Por Júlio Garcia**
*TRUMP
E A FÚRIA DOS PARASITAS - Pela relevância, compartilho desta
feita mais um importante artigo assinado
pelo conceituado economista e mestre em linguística Jair de Souza, do RJ (via
Brasil247). Leiam a seguir:
“Com a posse de Donald Trump no comando do império
estadunidense pudemos constatar que, entremesclado com seus vários arroubos
neocolonialistas, imperialistas e racistas, ficou evidente sua imensa fúria
contra aqueles que propõem que o dólar deixe de desempenhar o papel de moeda base
para o comércio internacional.
Entretanto, por mais que
nos seja desagradável a ideia, somos forçados a admitir que, do ponto de vista
do recém-empossado presidente, assim como dos que compartilham de seus
interesses, há fundadas razões que justificam esse posicionamento.
É que Trump sabe muito
bem que não há nenhuma, repetindo com ênfase para que não reste dúvidas,
NENHUMA possibilidade de que os Estados Unidos mantenham sua hegemonia no mundo
sem contar com a possibilidade de ter sua própria moeda funcionando como meio
de pagamento aceito e válido de maneira generalizada.
Assim, para sua própria
sobrevivência como capitães indiscutidos no campo geopolítico do imperialismo,
é imprescindível que o dólar siga operando como essa varinha mágica que
consegue transferir ao resto do mundo todos os gigantescos custos incorridos
pelo império para salvaguardar seu poderio e comando.
Sem dispor desta fabulosa
ferramenta, os Estados Unidos teriam que voltar a depender de seus próprios
esforços produtivos para alcançar êxito na arena internacional. Como já nos
aventuramos a mencionar em outras oportunidades, em termos de eficiência
netamente econômica, os Estados Unidos já foram superados com larga margem por
outras potências. Em comparação com a agilidade e eficiência da República
Popular da China, por exemplo, a máquina produtiva dos Estados Unidos se
assemelha a uma carroça puxada por cavalos capengas.
Mas, na atualidade, há
dois pontos que servem de sustentáculos para a permanência dos Estados Unidos
como a potência que dá as cartas na definição dos destinos da humanidade:— sua
esmagadora hegemonia em termos militares, com mais de 900 bases espalhadas
pelos pontos mais estratégicos de todos os continentes; e — amplíssimo controle
dos meios de comunicação, o que lhes permite travar guerras informacionais (ou
melhor, desinformacionais) para fazer valer o peso de seus interesses.
No entanto, os dois
pontos cruciais acima referidos só podem subsistir em função de um terceiro: a
possibilidade de que sua própria moeda sirva como instrumento geral para a
consecução das transações econômicas realizadas entre as diferentes nações do
planeta. Em consequência, é este último ponto que atua como o baluarte na
defesa da supremacia estadunidense em relação a todos os demais países do mundo,
a despeito de seu enorme PARASITISMO. Por isso, é inteiramente compreensível
que Donald Trump se revolte contra os que ousam tocar no assunto da
desdolarização da economia mundial.
Ele sabe muito bem que
isto equivaleria a um chute na canela do imperialismo, uma inviabilização da
sustentação financeira de toda a aparelhagem que dá aos Estados Unidos o
poderio de amedrontar a seus adversários e até mesmo a seus aliados, de maneira
a fazer prevalecer sempre o que mais lhes convém.
Portanto, não há motivos
para não concordar com a conclusão de que Trump está certo em seu diagnóstico
sobre a ameaça que paira sobre os Estados Unidos quando se insinua a
necessidade de eliminar o dólar como moeda básica do comércio internacional. Para
ele e para todos os que defendem a manutenção da exploração imperialista, a
verdade não poderia ser mais cristalina. Agora, nossas palavras contrárias à
continuidade desta aberração devem ser direcionadas ao restante do mundo, ou
seja, à grande maioria da humanidade.
Somos nós os que nos
devemos convencer de que não é possível haver justiça e harmonia enquanto
persistir este inaceitável mecanismo de transferir para as costas dos
espoliados todas as gigantescas despesas em que o imperialismo incorre para
manter em funcionamento a máquina-de-morte e opressão construída com o objetivo
de impor seus desígnios sobre todos os demais povos da Terra.”
...
**Júlio César Schmitt
Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, ecologista,
'poeta bissexto', articulista e midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da
CUT (Nacional e Estadual). Integrou a primeira direção da 1ª Zonal do PT de Porto
Alegre e o Diretório Estadual do PT/RS. Também foi Secretário Geral do PT de
Canoas/RS, assim como fundador e Presidente do PT de Santiago/RS.
-Coluna
originalmente publicada no Jornal A Folha (em 31/01/2025), do qual é Colunista
(circula em Santiago/RS e Região). --Charge acima via BdF