O que mais distinguia
Brizola no ambiente político brasileiro é que era ser portador de um
pensamento.
Brizola tinha pensamento
político, o que o diferenciava de tantos do seu tempo e de hoje em dia.
Brizola era trabalhista,
que na política brasileira ligava-se ao nacionalismo. As correntes mais
autenticamente nacionais, mais enraizadas no povo brasileiro.
O trabalhismo forjou-se
no Brasil de maneira bem diversa das correntes europeias, assumindo fisionomia
própria. Diferenciou-se do que se denominava socialismo ou social democracia.
O próprio Brizola dizia
que o seu pensamento ficou definido quando ele via nas ruas os operários e
gente do povo defender a legislação do trabalho e os direitos do povo.
Aquela era a gente com
quem se identificava, diferente em boa parte do que ele via em outras áreas.
Brizola ligava-se ao
sentimento de pátria, de brasilidade.
Compreendia a situação em
que o Brasil foi colocado ao longo da história, de maneira marginal.
Reclamava que os grupos
econômicos e os países centrais não tinham o direito de se apropriar de nossas
riquezas. Sempre clamou para que a política brasileira enfrentasse os
interesses internacionais.
Em Brizola o trabalhismo
e o nacionalismo se misturavam, como da tradição brasileira.
Sua paixão pela educação
era solidariedade ao povo brasileiro e a visão superior do Brasil.
Muitas coisas da vida de
Brizola poderão ser ressaltadas e muitos aspectos da sua personalidade devem
servir de inspiração permanente.
Coerência? Claro, sempre
foi sua marca.
Coerência era a retidão
de vida de Brizola, o que o fazia respeitado, mesmo em meio a tanta polêmica em
que mergulhava. Nunca procurou enganar ninguém, nunca aderiu às palavras
fáceis, sempre na procura de expressar o seu sentimento, nunca ocultá-lo,
distanciava-se dos hábitos corriqueiros dos políticos menores. Coerência como
questão central, não apenas decorrente de manifestações marginais, passageiras.
Coragem? Coragem cívica,
que o distinguia.
Exemplo foi sua decisão
de expropriar as empresas multinacionais de eletricidade e de telefonia, que
sufocavam a economia gaúcha. Dominavam as concessões, mas não investiam, não
expandiam, impediam a industrialização e o desenvolvimento da economia.
O exemplo mais vivo foi a
rebelião que Brizola liderou pela posse de Jango, enfrentando as cúpulas das
Forças Armadas.
Sua coragem encontrou eco
no povo brasileiro, que soube mobilizar e esteve ao seu lado.
Venceu com a marca da
coragem. Demonstrou coragem ao ficar contra a derrubada do Collor, que rompia
sua investidura popular. Pagou preço elevado, mas a derrubada da Dilma mostrou
que tinha razão.
Brizola, hoje, estaria ao
lado de Lula, sem dúvida.
Sendo homem de
pensamento, trabalhista e nacionalista, Brizola não titubearia em ver que o
único político no Brasil que hoje abraça as causas trabalhistas é o Lula.
Assim como o PT é o
partido que mais defende a legislação trabalhista, a Previdência Social e as
estatais estratégicas.
Como sempre o fez,
Brizola estaria junto na luta pela derrubada de tudo o que se abateu sobre o
Brasil.
Talvez a coisa mais
marcante dos 100 anos de Brizola seja constatar que brizolismo e lulismo hoje
se confundem.
*Vivaldo Barbosa foi
deputado federal Constituinte e secretário da Justiça do governo Leonel
Brizola, no RJ. É advogado e professor aposentado da UNIRIO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário