedrontar a seus adversários e até mesmo a seus aliados, de maneira a fazer prevalecer sempre o que mais lhes convém.

Portanto, não há motivos para não concordar com a conclusão de que Trump está certo em seu diagnóstico sobre a ameaça que paira sobre os Estados Unidos quando se insinua a necessidade de eliminar o dólar como moeda básica do comércio internacional. Para ele e para todos os que defendem a manutenção da exploração imperialista, a verdade não poderia ser mais cristalina. Agora, nossas palavras contrárias à continuidade desta aberração devem ser direcionadas ao restante do mundo, ou seja, à grande maioria da humanidade.

Somos nós os que nos devemos convencer de que não é possível haver justiça e harmonia enquanto persistir este inaceitável mecanismo de transferir para as costas dos espoliados todas as gigantescas despesas em que o imperialismo incorre para manter em funcionamento a máquina-de-morte e opressão construída com o objetivo de impor seus desígnios sobre todos os demais povos da Terra.”

...

**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, ecologista, 'poeta bissexto', articulista e midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT (Nacional e Estadual). Integrou a primeira direção da 1ª Zonal do PT de Porto Alegre e o Diretório Estadual do PT/RS. Também foi Secretário Geral do PT de Canoas/RS, assim como fundador e Presidente do PT de Santiago/RS.

-Coluna originalmente publicada no Jornal A Folha (em 31/01/2025), do qual é Colunista (circula em Santiago/RS e Região). --Charge acima via BdF

domingo, 26 de janeiro de 2025

Sobre o filme 'Ainda Estou Aqui'! - Coluna Crítica & Autocrítica - nº 237*

 


Por Júlio Garcia**

*"NÃO FOI POUCA COISA' - Compartilho,  pela relevância (e identificação com o conteúdo), esse importante artigo (cujo título abre esta Coluna), assinado pelo colega advogado  Marco Túlio de Rose: 

"A conquista de Fernanda Torres tem um grande significado artístico. Para ela, que venceu uma disputa contra Angelina Jolie, Kate Winsle, Nicole Kidman e Tilda Swinton, o que antecipadamente parecia tarefa apenas para a Mulher Maravilha. 

Para o Cinema Brasileiro que está mais que na hora de receber a merecida atenção dos exibidores, do público e do Estado,  esse em desagravo à orda constitutiva do governo anterior, que mentirosamente o anatematizou como integrado por um grupo de aproveitadores dos cofres públicos. 

Mas, acima de tudo, o reconhecimento internacional do filme de W. Sales tem um maior significado para uma nova geração que foi e é bombardeada, por uma mistificação do período ditatorial como uma época boa, nem tão ditatorial assim. 

O filme e a soberana atuação de Fernanda começam a repor a verdade no lugar. Não foi boa, pois em troca de um ilusório período de prosperidade para alguns, muitos foram presos, torturados e mortos, uma geração viu castrado seu direito  de manifestação política e a censura impedia que se visse até espetáculos de balê. Foi um tempo de trevas que infelizmente se viu ameaçado de ser reproduzido por um governante macabro que cuspiu no retrato de Rubens Paiva e fez profissão pública de louvor a um dos maiores torturadores do período ditatorial. 

O filme que deu o prêmio a Fernanda repõe as coisas no lugar, demonstrando a podridão de um regime que invade sem autorização um lar, sequestra e mata um dos seus integrantes e ainda coloca numa prisão incomunicável outra integrante da família, família esta que apenas não se desintegrou pela resiliência de Eunice que personificou as verdadeiras “chefes de família” deste País que são suas mulheres. 

A família de Rubem, Eunice e Marcelo sempre foi uma das famílias mais queridas deste País sobrevivente. A sua representação na tela pelas duas Fernandas tem um simbolismo muito especial. Pois os Torres Montenegro, não esquecendo Fernando, sempre estiveram, com serenidade e sem ódio, mas com firmeza, do lado dos que lutam pela beleza, justiça e verdade na sociedade brasileira.

Ver isto ser reconhecido internacionalmente é vitória brasileira do tamanho de um Povo!"

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**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, ecologista, 'poeta bissexto', articulista e midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT (Nacional e Estadual). Integrou a primeira direção da 1ª Zonal do PT de Porto Alegre e o Diretório Estadual do PT/RS. Também foi Secretário Geral do PT de Canoas/RS, assim como fundador e Presidente do PT de Santiago/RS. -Coluna originalmente publicada no Jornal A Folha (em 24/01/2025), do qual é Colunista (circula em Santiago/RS e Região).

Sem trabalho de base não há transformação de fato*

 

Fotos: Tuane Fernandes, Bruna Piazzi e Pedro Muniz/Mídia Ninja


Por Jair de Souza*

Por mais que se procure dizer que não, as questões de caráter econômico sempre foram, são e continuarão sendo o fator determinante para impulsar mudanças estruturais em uma sociedade ou, por outro lado, para justificar os esforços no sentido de manutenção do status quo. 

Porém, via de regra, tão somente as classes dominantes e seus representantes teóricos demonstram ter plena consciência disto. 

As classes subjugadas, pelo contrário, costumam carecer de plena compreensão das causas reais de seu estado de penúria e suas dificuldades para levar adiante uma vida digna. 

E o grande confronto que as forças populares devem travar para almejar ter êxito em sua luta por efetivar transformações nas bases de um sistema como o capitalista está relacionado com o enigma de como coadunar os embates diretamente relacionados com pautas de cunho socioeconômico com aquelas de outra índole, com as quais os exploradores tratam de manipular os subjugados. 

Todo revolucionário com um mínimo de embasamento teórico tem plena consciência de que as tais pautas ditas morais são meras enganações, que visam ludibriar as massas populares. Mas, deveríamos por isso fugir das mesmas e centrar fogo tão somente naquilo que consideramos representar as questões que, de verdade, merecem ser debatidas? 

Bem, se isto fosse algo que dependesse tão somente de nossa própria escolha, não teria nenhuma relutância em responder afirmativamente. 

No entanto, por mais que nos desagrade, aqueles que detêm a hegemonia econômica de nosso país sabem muito bem manipular com os preconceitos enraizados na mente de nossa gente mais espoliada. 

Por isso, seu objetivo nunca vai ser deixar que nosso povo possa debater e decidir sobre se lhe é mais ou menos conveniente que os níveis salariais sejam elevados, que o atendimento médico público seja ampliado e melhorado, que as escolas funcionem verdadeiramente como entes formadores de uma cultura liberadora, e outros temas na mesma linha. 

É evidente que para os grandes banqueiros, para os rentistas especuladores em geral, para os senhores do grande capital agroexportador, para os comandantes das empresas-igrejas que trabalham para a prosperidade e o domínio de seus próprios donos, para essa gente toda é muito mais conveniente que as massas populares se digladiem e se matem em função de um imaginário kit-gay, ou de um hipotético banheiro unissex, ou seja, que empreguem suas energias, e descarreguem toda sua bronca internalizada contra esse tipo de coisas. 

O que lhes é absolutamente inadmissível é que essa fúria e essa frustração sejam direcionadas contra pontos que ameacem afetar o que é de mais sagrado para nossas classes dominantes: sua riqueza e o poder e privilégios dela advindos. 

A pergunta que nos acomete de imediato é: como lidar com tal situação em que impera a desinformação e a falta de consciência. Por mais banal que venha a soar, a resposta é direta: levar informação e dotar de consciência a nossas massas populares. 

Agora, a maneira de efetivar esta tarefa aparentemente tão simples é o que vem a ser, de fato, a questão crucial. Sua consecução exige e depende de um sentido de luta imbuído de muita paciência, dedicação e persistência, para realizar a única coisa que ao longo do tempo vem demonstrando ser um remédio quase que milagroso para dotar as massas de consciência política: dedicar-se de verdade ao trabalho de base. 

Lamentavelmente, nos últimos anos, aquilo que era uma consagrada tradição das forças de esquerda, passou a ser muito mais uma característica da extrema direita de cunho nazifascista. 

E antes de avançar na explicação, é preciso que deixemos sempre evidente que, em política, o termo “esquerda” se relaciona com os interesses das maiorias trabalhadoras, ao passo que “direita” tem a ver com os das classes dominantes. Estes são e sempre foram os significados histórico-etimológicos destas expressões. 

A partir da chegada de Lula ao governo em 2003, o PT e muitas outras organizações políticas da base popular se afastaram do contato diuturno com as maiorias populares em seus locais de moradia e trabalho para se dedicarem com mais prioridade à luta institucional. 

Porém, como no universo político não há vácuo de longa duração, os espaços abandonados foram rapidamente ocupados por outras forças de sinal inverso. 

Foi assim que a extrema direita mais fascista e reacionária imaginável passou a fazer parte do cotidiano de nossas populações mais carentes através de igrejas-empresas de orientação neopentecostal que se autodenominam cristãs. 

Com a experiência de mais de três dezenas de anos no trabalho educacional junto a comunidades de nossas periferias, sinto-me impelido a dizer que sem o trabalho de base realizado pelas igrejas-empresas neopentecostais o fascismo brasileiro jamais teria significado nada que pudesse representar um sério risco de completa fascistização de nosso país. 

Ouso dizer que a versão do fascismo predominante por aqui, o bolsonarismo, seria nada mais do que uma mera peculiaridade, de patetas e para patetas, se não fosse pelo trabalho de base empreendido pelas células orgânicas do verdadeiro partido do fascismo em nosso país. 

Tradicionalmente, por aqui e por todo lado, era a Igreja Católica a principal responsável por levar adiante este trabalho político de domesticação das massas populares em favor dos interesses das classes dominantes. 

Foi assim até a entrada em cena dos adeptos da Teologia da Libertação, que decidiram tomar as lições dos Evangelhos e fazê-las coincidir com as aspirações de solidariedade e amparo aos mais necessitados com as quais a figura de Jesus sempre foi vista e sentida pelo conjunto de nossa população. 

Como é sobejamente sabido, essa ousadia não foi tolerada por muito tempo. Uma das primeiras medidas tomadas por Carol Woytila ao assumir o papado foi exterminar da Igreja Católica a Teologia da Libertação. 

Assim, com a severa perseguição desatada contra essa corrente popular do catolicismo e com a ausência da militância política de esquerda, as massas de nossas periferias ficaram inteiramente à mercê da nova ferramenta que o grande capital havia engendrado para salvaguardar seus interesses, em outras palavras, entramos na era da hegemonia das igrejas neopentecostais junto aos mais necessitados de nossos compatriotas. 

É claro que enfrentamos também o flagelo das redes digitais e seus algoritmos pró-grande capital, mas, para se impor, estes também dependem muito do trabalho político efetivo executado pelos agentes do neopentecostalismo junto as bases populares. 

É no contato pessoal com os agentes neopentecostais a serviço do grande capital que boa parte de nosso povo se deixa levar por aquelas campanhas de desinformação e deturpação disseminadas pelas redes digitais. Assim, ao neutralizar ou reduzir o peso da influência neopentecostal, em consequência, o poder de convencimento das mentiras espalhadas pelas redes também sofreria um baque significativo. 

O recente caso da monstruosa campanha desatada para desgastar Lula e seu governo com o invento da iminente taxação do pix pode servir como ilustração da importância de estar junto das massas e poder dialogar com elas a todo momento. 

Tratava-se de uma portaria que atingiria única e exclusivamente a bandidagem que opera atividades criminosas e recorre ao pix como forma de evitar rastreamento de seus crimes. 

Havia uma ameaça real aos interesses econômicos das máfias envolvidas. Por isso, elas se puseram em movimento e lançaram uma campanha insidiosa a respeito da questão. 

A boataria infernal e criminosa só ganhou terreno porque as forças ligadas ao governo de Lula não estavam no seio do povo no momento em que as mentiras começaram a circular. 

Porém, por sua vez, os agentes das igrejas-empresa neopentecostais, sim, estavam, e referendavam os conteúdos falsos disseminados. Ao ordenar a retirada da portaria sobre a questão, o governo acabou dando ares de verdade às monstruosas invenções direitistas. 

Infelizmente, o excelente vídeo da deputada Erika Hilton, que desmontava a farsa por completo, só apareceu depois que os estragos já haviam sido causados. 

Se a militância de esquerda não tivesse quase que desaparecido das bases, a boataria não teria ganhado tal proporção, assim como as respostas do tipo Erika Hilton teriam surgido de imediato e de várias fontes. 

Fazendo uma síntese do que estamos tentando elucidar, os partidos de esquerda, suas organizações e seus militantes precisam voltar a estar participando do dia a dia da luta de nosso povo. 

Esta é a simples receita que pode vir a ser decisiva para que consigamos avançar no rumo da construção de uma sociedade mais justa e solidária. E isto significa que nossas prioridades devem ser exatamente as questões socioeconômicas que tornam essa melhoria possível. 

Mas, não adianta conseguir os ganhos e transpassá-los ao povo. É de fundamental importância que o povo sinta e compreenda que estas conquistas dependem e só podem ser alcançadas com seu engajamento ativo nas lutas pelas mesmas. 

Isto quer dizer que o povo precisa ser educado politicamente e, para tal, nossa presença junto a ele no trabalho de base é INDISPENSÁVEL. 

*Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ - Fonte: Viomundo

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Trump promete mais poluição, deportações e desinformação

Trump disse que vai tocar uma "revolução do senso comum". "Perfurar e perfurar", disse sobre petróleo. "Milhões", disse sobre deportados. (...)

*CLIQUE AQUI para ler a postagem de Gabriel Valery na TVT.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

HOMENAGEM - Trincheira da luta pela democratização da comunicação perde jornalista Marco Weissheimer

O filósofo e jornalista, editor do Sul21, partiu neste sábado deixando grande legado na batalha de ideias 

3 de julho de 2019: "Entrevista do Sul21 realizada na Polícia Federal de Curitiba, onde Lula estava preso. Lembrando que é preciso perseverar no caminho das boas causas" - Foto: Guilherme Santos/Sul21

 

Amigo é coisa pra se guardar

Debaixo de sete chaves

Dentro do coração

Assim falava a canção que na América ouvi 

Mas quem cantava chorou

Ao ver o seu amigo partir (...) 

Desde que recebi a notícia da partida do Marco Aurélio Weissheimer, na noite deste sábado (18), fiquei pensando o que escrever. Marco não merece um simples obituário ou uma matéria informativa. Não, logo ele que nos presenteou com tantos artigos, reportagens e análises aprofundadas da realidade. 

Fomos contemporâneos na Unisinos, na década de 1990. Quando ele criou o Blog RS Urgente, em 2005, eu já atuava na comunicação sindical há 10 anos. Foi um dos pioneiros no estado do movimento que deu origem a uma série de blogues progressistas. E seu blog era um dos poucos espaços que tínhamos pras pautas dos movimentos populares. 

Marco foi uma referência pra todas e todos nós que acreditamos num Jornalismo ético e comprometido com a verdade e a vida / Foto: Arquivo Pessoal

Mas o seu trabalho com as novas mídias começou em 2001, quando a Agência Carta Maior foi lançada na primeira edição do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. Neste mesmo período, foi tradutor e editor das primeiras edições em português do Le Monde Diplomatique. (...)

*CLIQUE AQUI para continuar lendo (na íntegra) a postagem/homenagem da companheira jornalista Katia Marko no BdF

sábado, 18 de janeiro de 2025

A extrema direita já está em 2026

 


"A fake news da taxação do Pix é somente o deflagrar da estratégia de disseminação do caos, infelizmente.

Não chega a ser uma enorme novidade, porque já vimos o que ocorreu, num movimento crescente de aperfeiçoamento, em 2018 e em 2022. A extrema direita tem, na desinformação, uma arma poderosíssima – o que também não é novidade." (...)

*CLIQUE AQUI para ler, na íntegra, a postagem da jornalista Eliara Santana no Sul21 (via Blog do Júlio Garcia).

O desafio das “emendas impositivas” ao Orçamento

Foi na oposição aos governos petistas que a tendência de usurpar o papel do Executivo foi exacerbada de forma crescente e insaciável

 

Por Raul Pont (*) 

A engenhosa forma de tratar o Orçamento Público inventada no Congresso Nacional já caiu nas malhas do Judiciário e das reportagens policiais do Fantástico, da Rede Globo. Principalmente, nos descaminhos das “emendas secretas”, onde não aparecem doadores nem beneficiários, mas acabam chegando em ONGs sem controle ou nas casas de apostas das bets, nova febre fraudulenta da jogatina e do caça-níquel nacionais. 

A busca por influir e orientar o gasto público pelo Parlamento não é de hoje, e sempre existiu, mas de forma que não agredisse a Constituição e ocorresse nos limites de um regime presidencialista onde o Poder Executivo (presidente, governador e prefeito) é, explicitamente, o responsável pela elaboração e execução orçamentárias. Além de votar o Orçamento, é legítima a pressão parlamentar e sua influência nas reivindicações e prioridades no uso dos recursos públicos e a pressão sobre os Executivos nas demandas e prioridades sociais e territoriais das comunidades. Fora disso, é subverter o regime político ou torná-lo impraticável. 

Nos anos 90, com o fim da ditadura e a nova Constituição, cresceu a pressão do Parlamento para incidir mais e diretamente sobre o Orçamento. O governo FHC, tratando a pão e água os demais entes federados, acirrou essa tendência de pressão sobre o orçamento via congressistas. Para o bem ou para o mal. Desde obras e serviços necessários até o início dos contrabandos e da malversação com episódios como “os anões do Orçamento”. Mesmo assim, as regras constitucionais eram, majoritariamente, mantidas. 

Foi na oposição aos governos petistas que a tendência de usurpar o papel do Executivo foi exacerbada de forma crescente e insaciável. Na guerra aberta contra o segundo governo Dilma, sob a batuta de Eduardo Cunha (MDB) na presidência da Câmara, o Congresso aprovou em 2015 (na ante sala do Golpe) a Emenda Constitucional nº 86 dando caráter impositivo à crescente fatia das emendas parlamentares ao Orçamento Federal. 

O governo golpista de Temer (MDB) e a condição subordinada e refém do governo Bolsonaro (PSL) à maioria conservadora, fisiológica e clientelista apenas ampliaram o controle do Congresso sobre o Orçamento em flagrante contradição com o regime político presidencialista. É claro que isso não decorre apenas do caráter individual do parlamentar, mas também das outras distorções do sistema eleitoral e partidário vigente. Uma inflação absurda de partidos que não se justificam por programas e ideologias e a excrescência do voto nominal, individualizado, que torna irresistível o clientelismo, a pulverização dos recursos e, como estamos vendo, a crescente corrupção escancarada nas manchetes e nos inquéritos policiais. Verdadeira farra corrupta com os recursos públicos. 

No ano passado, em seminário organizado pelo Instituto Novos Paradigmas, em Porto Alegre, o ex-ministro do STF e ex-deputado constituinte (PMDB) de 88, advogado Nelson Jobim, questionado sobre o tema dessa prática, agora estendida aos estados e municípios, respondeu simplesmente: “O País é ingovernável”. 

Em dezembro de 2024, ainda no exercício do mandato, a ex-prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB), escreveu em artigo no jornal ZH (9.12.24) em que diz que, na busca de recursos e projetos nos ministérios para ações comuns em seu município, recebeu a recomendação de procurar deputados e senadores para apadrinhar as demandas necessárias. Escreveu a prefeita, “jamais saí de lá com a alma e o coração tão pesados”. E, mais adiante, “somos parlamentaristas no orçamento e nos investimentos e presidencialistas na responsabilidade”. 

A extensão dessa prática aos estados e municípios, que no País pulveriza dezenas de bilhões de reais em práticas clientelistas, liquida com os pressupostos da administração pública, baseados na racionalidade e no planejamento dos gastos e investimentos. Diante dessa realidade, no artigo citado, a ex-prefeita Paula Mascarenhas cogita, quem sabe então, caminharmos para o regime parlamentar de vez. Assim, quem decide o gasto terá a responsabilidade de justificá-lo, de prestar contas de seus resultados. 

Como fazer isso em um sistema partidário e eleitoral com mais de 30 partidos e através do voto nominal, essência do clientelismo e da tendência à corrupção? 

Qualquer discussão séria no Brasil sobre a troca do presidencialismo tem que ser precedida de uma profunda reforma política que fortaleça os partidos e o voto partidário programático, sem o qual não há possibilidade de governos efetivamente democráticos e com credibilidade. 

Diante desse quadro, então, não há saída? 

Claro que se pode construir outro caminho. As citações de destacados dirigentes partidários demonstram uma crescente consciência do desastre a ser evitado. A corajosa ação do ministro Flávio Dino, no STF, barrando os casos mais escabrosos de emendas secretas e sem controle, demonstra reações corretas e no bom caminho. 

Cabe ao presidente Lula, apesar do cerco e das ameaças diárias que sofre do “centrão” e da direita parlamentar, assumir essa luta. Com certeza terá o apoio da maioria da população e até de setores da mídia neoliberal, ferrenhos defensores dos “arcabouços” e “teto de gastos”, mas que estão preocupados com os escândalos e a ilegitimidade dessa invenção corrupta de emendas secretas e impositivas. 

O STF tem que ser suscitado sobre a incompatibilidade da EC nº 86 e o regime presidencialista que está na Constituição. 

Mas, mais do que isso, esse debate tem que tomar as assembleias, as câmaras municipais, a universidade e as entidades associativas. Essa decisão compete à soberania popular e não à esperteza e ao interesse privado dos beneficiados. 

Essa iniciativa de mudança de pauta do debate nacional precisa ser assumida pelo governo Lula. O presidente tem a autoridade de ter proposto na campanha substituir as “emendas secretas” pelo “orçamento participativo”. Tem audiência e respaldo para isso. A iniciativa, porém, não é só governamental. Os partidos que apoiam o governo, em especial as federações do campo popular e socialista, precisam fazer disso uma pauta de mobilização e participação social. Principalmente pelo exemplo concreto das bancadas federais e estaduais desses partidos não se renderem à lógica individual e transformarem esses recursos em debate público aberto, direto com a população, para definir prioridades de obras e serviços para o país, estados e municípios. Essa é a prioridade que o governo deve ouvir e atender. Romper a lógica eleitoreira da clientela e fazer o debate público, aberto pelo interesse comum. Essa outra lógica, outra direção, abrirá também o questionamento e o cerco sofrido pelo ajuste fiscal. Retomar a mobilização, mesmo pequena, no início, é o caminho para sair do impasse, do cerco, da paralisia que torna toda população subordinada ao pensamento único neoliberal ou às fake news e à pauta de costumes que a direita quer manter viva. 

Não faltará vontade nem participação, como ocorreu com as plenárias nas capitais sobre o Plano Plurianual de 2024, e certamente teremos apoio também dos setores que buscam fortalecimento da democracia e da soberania popular. 

(*) Ex-prefeito de Porto Alegre e ex-Deputado Estadual/PT-RS.

Foto: Guilherme Santos/Sul21 - Fonte: Sul21

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

PELA DEMOCRACIA - Sem anistia: entidades do Rio Grande do Sul cobram responsabilização de golpistas do 8 de janeiro

 


Na nota de divulgação, as entidades destacam que todos devem se envolver nesta causa que é a defesa da democracia. (...)

*CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via Blog do Júlio Garcia)