sexta-feira, 14 de junho de 2013

“Folha” e “Estadão” pediram ordem: o tucano Geraldo Alckmin atendeu

Repórter da "Folha" experimenta o "rigor da lei", pedido pelo jornal

“Folha” e “Estadão” são velhos defensores da ordem. Em 64, defenderam uma “ordem” curiosa: em nome da Democracia, era preciso atentar contra a Democracia. A gloriosa imprensa nacional implorou pelo golpe. E foi atendida. Nos anos seguintes, jornalistas foram presos, torturados. Na época, a maioria dos jornalistas tinha noção exata de que o interesse do patrão não era o interesse do jornalista. Os dois não se confundiam.

Os anos 90 transformaram os jornalistas em “novos-ricos”, apesar de quase sempre mal pagos. O novo-riquismo se expressava em um jeito “moderno” de se vestir, que eu vi de perto na Redação da Barão de Limeira: chefes com calça pula brejo, gravatas coloridas, um jeito espalhafatoso que alguns chamavam de “yuppie”. Muitos, mesmo sem ser chefes, embarcaram no modismo. Vestiram roupa dos chefes, passaram a pensar como os patrões. Jovens recem-saídos da faculdade chegavam às redações achando que eram sócios da “liberdade de imprensa” dos patrões.

Muitos jornalistas defendem as idéias do patrão porque se confundem com o jornal ou a revista (ou a TV, ou a rádio, ou o Portal da internet) em que trabalham. Claro que há exceções, há lucidez aqui e ali. E há aqueles que, simplesmente, lutam para sobreviver em redações cada vez mais insanas.

“Folha” e “Estadão”, nas últimas semanas, forneceram um ensinamento importante. A opinião do dono do jornal não se confunde com o interesse do jornalista. Representantes do pensamento (?!) oligárquico, os dois ex-jornalões paulistanos passaram os últimos dias a implorar ao governador bandeirante: “bote ordem no coreto”, “prenda e arrebente”. 

Alckmin gostou das sugestões. Seguiu a recomendação dos ex-jornalões. E os jornalistas sentiram na pele, nos olhos e – espero – no coração que o interesse do patrão não se confunde com o interesse de quem escreve, apura, reporta. O pau comeu na Paulista. Jornalistas conheceram o tratamento de choque que tantos, na classe média, preconizam como solução contra a violência. (por Rodrigo Vianna)

*Via blog 'Escrevinhador'  -  http://www.rodrigovianna.com.br/  - Grifos deste blog

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