Foto: Leandro Molina
Por Selvino Heck*
“Com racismo não tem jogo” foi/é a palavra de ordem e o grito em todos os estádios de futebol antes de iniciarem os jogos do Brasileirão/2023. E, a exemplo de Vini Jr., muitos jogadores e torcedores ficaram de punho cerrado por um minuto, em reverência, homenagem e apoio ao jogador brasileiro do Real Madrid da Espanha, alvo e reiterada vítima da intolerância e do ódio racistas, ainda reinantes no mundo da bola e na sociedade.
O punho cerrado é uma marca dos Panteras Negras, partido revolucionário dos EUA que luta contra a discriminação racial. O ex-jogador mineiro Reinaldo, grande goleador, sempre comemorou seus gols com o gesto, que marcou sua carreira.
Fiz o gesto na inauguração da nova sede do PT/RS no dia 26.03, sexta, dizendo “não ao racismo! Viva a luta antirracista”, registrado na coluna de Rosane de Oliveira no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, na edição de fim de semana, 27/28.03.2023, e apoiado por companheiras e companheiros.
Mas é bem mais que um gesto a favor de Vini Jr. e seu punho cerrado. É uma celebração, é um compromisso solidário de dizer e anunciar “um outro mundo possível”, urgente e necessário.
Difícil entender e explicar que em 2023, século XXI, o racismo ainda esteja impregnado na sociedade, e presente em almas e corações.
Hora, pois, de não só marcar posição firme, mas afirmar-se e gritar, com voz forte, com coragem, com compromisso, com indignação, contra todo tipo de discriminação, desrespeito. Todas e todos somos iguais. Todas e todos têm os mesmos direitos, não importa raça, cor, credo, origem, renda, nacionalidade.
Punho cerrado contra as injustiças, as mãos unidas, “ninguém solta a mão de ninguém”, nas ruas e em todos os lugares.
Punho cerrado contra a desigualdade, corações cheios de amor, simpatia, simplicidade, ternura.
Punho cerrado a favor das e dos pobres, oprimidas e oprimidos, na sua luta por dignidade e respeito.
Punho cerrado dizendo “todas e todos têm vez e voz iguais”, têm as mesmas capacidades, têm o mesmo olhar.
Punho cerrado por liberdade, contra qualquer tipo de escravidão, submissão no Brasil, na América Latina e Caribe, no planeta terra.
Punho cerrado contra as elites escravocratas que, ao longo do tempo, acumulam riquezas, sem distribuição, e não sabem repartir direitos e poder, e apoiam o Projeto de Lei do Marco Temporal contra os povos indígenas.
Punho cerrado a favor da Economia Popular e Solidária, a favor dos Pontos Populares, PPSSAN, de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, a favor da agroecologia e produção orgânica e de alimentos adequados e saudáveis.
Punho cerrado a favor de catadoras e catadores de materiais recicláveis, da população em situação de rua que resiste e se organiza.
Punho cerrado contra o ódio, a intolerância, a violência que, em primeiro lugar, atingem mulheres, negras e negros, jovens, indígenas, as populações das periferias, o povo LGBTQIA+.
Punho cerrado contra o machismo, a homofobia e todo tipo de discriminação, abraçando a vida e as pessoas, homens e mulheres como irmãs e irmãos.
Este deve ser, ou deveria ser, um tempo de abraços, de amorosidade, de encontro, de humanidade, de direitos, entre mulheres e homens, com plantas e animais, com a natureza e o meio ambiente, no cuidado coletivo e solidário com a Casa Comum.
(*) Deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990). - Fonte: Sul21
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