domingo, 6 de março de 2022

‘Estamos vendo um show de discursos que é puro racismo na cobertura da guerra’

Diferença de tratamento dado a refugiados e naturalização de conflitos fora da Europa são apontados como elementos de racismo

Por Luís Gomes*

A comunidade internacional assiste há mais de uma semana transmissões quase 24 horas por dia da guerra entre Rússia e Ucrânia. Para além das imagens de destruição e devastação da Ucrânia, a cobertura da guerra tem evidenciado uma diferença de tratamento dada a populações europeias e de outras localidades vítimas de conflitos armados e mesmo uma diferença de tratamento às vítimas brancas e não brancas em território ucraniano. 

Para a professora dos programas de pós-graduação em Direito e em Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Karine de Souza Silva, a cobertura tem evidenciado discursos que são claramente racistas. 

“O que nós vimos agora é um show de discursividades viajando por todo o mundo, completamente acessível para as pessoas, que são racistas. É racismo puro, que nós negros, negras e indígenas já conhecemos há muitos anos. A diferença é que passa agora na TV e a gente começa a ver tão claro como esse discurso opera em vários ângulos. Não é somente no âmbito dos refugiados, não é somente no âmbito de guerra, mas, quando se está falando em racismo estrutural global, significa que o racismo atravessa todas as nossas relações”, diz. “Esses processos sempre existiram, mas agora as máscaras estão caindo, estão sendo televisionados”.

Um dos elementos desse racismo é a diferença de tratamento dada a refugiados africanos e a ucranianos de origem africana que tentam deixar o país em comparação com os migrantes brancos. Uma postagem do estudante nigeriano Alexander Somto Orah em que ele relata a diferença de tratamento dada a brancos e não brancos na fronteira da Ucrânia com a Polônia recebeu mais de 20 mil compartilhamentos no Twitter. 

Na postagem, feita no dia 27 de fevereiro, ele relata que estava há dois dias no local sem que conseguisse cruzar a fronteira e que foi ameaçado de ser baleado. (...)

CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via *Sul21)

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