quinta-feira, 18 de abril de 2019

Caso García: Delator fez acusação “vaga” e partido culpa Ministério Público por suicídio - Correligionários do ex-presidente do Peru, que cometeu suicídio antes de ser preso por delação da Odebrecht, denunciam lawfare por parte do Ministério Público

Jornal GGN Colaborador premiado, Marcelo Odebrecht foi “vago” em depoimento aos investigadores do Peru, quando questionado sobre pagamento de propina ao ex-presidente Alan García, morto na quarta (17). O peruano cometeu suicídio quando a polícia bateu em sua porta tentando cumprir um mandado de prisão no âmbito de investigação alimentada pelas delações da Odebrecht.

Segundo a jornalista Mônica Bergamo, Marcelo Odebrecht – que conviveu com García, assim como a cúpula da família, dona da empreiteira – indicou que era possível que o ex-presidente tivesse sido beneficiado com pagamentos de propina no Peru. Mas a indicação era de ajuda em campanhas eleitorais, não roubos para proveito pessoal.
“O único benefício pessoal, ainda investigado pela procuradoria, seria o pagamento de US$ 100 mil por uma palestra que ele efetivamente deu na brasileira Fiesp. A ação foi delatada por um advogado terceirizado da Odebrecht.”
Em 2013, as contas de García foram analisadas pelas autoridades. O ex-presidente entregou aos investigadores contratos, recibos e outros documentos que atestavam a lisura de palestras e conferências que ele realizou ao redor do mundo, que justificam sua renda.
Apesar disso, o Ministério Público do Peru utilizou delações da Odebrecht para desenvolver a tese de que as palestras eram uma fraude para justificar os repasses da Odebrecht. Narrativa semelhante é usada contra Lula, que também teve as atividades de sua empresa de palestas, a LILS, criminalizada pela Lava Jato.
Congressistas do PAP (Partido Aprista Peruano) apontaram o MP como responsável pela morte de García. Os correligionários do ex-presidente denunciaram lawfare por parte da Lava Jato peruana.
Mauricio Mulder afirmou à imprensa que a tragédia é “a concretização de um mecanismo de perseguição e busca de popularidade doentia por parte de algumas pessoas que se alimentam de poder e que querem ficar na história como carcereiros”.
O ex-chanceler Luis Gonzales Posada disse que o MP agiu arbitrariamente com o pedido de prisão. “É o resultado de um pérfido, malévolo e de uma abusiva violação de um Ministério Público que pode deter quem quiser.”
“Lamento a atuação da Promotoria. Alan García sempre mostrou disposição a ser investigado”, declarou A ex-ministra do Interior Mercedes Cabanillas, que acrescentou que o pedido de prisão foi baseado em delação sem provas.
García foi presidente do Peru em dois mandatos — de 1985 a 1990 e de 2006 a 2011. O Peru foi o primeiro país em que a Odebrecht se instalou quando partiu para a internacionalização.
“De acordo com pessoa próxima da empresa, Jorge Barata, que dirigiu as operações no Peru por cerca de 15 anos e foi um dos delatores, estava arrasado”, afirmou Bergamo.

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