Delegado Waldir, deputado federal e ex-líder do PSL, escancara o funcionamento do orçamento secreto do Bolsolão na compra de votos pelo governo.
EM FEVEREIRO PASSADO, o alagoano Arthur Lira foi eleito presidente da Câmara dos Deputados numa vitória esmagadora. Recebeu 302 votos já no primeiro turno – a casa tem 513 deputados. A mudança no comando foi fundamental para o governo de Jair Bolsonaro. Sob a batuta autoritária de Lira, do Progressistas, o bloco governista atropelou ritos e a oposição para garantir a aprovação de projetos como a emenda constitucional dos precatórios, que viabiliza o Auxílio Brasil, a autonomia do Banco Central e projetos para viabilizar as privatizações de Eletrobras e Correios.
Lira foi
eleito com a promessa de valorizar o plenário – um eufemismo para facilitar o
acesso dos deputados do Centrão, o maior bloco da Câmara, a cargos e verbas do
governo. Havia denúncias de que o apoio maciço à eleição de Lira envolveria a
compra de votos através de emendas, mas nunca ninguém havia admitido isso.
Tampouco se falava em valores ou nos detalhes de como Lira conseguiu destronar
o grupo de Rodrigo Maia, opositor de Bolsonaro e também ligado ao Centrão.
Mas, em duas conversas comigo, o deputado federal Waldir Soares de Oliveira, do PSL, revelou o segredo: a promessa de R$ 10 milhões em emendas do orçamento secreto para cada deputado que votasse em Lira. É o Bolsolão, o esquema de compra de votos do governo Bolsonaro.
O delegado Waldir, como ele se apresenta, é um bolsonarista de primeira hora. Deputado federal mais votado em Goiás em 2018, ele expôs os detalhes de como funciona o “orçamento secreto” de Bolsonaro (revelados em uma série de reportagens do Estadão). Isto é, a troca de votos por emendas do relator, um novo tipo de rubrica de gastos que totaliza uma montanha de R$ 18,5 bilhões em 2021, propostos por deputados cujos nomes são mantidos em sigilo pela Câmara. Em decisão liminar, o Supremo Tribunal Federal mandou suspender o sistema por falta de transparência.
Waldir
diz ter recebido a oferta de R$ 10 milhões em emendas em troca do voto em Lira.
Pode ter sido até mais. Waldir, em dado momento da conversa, disse que outros
R$ 10 milhões foram acordados no mesmo período, mas ele não soube precisar se
também em troca do voto em Lira ou da aprovação de algum outro projeto à época. (...)
CLIQUE AQUI para continuar lendo o post do jornalista Guilherme Mazieiro, no site The Intercept Brasil.
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