Blog de notícias, política, artigos, cultura, entrevistas, variedades, opiniões... y otras cositas más! (Santiago/RS e Região) - Editor: Júlio Garcia
terça-feira, 28 de janeiro de 2025
segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
domingo, 26 de janeiro de 2025
Sobre o filme 'Ainda Estou Aqui'! - Coluna Crítica & Autocrítica - nº 237*
Por Júlio Garcia**
*"NÃO FOI POUCA COISA' - Compartilho, pela relevância (e identificação com o conteúdo), esse importante artigo (cujo título abre esta Coluna), assinado pelo colega advogado Marco Túlio de Rose:
"A conquista de Fernanda Torres tem um grande significado artístico. Para ela, que venceu uma disputa contra Angelina Jolie, Kate Winsle, Nicole Kidman e Tilda Swinton, o que antecipadamente parecia tarefa apenas para a Mulher Maravilha.
Para o Cinema Brasileiro que está mais que na hora de receber a merecida atenção dos exibidores, do público e do Estado, esse em desagravo à orda constitutiva do governo anterior, que mentirosamente o anatematizou como integrado por um grupo de aproveitadores dos cofres públicos.
Mas, acima de tudo, o reconhecimento internacional do filme de W. Sales tem um maior significado para uma nova geração que foi e é bombardeada, por uma mistificação do período ditatorial como uma época boa, nem tão ditatorial assim.
O filme e a soberana atuação de Fernanda começam a repor a verdade no lugar. Não foi boa, pois em troca de um ilusório período de prosperidade para alguns, muitos foram presos, torturados e mortos, uma geração viu castrado seu direito de manifestação política e a censura impedia que se visse até espetáculos de balê. Foi um tempo de trevas que infelizmente se viu ameaçado de ser reproduzido por um governante macabro que cuspiu no retrato de Rubens Paiva e fez profissão pública de louvor a um dos maiores torturadores do período ditatorial.
O filme que deu o prêmio a Fernanda repõe as coisas no lugar, demonstrando a podridão de um regime que invade sem autorização um lar, sequestra e mata um dos seus integrantes e ainda coloca numa prisão incomunicável outra integrante da família, família esta que apenas não se desintegrou pela resiliência de Eunice que personificou as verdadeiras “chefes de família” deste País que são suas mulheres.
A família de Rubem, Eunice e Marcelo sempre foi uma das famílias mais queridas deste País sobrevivente. A sua representação na tela pelas duas Fernandas tem um simbolismo muito especial. Pois os Torres Montenegro, não esquecendo Fernando, sempre estiveram, com serenidade e sem ódio, mas com firmeza, do lado dos que lutam pela beleza, justiça e verdade na sociedade brasileira.
Ver isto ser reconhecido internacionalmente é vitória brasileira do tamanho de um Povo!"
....
**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, ecologista, 'poeta bissexto', articulista e midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT (Nacional e Estadual). Integrou a primeira direção da 1ª Zonal do PT de Porto Alegre e o Diretório Estadual do PT/RS. Também foi Secretário Geral do PT de Canoas/RS, assim como fundador e Presidente do PT de Santiago/RS. -Coluna originalmente publicada no Jornal A Folha (em 24/01/2025), do qual é Colunista (circula em Santiago/RS e Região).
Sem trabalho de base não há transformação de fato*
Fotos: Tuane Fernandes,
Bruna Piazzi e Pedro Muniz/Mídia Ninja
Por Jair de Souza*
Por mais que se procure dizer que não, as questões de caráter econômico sempre foram, são e continuarão sendo o fator determinante para impulsar mudanças estruturais em uma sociedade ou, por outro lado, para justificar os esforços no sentido de manutenção do status quo.
Porém, via de regra, tão somente as classes dominantes e seus representantes teóricos demonstram ter plena consciência disto.
As classes subjugadas, pelo contrário, costumam carecer de plena compreensão das causas reais de seu estado de penúria e suas dificuldades para levar adiante uma vida digna.
E o grande confronto que as forças populares devem travar para almejar ter êxito em sua luta por efetivar transformações nas bases de um sistema como o capitalista está relacionado com o enigma de como coadunar os embates diretamente relacionados com pautas de cunho socioeconômico com aquelas de outra índole, com as quais os exploradores tratam de manipular os subjugados.
Todo revolucionário com um mínimo de embasamento teórico tem plena consciência de que as tais pautas ditas morais são meras enganações, que visam ludibriar as massas populares. Mas, deveríamos por isso fugir das mesmas e centrar fogo tão somente naquilo que consideramos representar as questões que, de verdade, merecem ser debatidas?
Bem, se isto fosse algo que dependesse tão somente de nossa própria escolha, não teria nenhuma relutância em responder afirmativamente.
No entanto, por mais que nos desagrade, aqueles que detêm a hegemonia econômica de nosso país sabem muito bem manipular com os preconceitos enraizados na mente de nossa gente mais espoliada.
Por isso, seu objetivo nunca vai ser deixar que nosso povo possa debater e decidir sobre se lhe é mais ou menos conveniente que os níveis salariais sejam elevados, que o atendimento médico público seja ampliado e melhorado, que as escolas funcionem verdadeiramente como entes formadores de uma cultura liberadora, e outros temas na mesma linha.
É evidente que para os grandes banqueiros, para os rentistas especuladores em geral, para os senhores do grande capital agroexportador, para os comandantes das empresas-igrejas que trabalham para a prosperidade e o domínio de seus próprios donos, para essa gente toda é muito mais conveniente que as massas populares se digladiem e se matem em função de um imaginário kit-gay, ou de um hipotético banheiro unissex, ou seja, que empreguem suas energias, e descarreguem toda sua bronca internalizada contra esse tipo de coisas.
O que lhes é absolutamente inadmissível é que essa fúria e essa frustração sejam direcionadas contra pontos que ameacem afetar o que é de mais sagrado para nossas classes dominantes: sua riqueza e o poder e privilégios dela advindos.
A pergunta que nos acomete de imediato é: como lidar com tal situação em que impera a desinformação e a falta de consciência. Por mais banal que venha a soar, a resposta é direta: levar informação e dotar de consciência a nossas massas populares.
Agora, a maneira de efetivar esta tarefa aparentemente tão simples é o que vem a ser, de fato, a questão crucial. Sua consecução exige e depende de um sentido de luta imbuído de muita paciência, dedicação e persistência, para realizar a única coisa que ao longo do tempo vem demonstrando ser um remédio quase que milagroso para dotar as massas de consciência política: dedicar-se de verdade ao trabalho de base.
Lamentavelmente, nos últimos anos, aquilo que era uma consagrada tradição das forças de esquerda, passou a ser muito mais uma característica da extrema direita de cunho nazifascista.
E antes de avançar na explicação, é preciso que deixemos sempre evidente que, em política, o termo “esquerda” se relaciona com os interesses das maiorias trabalhadoras, ao passo que “direita” tem a ver com os das classes dominantes. Estes são e sempre foram os significados histórico-etimológicos destas expressões.
A partir da chegada de Lula ao governo em 2003, o PT e muitas outras organizações políticas da base popular se afastaram do contato diuturno com as maiorias populares em seus locais de moradia e trabalho para se dedicarem com mais prioridade à luta institucional.
Porém, como no universo político não há vácuo de longa duração, os espaços abandonados foram rapidamente ocupados por outras forças de sinal inverso.
Foi assim que a extrema direita mais fascista e reacionária imaginável passou a fazer parte do cotidiano de nossas populações mais carentes através de igrejas-empresas de orientação neopentecostal que se autodenominam cristãs.
Com a experiência de mais de três dezenas de anos no trabalho educacional junto a comunidades de nossas periferias, sinto-me impelido a dizer que sem o trabalho de base realizado pelas igrejas-empresas neopentecostais o fascismo brasileiro jamais teria significado nada que pudesse representar um sério risco de completa fascistização de nosso país.
Ouso dizer que a versão do fascismo predominante por aqui, o bolsonarismo, seria nada mais do que uma mera peculiaridade, de patetas e para patetas, se não fosse pelo trabalho de base empreendido pelas células orgânicas do verdadeiro partido do fascismo em nosso país.
Tradicionalmente, por aqui e por todo lado, era a Igreja Católica a principal responsável por levar adiante este trabalho político de domesticação das massas populares em favor dos interesses das classes dominantes.
Foi assim até a entrada em cena dos adeptos da Teologia da Libertação, que decidiram tomar as lições dos Evangelhos e fazê-las coincidir com as aspirações de solidariedade e amparo aos mais necessitados com as quais a figura de Jesus sempre foi vista e sentida pelo conjunto de nossa população.
Como é sobejamente sabido, essa ousadia não foi tolerada por muito tempo. Uma das primeiras medidas tomadas por Carol Woytila ao assumir o papado foi exterminar da Igreja Católica a Teologia da Libertação.
Assim, com a severa perseguição desatada contra essa corrente popular do catolicismo e com a ausência da militância política de esquerda, as massas de nossas periferias ficaram inteiramente à mercê da nova ferramenta que o grande capital havia engendrado para salvaguardar seus interesses, em outras palavras, entramos na era da hegemonia das igrejas neopentecostais junto aos mais necessitados de nossos compatriotas.
É claro que enfrentamos também o flagelo das redes digitais e seus algoritmos pró-grande capital, mas, para se impor, estes também dependem muito do trabalho político efetivo executado pelos agentes do neopentecostalismo junto as bases populares.
É no contato pessoal com os agentes neopentecostais a serviço do grande capital que boa parte de nosso povo se deixa levar por aquelas campanhas de desinformação e deturpação disseminadas pelas redes digitais. Assim, ao neutralizar ou reduzir o peso da influência neopentecostal, em consequência, o poder de convencimento das mentiras espalhadas pelas redes também sofreria um baque significativo.
O recente caso da monstruosa campanha desatada para desgastar Lula e seu governo com o invento da iminente taxação do pix pode servir como ilustração da importância de estar junto das massas e poder dialogar com elas a todo momento.
Tratava-se de uma portaria que atingiria única e exclusivamente a bandidagem que opera atividades criminosas e recorre ao pix como forma de evitar rastreamento de seus crimes.
Havia uma ameaça real aos interesses econômicos das máfias envolvidas. Por isso, elas se puseram em movimento e lançaram uma campanha insidiosa a respeito da questão.
A boataria infernal e criminosa só ganhou terreno porque as forças ligadas ao governo de Lula não estavam no seio do povo no momento em que as mentiras começaram a circular.
Porém, por sua vez, os agentes das igrejas-empresa neopentecostais, sim, estavam, e referendavam os conteúdos falsos disseminados. Ao ordenar a retirada da portaria sobre a questão, o governo acabou dando ares de verdade às monstruosas invenções direitistas.
Infelizmente, o excelente vídeo da deputada Erika Hilton, que desmontava a farsa por completo, só apareceu depois que os estragos já haviam sido causados.
Se a militância de esquerda não tivesse quase que desaparecido das bases, a boataria não teria ganhado tal proporção, assim como as respostas do tipo Erika Hilton teriam surgido de imediato e de várias fontes.
Fazendo uma síntese do que estamos tentando elucidar, os partidos de esquerda, suas organizações e seus militantes precisam voltar a estar participando do dia a dia da luta de nosso povo.
Esta é a simples receita que pode vir a ser decisiva para que consigamos avançar no rumo da construção de uma sociedade mais justa e solidária. E isto significa que nossas prioridades devem ser exatamente as questões socioeconômicas que tornam essa melhoria possível.
Mas, não adianta conseguir os ganhos e transpassá-los ao povo. É de fundamental importância que o povo sinta e compreenda que estas conquistas dependem e só podem ser alcançadas com seu engajamento ativo nas lutas pelas mesmas.
Isto quer dizer que o povo precisa ser educado politicamente e, para tal, nossa presença junto a ele no trabalho de base é INDISPENSÁVEL.
*Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ - Fonte: Viomundo
quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
Trump promete mais poluição, deportações e desinformação
Trump disse que vai tocar uma "revolução do senso comum". "Perfurar e perfurar", disse sobre petróleo. "Milhões", disse sobre deportados. (...)
*CLIQUE AQUI para ler a postagem de Gabriel Valery na TVT.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
HOMENAGEM - Trincheira da luta pela democratização da comunicação perde jornalista Marco Weissheimer
O filósofo e jornalista, editor do Sul21, partiu neste sábado deixando grande legado na batalha de ideias
3 de julho de 2019: "Entrevista do
Sul21 realizada na Polícia Federal de Curitiba, onde Lula estava preso.
Lembrando que é preciso perseverar no caminho das boas causas" - Foto:
Guilherme Santos/Sul21
Amigo é coisa pra se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir (...)
Desde que recebi a notícia da partida do Marco Aurélio Weissheimer, na noite deste sábado (18), fiquei pensando o que escrever. Marco não merece um simples obituário ou uma matéria informativa. Não, logo ele que nos presenteou com tantos artigos, reportagens e análises aprofundadas da realidade.
Fomos contemporâneos na Unisinos, na década de 1990. Quando ele criou o Blog RS Urgente, em 2005, eu já atuava na comunicação sindical há 10 anos. Foi um dos pioneiros no estado do movimento que deu origem a uma série de blogues progressistas. E seu blog era um dos poucos espaços que tínhamos pras pautas dos movimentos populares.
Marco foi uma referência pra todas e todos nós que acreditamos num Jornalismo ético e comprometido com a verdade e a vida / Foto: Arquivo Pessoal
Mas o seu trabalho com as novas mídias começou em 2001, quando a Agência Carta Maior foi lançada na primeira edição do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. Neste mesmo período, foi tradutor e editor das primeiras edições em português do Le Monde Diplomatique. (...)
*CLIQUE AQUI para continuar lendo (na íntegra) a postagem/homenagem da companheira jornalista Katia Marko no BdF
sábado, 18 de janeiro de 2025
A extrema direita já está em 2026
"A fake news da taxação do Pix é somente o deflagrar da estratégia de disseminação do caos, infelizmente.
Não chega a ser uma enorme novidade, porque já vimos o que ocorreu, num movimento crescente de aperfeiçoamento, em 2018 e em 2022. A extrema direita tem, na desinformação, uma arma poderosíssima – o que também não é novidade." (...)
*CLIQUE AQUI para ler, na íntegra, a postagem da jornalista Eliara Santana no Sul21 (via Blog do Júlio Garcia).
O desafio das “emendas impositivas” ao Orçamento
Foi na oposição aos governos petistas que a tendência de usurpar o papel do Executivo foi exacerbada de forma crescente e insaciável
Por Raul Pont (*)
A engenhosa forma de tratar o Orçamento Público inventada no Congresso Nacional já caiu nas malhas do Judiciário e das reportagens policiais do Fantástico, da Rede Globo. Principalmente, nos descaminhos das “emendas secretas”, onde não aparecem doadores nem beneficiários, mas acabam chegando em ONGs sem controle ou nas casas de apostas das bets, nova febre fraudulenta da jogatina e do caça-níquel nacionais.
A busca por influir e orientar o gasto público pelo Parlamento não é de hoje, e sempre existiu, mas de forma que não agredisse a Constituição e ocorresse nos limites de um regime presidencialista onde o Poder Executivo (presidente, governador e prefeito) é, explicitamente, o responsável pela elaboração e execução orçamentárias. Além de votar o Orçamento, é legítima a pressão parlamentar e sua influência nas reivindicações e prioridades no uso dos recursos públicos e a pressão sobre os Executivos nas demandas e prioridades sociais e territoriais das comunidades. Fora disso, é subverter o regime político ou torná-lo impraticável.
Nos anos 90, com o fim da ditadura e a nova Constituição, cresceu a pressão do Parlamento para incidir mais e diretamente sobre o Orçamento. O governo FHC, tratando a pão e água os demais entes federados, acirrou essa tendência de pressão sobre o orçamento via congressistas. Para o bem ou para o mal. Desde obras e serviços necessários até o início dos contrabandos e da malversação com episódios como “os anões do Orçamento”. Mesmo assim, as regras constitucionais eram, majoritariamente, mantidas.
Foi na oposição aos governos petistas que a tendência de usurpar o papel do Executivo foi exacerbada de forma crescente e insaciável. Na guerra aberta contra o segundo governo Dilma, sob a batuta de Eduardo Cunha (MDB) na presidência da Câmara, o Congresso aprovou em 2015 (na ante sala do Golpe) a Emenda Constitucional nº 86 dando caráter impositivo à crescente fatia das emendas parlamentares ao Orçamento Federal.
O governo golpista de Temer (MDB) e a condição subordinada e refém do governo Bolsonaro (PSL) à maioria conservadora, fisiológica e clientelista apenas ampliaram o controle do Congresso sobre o Orçamento em flagrante contradição com o regime político presidencialista. É claro que isso não decorre apenas do caráter individual do parlamentar, mas também das outras distorções do sistema eleitoral e partidário vigente. Uma inflação absurda de partidos que não se justificam por programas e ideologias e a excrescência do voto nominal, individualizado, que torna irresistível o clientelismo, a pulverização dos recursos e, como estamos vendo, a crescente corrupção escancarada nas manchetes e nos inquéritos policiais. Verdadeira farra corrupta com os recursos públicos.
No ano passado, em seminário organizado pelo Instituto Novos Paradigmas, em Porto Alegre, o ex-ministro do STF e ex-deputado constituinte (PMDB) de 88, advogado Nelson Jobim, questionado sobre o tema dessa prática, agora estendida aos estados e municípios, respondeu simplesmente: “O País é ingovernável”.
Em dezembro de 2024, ainda no exercício do mandato, a ex-prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB), escreveu em artigo no jornal ZH (9.12.24) em que diz que, na busca de recursos e projetos nos ministérios para ações comuns em seu município, recebeu a recomendação de procurar deputados e senadores para apadrinhar as demandas necessárias. Escreveu a prefeita, “jamais saí de lá com a alma e o coração tão pesados”. E, mais adiante, “somos parlamentaristas no orçamento e nos investimentos e presidencialistas na responsabilidade”.
A extensão dessa prática aos estados e municípios, que no País pulveriza dezenas de bilhões de reais em práticas clientelistas, liquida com os pressupostos da administração pública, baseados na racionalidade e no planejamento dos gastos e investimentos. Diante dessa realidade, no artigo citado, a ex-prefeita Paula Mascarenhas cogita, quem sabe então, caminharmos para o regime parlamentar de vez. Assim, quem decide o gasto terá a responsabilidade de justificá-lo, de prestar contas de seus resultados.
Como fazer isso em um sistema partidário e eleitoral com mais de 30 partidos e através do voto nominal, essência do clientelismo e da tendência à corrupção?
Qualquer discussão séria no Brasil sobre a troca do presidencialismo tem que ser precedida de uma profunda reforma política que fortaleça os partidos e o voto partidário programático, sem o qual não há possibilidade de governos efetivamente democráticos e com credibilidade.
Diante desse quadro, então, não há saída?
Claro que se pode construir outro caminho. As citações de destacados dirigentes partidários demonstram uma crescente consciência do desastre a ser evitado. A corajosa ação do ministro Flávio Dino, no STF, barrando os casos mais escabrosos de emendas secretas e sem controle, demonstra reações corretas e no bom caminho.
Cabe ao presidente Lula, apesar do cerco e das ameaças diárias que sofre do “centrão” e da direita parlamentar, assumir essa luta. Com certeza terá o apoio da maioria da população e até de setores da mídia neoliberal, ferrenhos defensores dos “arcabouços” e “teto de gastos”, mas que estão preocupados com os escândalos e a ilegitimidade dessa invenção corrupta de emendas secretas e impositivas.
O STF tem que ser suscitado sobre a incompatibilidade da EC nº 86 e o regime presidencialista que está na Constituição.
Mas, mais do que isso, esse debate tem que tomar as assembleias, as câmaras municipais, a universidade e as entidades associativas. Essa decisão compete à soberania popular e não à esperteza e ao interesse privado dos beneficiados.
Essa iniciativa de mudança de pauta do debate nacional precisa ser assumida pelo governo Lula. O presidente tem a autoridade de ter proposto na campanha substituir as “emendas secretas” pelo “orçamento participativo”. Tem audiência e respaldo para isso. A iniciativa, porém, não é só governamental. Os partidos que apoiam o governo, em especial as federações do campo popular e socialista, precisam fazer disso uma pauta de mobilização e participação social. Principalmente pelo exemplo concreto das bancadas federais e estaduais desses partidos não se renderem à lógica individual e transformarem esses recursos em debate público aberto, direto com a população, para definir prioridades de obras e serviços para o país, estados e municípios. Essa é a prioridade que o governo deve ouvir e atender. Romper a lógica eleitoreira da clientela e fazer o debate público, aberto pelo interesse comum. Essa outra lógica, outra direção, abrirá também o questionamento e o cerco sofrido pelo ajuste fiscal. Retomar a mobilização, mesmo pequena, no início, é o caminho para sair do impasse, do cerco, da paralisia que torna toda população subordinada ao pensamento único neoliberal ou às fake news e à pauta de costumes que a direita quer manter viva.
Não faltará vontade nem participação, como ocorreu com as plenárias nas capitais sobre o Plano Plurianual de 2024, e certamente teremos apoio também dos setores que buscam fortalecimento da democracia e da soberania popular.
(*) Ex-prefeito de Porto
Alegre e ex-Deputado Estadual/PT-RS.
Foto: Guilherme Santos/Sul21 - Fonte: Sul21
segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
Bolha de calor traz temperaturas altas para o Rio Grande do Sul ao longo da semana
Calor deve criar condições propícias a temporais isolados com chuva forte, vendavais e granizo.
*CLIQUE AQUI para ler, na íntegra (via Sul21)
sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
PELA DEMOCRACIA - Sem anistia: entidades do Rio Grande do Sul cobram responsabilização de golpistas do 8 de janeiro
Na nota de divulgação, as entidades destacam que todos
devem se envolver nesta causa que é a defesa da democracia. (...)
*CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via Blog do Júlio Garcia)