domingo, 26 de janeiro de 2025

Sobre o filme 'Ainda Estou Aqui'! - Coluna Crítica & Autocrítica - nº 237*

 


Por Júlio Garcia**

*"NÃO FOI POUCA COISA' - Compartilho,  pela relevância (e identificação com o conteúdo), esse importante artigo (cujo título abre esta Coluna), assinado pelo colega advogado  Marco Túlio de Rose: 

"A conquista de Fernanda Torres tem um grande significado artístico. Para ela, que venceu uma disputa contra Angelina Jolie, Kate Winsle, Nicole Kidman e Tilda Swinton, o que antecipadamente parecia tarefa apenas para a Mulher Maravilha. 

Para o Cinema Brasileiro que está mais que na hora de receber a merecida atenção dos exibidores, do público e do Estado,  esse em desagravo à orda constitutiva do governo anterior, que mentirosamente o anatematizou como integrado por um grupo de aproveitadores dos cofres públicos. 

Mas, acima de tudo, o reconhecimento internacional do filme de W. Sales tem um maior significado para uma nova geração que foi e é bombardeada, por uma mistificação do período ditatorial como uma época boa, nem tão ditatorial assim. 

O filme e a soberana atuação de Fernanda começam a repor a verdade no lugar. Não foi boa, pois em troca de um ilusório período de prosperidade para alguns, muitos foram presos, torturados e mortos, uma geração viu castrado seu direito  de manifestação política e a censura impedia que se visse até espetáculos de balê. Foi um tempo de trevas que infelizmente se viu ameaçado de ser reproduzido por um governante macabro que cuspiu no retrato de Rubens Paiva e fez profissão pública de louvor a um dos maiores torturadores do período ditatorial. 

O filme que deu o prêmio a Fernanda repõe as coisas no lugar, demonstrando a podridão de um regime que invade sem autorização um lar, sequestra e mata um dos seus integrantes e ainda coloca numa prisão incomunicável outra integrante da família, família esta que apenas não se desintegrou pela resiliência de Eunice que personificou as verdadeiras “chefes de família” deste País que são suas mulheres. 

A família de Rubem, Eunice e Marcelo sempre foi uma das famílias mais queridas deste País sobrevivente. A sua representação na tela pelas duas Fernandas tem um simbolismo muito especial. Pois os Torres Montenegro, não esquecendo Fernando, sempre estiveram, com serenidade e sem ódio, mas com firmeza, do lado dos que lutam pela beleza, justiça e verdade na sociedade brasileira.

Ver isto ser reconhecido internacionalmente é vitória brasileira do tamanho de um Povo!"

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**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, ecologista, 'poeta bissexto', articulista e midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT (Nacional e Estadual). Integrou a primeira direção da 1ª Zonal do PT de Porto Alegre e o Diretório Estadual do PT/RS. Também foi Secretário Geral do PT de Canoas/RS, assim como fundador e Presidente do PT de Santiago/RS. -Coluna originalmente publicada no Jornal A Folha (em 24/01/2025), do qual é Colunista (circula em Santiago/RS e Região).

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