'A las cinco de la tarde.
¡Ay, qué terribles cinco de la tarde!
¡Eran las cinco en todos los relojes!'
(Federico Garcia Lorca)
Eventualmente, nas ruas,
se escuta uma frase - indignada e rude:
'Mais do que na hora está
de tomar-se, enfim, uma atitude'...
Enquanto os ponteiros aproximam, inexoráveis,
das cinco 'em punto de la tarde'
Os meninos embrutecidos
& os mendigos amortalhados
disputam míseros centavos
nas sinaleiras incontáveis da metrópole
(Pessoas morrem, são pisoteadas
outras, insensíveis, famintas, doidas
cambaleiam - sob o sol que arde.
Enquanto os ponteiros aproximam, inexoráveis,
das ‘cinco em punto de la tarde')
As meninas envelhecidas
& as prostitutas decadentes
disputam velhos 'clientes'
nas esquinas
Enquanto o céu borda-se de tristes mantos cinzentos
plúmbeos,
prenunciando uma noite fria, tormentosa
que - talvez -
sensibilize sua frigidez
criminosa ...
(Enquanto os ponteiros aproximam, inexoráveis,
das ‘cinco em punto de la tarde')
A multidão dirige-se em disparada
para os terminais das paradas
dos ônibus
-manada-
para o trem/metrô,
para o mercado
ou farmácia
(ironia)
Outras tão
perdidas
quanto as demais
têm pressa ... & no intuito de satisfazerem
suas vidas
correm febris em direção aos bares
(em vão)
para aplacarem a homérica sede
(agonia)
Nas ruas, martela a frase-
com razão, indignada, rude:
'Mais do que na hora está
de tomar-se uma atitude'!
Enquanto a semana se esvai
afogando-se lentamente, sem alarde
na sexta-feira outonal
E os ponteiros ultrapassam, finalmente,
as ‘cinco em punto de la tarde'...
(Júlio Garcia - 2011)
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