Por Régis Barros*
Reparem no título. A partir dele, falarei do “patriota”, mas não de qualquer patriota.
Falarei rapidamente do patriota bolsonarista. Em tese e em essência, ele é diferente do que conhecemos como um patriota de verdade.
Esse “patriota” do qual me refiro não tem nada de patriotismo. Ele, na verdade, está preso em suas próprias ideias deliroides que são retroalimentadas por uma horda política.
Eles, os “patriotas”, são usados, na cara dura, por aqueles que, de fato, têm um projeto político pessoal.
Esse “patriota” é facilmente influenciável. Ele acredita em tudo que é propagado pelos chefes da súcia reacionária.
Daí, eles, num transe coletivo e num delírio compartilhado, gritam “eu autorizo” e fecham rodovias e acampam em quartéis e invadem a Praça dos 3 Poderes e destroem os prédios dos poderes constituídos.
O “patriota” bolsonarista não percebe, por exemplo, que, numa democracia, isso não se sustenta. Que numa democracia, que é o maior alicerce do patriotismo, isso não é possível.
Esse “patriota” atua, de fato, como um antipatriota.
Diante de tudo isso, qual seria a consequência?
A
resposta é simples. Eles são detidos, fichados, submetidos aos inquéritos e
alguns presos.
Depois disso, há um dado claro de realidade. Alguns acordam do transe, outros não.
Os que continuam no sono deliroide vão se perdendo cada vez mais. Eles logicamente são esquecidos pela malta que os motivaram a realizar tais atos.
Sozinhos e esquecidos, eles vão sentindo na pele que a conspiração contra a democracia é grave. Apesar disso, muitos deles continuam sem querer entender.
Cito, como exemplo disso, os três primeiros “patriotas” julgados e condenados pelo STF. Eles foram representados por advogados que, possivelmente, também, eram bolsonaristas.
O resultado foi o que vimos ontem — um show de horrores. Não houve defesa. Os patronos não defenderam seus clientes.
Como convencional no bolsonarismo, o objetivo foi lacrar para jogar a “lacração” nas suas mídias sociais.
Os réus nem defesa tiveram. O bolsonarismo é isso. É uma terra arrasada. Um fenômeno social e humano que suga dos próprios bolsonaristas. É isso.
Logo, o bolsonarismo faz mal a todos, inclusive aos bolsonaristas.
*Régis
Barros é médico psiquiatra. Mestre e doutor em Saúde Mental pela Faculdade de
Medicina da Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). - Via Viomundo
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