terça-feira, 28 de novembro de 2023

Toda atenção: eleições municipais de 2024

 

     Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Por Selvino Heck (*) 

Os acontecimentos do jogo Brasil x Argentina pelas eliminatórias da Copa do Mundo no Maracanã, com briga entre as torcidas e inédita saída de campo do time argentino liderado por Messi, não foram apenas um sinal da histórica rivalidade futebolística entre os dois países. Foram uma amostra do que está acontecendo de mais profundo cá e lá, Brasil, Argentina, América Latina e mundo. 

Os fatos no Maracanã aconteceram dois dias depois das eleições presidenciais na Argentina, com a vitória do ultradireitista e ultraneoliberal Milei. “A vitória de Milei é o sintoma de uma crise das democracias latino-americanas. A vitória de Milei, assim, parece indicar uma nova onda de direita e de extrema-direita na região” (´Milei e a onda de direita´, Aldo Fornazieri, em www.ggn.com.br e www.brasil247.com, 22.11.2023).  “(A vitória de Milei) foi uma construção midiática cuidadosamente planejada” (Atilio Boron, em www.luizmuller.com). 

A Argentina é logo ali do lado, para quem mora no Rio Grande do Sul. O resultado das suas eleições presidenciais acendeu todas as luzes de alerta e preocupação política no Brasil e na América Latina. 

Nunca fui daquelas e daqueles, e continuo não sendo, que acham, embora muitas vezes candidato, coordenador de campanhas desde o início dos anos 1980 como dirigente partidário, e militante em todas as eleições, que eleição muda o mundo, que eleição leva à revolução, embora toda sua importância na construção e consolidação da democracia. 

Reconheço, porém, que, em certos momentos da história, há eleições emblemáticas, definidoras do futuro, merecendo atenção especial por parte de quem quer a transformação econômica, social, política, ambiental, cultural e luta por uma sociedade do Bem Viver. Foi o caso das eleições de 1978, em plena ditadura, e das eleições presidenciais de 1989, 2002 e 2022, entre outras. 

As eleições municipais de 2024 possuem, tudo indica, este sentido emblemático. Acontecerão em contexto e conjuntura brasileira, latino-americana e mundial especiais, de tempos de guerras, de mudanças climáticas, de ultraneoliberalismo, de volta do neofascismo, de ódio, violência, intolerância, de ameaças à democracia. O voto de eleitoras-eleitores não será um voto comum, qualquer. Todo cuidado é pouco, portanto. A eleição municipal de 2024 adquire contornos poucas vezes vistos na história brasileira e merece cuidados especiais. 

Sou fundador do PT, a maior parte do tempo de sua história dirigente partidário em diferentes níveis e defensor de suas candidaturas. Não acho que em 2024 o principal, ou fundamental, seja o partido ter candidaturas próprias. Principal e fundamental é a unidade do campo democrático-popular, da esquerda e setores de centro-esquerda em torno de candidaturas comuns, assumidas por todas e todos. A energia, neste momento, deve estar concentrada na construção de um programa democrático-popular unitário, defendido por candidaturas de unidade, com políticas de participação social e popular, com Orçamento Participativo, o nosso OP, defesa dos direitos, especialmente dos mais pobres entre os pobres, das trabalhadoras e trabalhadores, e garantia da democracia e da soberania. 

Não se ganha eleição antes da hora, sabem todas e todos os militantes. Ganha-se eleição com muito trabalho de base, com organização popular, com educação politica, com mobilização social, que devem acontecer antes e mesmo durante o processo eleitoral. Em novembro de 2023, esse é o trabalho a fazer nos próximos meses, com diálogo com a população, com movimentos sociais e populares, com igrejas e comunidades, construindo um programa de transformação, mudança e participação social, olhando nos olhos no povo e refletindo suas angústias e necessidades. 

No mundo atual, com as terríveis guerras entre Rússia e Ucrânia, Hamas e Israel, com as mudanças climáticas e suas consequências, que sentimos e vivemos todos os dias, no Rio Grande do Sul e no Brasil, e com o resultado da recente eleição presidencial argentina, quem pode arriscar e saber como estarão o Brasil, a América Latina e o mundo em outubro de 2024? Impossível saber hoje, tal a gravidade de tudo que está acontecendo e a impossibilidade de adivinhar o futuro. 

Muita sabedoria, portanto, e ampla unidade política e programática. A vitória eleitoral do campo democrático-popular, em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Manaus, Recife, entre outras, em cidades do Nordeste, do Norte, Sul e Centro-Oeste, no ABC paulista, na Região Metropolitana de Porto Alegre e outras Regiões Metropolitanas Brasil afora, é fundamental neste momento histórico. Só assim será possível criar um clima de paz, de diálogo, de democracia. No Brasil, na Argentina, na América Latina, no mundo. 

(*) Deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990) e ex-Presidente do PT/RS.

-Via Sul21

sábado, 25 de novembro de 2023

Sem bandeiras: palestinos soltos em Israel são proibidos de festejarem a liberdade

 

   Marah Bakeer, 24, está entre os 39 libertados. Foto: Reprodução


Por Daniele Amorim*

O grupo de 39 palestinos que foram libertados por Israel na noite de sexta-feira (24) da prisão de Ofer, na Cisjordânia como acordo de cessar-fogo com o Hamas diz ter sido proibido de comemorar a saída da prisão. Marah Bakeer, de 24 anos, contou a Al Jaazera que as autoridades israelenses ameaçou prendê-los novamente caso houvesse alguma reação.

“Estou nervosa e sem palavras. Não acredito que estou livre”, disse ela, que foi detida em 2015 por esfaquear um agente da polícia fronteiriça e sentenciada a oito anos e meio de prisão.

A informação foi confirmada pelo pai de Marah, que acrescentou que foi convocado à delegacia de polícia e ameaçado de não realizar nenhum evento comemorativo ou demonstrar quaisquer sinais de alegria após a libertação de sua filha. Entre eles, também houve a proibição do hasteamento da bandeira da Palestina.

    Palestinos comemoram liberação. AHMAD GHARABLI/AFP

Quem são as pessoas que estão presas em Israel?

Das pessoas que foram presas, a maioria delas estavam em cadeias israelenses acusados de jogar pedras em soldados, entrarem em contato com o Hamas e outras ofensas, segundo o canal britânico Sky News. No entanto, Nenhuma dessas pessoas foi a julgamento.

Deste primeiro grupo de 38 liberto, 24 são mulheres e 15 menores de idade. Israel, por sua vez, publicou uma lista com 300 prisioneiros, e prometeu a soltura de metade deles. Do total de nomes listados, 124 têm menos de 18 anos. O mais jovem tem 14 anos.

*Fonte: DCM


segunda-feira, 13 de novembro de 2023

SOBRE AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NA ARGENTINA

 


Massa e a herança maldita de Macri

Por Eduardo Guimarães*

A transição do ex-presidente de centro-direita Maurício Macri ao peronista Alberto Fernandez lembra muito a do então centro-direitista Fernando Henrique Cardoso para o social-democrata Lula em 2003. Cristina Kirchner legou a Macri uma Argentina fustigada por ofensiva política análoga e contemporânea àquela que derrubou fraudulentamente Dilma Rousseff e desestabilizou a economia de los hermanos tanto quanto fez com a nossa.

Macri recebeu em 2015 a Argentina com inflação de 20% ao ano (altíssima) e entregou o governo a Alberto Fernandez com 55%, além de uma dívida externa próxima de 100% do PIB, mais pobreza e desemprego e restrições à compra e venda de dólares.

A dívida externa, no período Macri, cresceu inacreditáveis US$ 75 bilhões. O pior de tudo, porém, foi a catastrófica fuga de capitais do governo neoliberal de Macri que produziu uma maxidesvalorização análoga à que ocorreu no primeiro ano do segundo mandato de FHC. No período de 2016 a 2018, saíram do país 88 bilhões de dólares. O país sofreu uma severa fuga de capitais que superou os 55 bilhões de dólares, mais de dois terços dos dólares que entraram no país desde o início do resgate do FMI.

Os investimentos fugiram do país e alcançaram o máximo registrado pelo Indec na Posição de Inversão Internacional Neta, com uma fuga de investimentos que aumentou em 192,6% na comparação anual, chegando ao recorde histórico de 68.279 milhões de dólares. A dívida pública disparou e chegou a quase 95% do PIB no terceiro trimestre de 2018, enquanto o índice de endividamento em 2015 era de 52,6% do PIB, tornando o endividamento de 2018 o mais alto desde 2004. A dívida pública em dólares aumentou 75,4%, como resultado da alta do dólar, que subiu 105%.

Alberto Fernandez e Sergio Massa conseguiram evitar um empobrecimento draconiano na Argentina, mas os números não são bons. Porém, tudo tem relação com a herança que receberam do neoliberal Macri, aliado de primeira hora a Patricia Bullrich, aliada de Javier Milei -- e que a ele nem conseguiu transferir votos porque o macrismo ainda é lembrado com calafrios.

A boa notícia é que Milei é um idiota. No debate de ontem (domingo 12/11), no qual foi esmagado por Massa, conseguiu se superar em termos de ímpeto suicida. Elogiou Margareth Tatcher, que em 1982 enviou uma esquadra assassina para trucidar jovens argentinos no que chamam os ingleses de Ilhas Falklands e, nós, de Islas Malvinas.

Menos mal. A esquerda ganhará mais um mandato para tentar consertar a desgraceira neoliberal de Macri e cia.

*Via Blog da Cidadania

domingo, 12 de novembro de 2023

GAZA: Brasileiros cruzam fronteira com Egito em grande vitória do governo Lula e do Itamaraty*

 

Brasileiros que estavam em Gaza cruzam a fronteira (Foto: Selfie de Hassan Rabee)

Quando a aeronave da Presidência tocar o solo da capital federal, a Operação Voltando em Paz terá transportado um total de 1.477 passageiros.

*CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via Blog do Júlio Garcia)

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Protestos pelo mundo pedem cessar-fogo na Faixa de Gaza e se solidarizam com a Palestina

Brasil também teve manifestações, que incluíram críticas a Israel e aos Estados Unidos. Governo insiste nas gestões para retirar brasileiros da região do conflito

  Manifestação na Avenida Paulista: pela paz

São Paulo – RBA* - Manifestações pelo mundo, neste sábado (4), reuniram milhares de pessoas em solidariedade aos palestinos e para pedir cessar-fogo na região da Faixa de Gaza. Em algumas das principais capitais europeias, os protestos também criticavam os ataques de Israel e a política dos Estados Unidos. O Brasil também teve vários atos, como na Avenida Paulista, região central de São Paulo [assim como em Porto Alegre/RS e outras cidades brasileiras].

Enquanto isso, os ataques continuam – o que inclui, por exemplo, uma escola em um campo de refugiados usada como abrigo. Haveria crianças entre os mortos. “Se reportam dezenas de feridos. A UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina) não conseguiu verificar o número exato de vítimas”, informa a ONU. 

“Situação humanitária horrível”

Foram registradas manifestações em Londres, Paris, Berlim, Istambul, Berna e Oslo, entre outras cidades. Na Turquia, houve também protestos contra o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o secretário de Estado, Antony Blinken – em Ancara, manifestantes se concentraram diante da embaixada estadunidense. Blinken está na região do conflito, mantendo contato com autoridades. E reiterou “que os Estados Unidos apoiam firmemente o direito de Israel de se defender de acordo com o Direito internacional”. Ele voltou a se manifestar contra o cessar-fogo imediato, contrariando apelos de líderes árabes com quem se reuniu. 

Ao mesmo tempo, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, voltou a se manifestar. “A situação humanitária em Gaza é horrível. Renovo os meus apelos a um cessar-fogo humanitário e à libertação imediata de todos os reféns. Todos aqueles que têm influência devem exercê-la para garantir o respeito pelas regras da guerra, acabar com o sofrimento e evitar a propagação do conflito. (…) Agora, durante quase um mês, os civis em Gaza, incluindo crianças e mulheres, foram sitiados, tiveram ajuda negada, foram mortos e foram bombardeados nas suas casas. Isso precisa parar.” 

Por sua vez, o governo Lula manifestou preocupação com a demora da autorização para que cidadãos brasileiros possam deixar a área de conflito. Além do contato do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, com o chanceler israelense, Eli Cohen, o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, conversou com Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos. “O presidente (Lula) e o chanceler já falaram com todos que podiam falar”, disse Amorim ao jornal Folha de S.Paulo. “É essencial que os brasileiros possam sair logo. (…) A cada dia passa, cresce o risco.” O grupo é formado por 34 pessoas, aproximadamente metade crianças.

*Via Rede Brasil Atual

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

MAIS MÉDICOS - Em Porto Alegre, Fórum Social das Periferias cobra contratação de médicos cubanos pelo Mais Médicos: 'São gente como a gente'

Fórum Social das Periferias realiza campanha nas redes sociais cobrando um posicionamento do governo federal


Integrantes do Fórum Social das Periferias de Porto Alegre (FSPPA) - Foto: Maria Helena dos Santos

Por Fabiana Reinholz, Brasil de Fato - Porto Alegre/RS*

“Eu tenho diabetes, e só descobri por interesse de um médico cubano. Porque enquanto eu me tratava com um médico brasileiro, era aquela coisa de consulta e já era, mal encostava em mim ou conversava comigo. Por isso nós, enquanto periferia, queremos os médicos cubanos, porque eles são gente como a gente.”

O relato é da Adriana Correa Farias, moradora do bairro Cruzeiro, em Porto Alegre, ao comentar sobre o abandono que sentiu ao saber que não seria mais atendida pelo seu médico com o fim do programa de cooperação do Programa Mais Médicos em novembro de 2018.

A moradora faz parte do grupo que integra o Fórum Social das Periferias de Porto Alegre (FSPPA), que reivindica a volta dos médicos cubanos, tal como prometido na retomada do Programa Mais Médicos. Segundo o grupo, os médicos cubanos atuam de maneira mais humanizada, por isso reivindicam seu retorno aos territórios.

“Eles não são médicos de gabinete, eles são médicos populares, eles se interessam, eles interagem com a família toda, não só com o paciente. E aquela coisa deles chegarem até a casa da família e sentarem para tomar café, da família convidar para almoçar, de tanto que eles interagem com a comunidade, eles deixam a gente a vontade tanto para dizer todos os nossos problemas de saúde, quanto para falar os problemas particulares”, acredita Adriana.

Em setembro de 2022, foi construída uma carta compromisso solicitando este retorno ao então candidato à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “A nossa proposição era essa, que se ele fosse presidente da República, ele tivesse compromisso de trazer os médicos cubanos de novo para dentro dos territórios da Grande Cruzeiro, de todas as comunidades de Porto Alegre. Então, a gente trabalhou nisso e o elegemos presidente. Agora ficou a devolutiva do governo, do presidente”, afirma Júlio Celso da Veiga Pedroso, liderança comunitária do bairro Cristal. 

A carta foi entregue para os representantes da campanha de Lula em uma Plenária que ocorreu no Centro Social Amavtron com a presença da deputada estadual Maria do Rosário (PT). Na carta o movimento destaca os impactos do Mais Médicos, em especial os médicos cubanos. (...)

*CLIQUE AQUI para continuar lendo (via BrasildeFato)