Em 2020, para além da direita conservadora, um outro agente político também venceu. O número de abstenções de votos.
Foto: Luiza Castro/Sul21
Por Alejandro Guerrero*
As últimas 48 horas tem sido de desespero por boa parte do povo gaúcho e de Porto Alegre. Iniciamos um novo ano com vários desafios pela frente para os estudantes. Lutas nacionais, como a necessidade da defesa do orçamento para as universidades e institutos federais, aprovação da Assistência Estudantil enquanto lei, regulamentação do ensino superior privado, unidade em defesa da democracia e muitas outras. No Rio Grande do Sul as bandeiras históricas estudantis continuam: a luta contra o aumento da passagem da região metropolitana, combate ao sucateamento do transporte público, e a crise ambiental. Mas tem um lugar, em especial, que é palco de todas essas lutas: a cidade que a gente vive. E na Porto Alegre que vivemos, para além de todas as lutas do estado e do país, enfrentamos um duro governo bolsonarista. Melo se elegeu em 2020 com o apoio do então presidente Jair Bolsonaro, genocida e que hoje se encontra inelegível.
A cidade se encontra em uma grande contradição. Enquanto existe apoio e incentivo a especulação imobiliária e grupos empresariais que agem para fazer da cidade um verdadeiro mercado, nosso povo encontra a dura realidade nas periferias da cidade. Quando a crise climática aperta, são os moradores das regiões das Ilhas, do extremo-sul e das regiões do entorno do Guaíba que sofrem. E Melo aprova um orçamento irrisório para a prevenção contra cheias. É a cidade que falta luz porque Melo, enquanto deputado, votou pela privatização da CEEE Equatorial – e que atribui a falta de água ao erro que ele mesmo cometeu. Não é essa cidade que queremos.
Porto Alegre, que já foi referência em educação, hoje vive um dos maiores escândalos de corrupção envolvendo a Secretaria Municipal de Educação (SMED). Não bastasse isso, quando o assunto é transporte para nós estudantes, a crise é ainda mais profunda. A partir de uma descoberta do mandato do vereador Giovani Culau e Movimento Coletivo, foi constatado que o número de estudantes que utilizam o TRI Escolar diminuiu em 77% (comparação de 2019 até 2022), contribuindo para a evasão e abandono escolar. A crise também atinge toda a juventude porto-alegrense: o orçamento de 2024 para a Secretaria Municipal Esporte, Lazer e Juventude (SMELJ) voltado para o departamento de juventude beira a casa dos R$ 150.000,00, um valor insuficiente para garantir políticas públicas para a juventude.
Quando o assunto é direito à cidade, Melo se posiciona totalmente contra nós. Com uma visão conservadora, tentou proibir o direito daquele rolê, de lei, na Orla. Fez com que a Cidade Baixa deixasse de ser um lugar aberto de encontro “da gurizada”. Em determinado horário a Brigada Militar chega para nos intimidar quando estamos nas ruas – quase como dizendo pra gente que não podemos ser felizes em Porto Alegre. Melo também acabou com o emprego dos cobradores de ônibus; mas o feito pior para o transporte público foi ter privatizado a Carris e vendido ela para a Empresa Viamão. Quem é de Viamão conhece a precariedade da empresa e o péssimo serviço prestado.
Em 2020, para além da direita conservadora, um outro agente político também venceu. O número de abstenções de votos. Não podemos permitir que em 2024 o povo deixe de participar do processo eleitoral e a eleição seja definida através de conchavos, mentiras e compras de votos. Em 2022, no Brasil inteiro, nós (a juventude) fomos centrais para a vitória de Lula. Tiramos mais de 2 milhões de títulos de eleitores, e contribuímos para a derrota de Bolsonaro nas urnas. E para além de votar, queremos ser ouvidos! Os estudantes gaúchos têm muito a contribuir para a Porto Alegre que sonhamos. Queremos formular um novo transporte público com mais qualidade, sobre o nosso direito de estudar sem medo, sobre os nossos sonhos de entrar na universidade e sair com o diploma na mão. Queremos direito à cultura, ao rolê e à felicidade.
Até 8 de maio geral com o título na mão: jovens com 16 anos ou que completam 16 anos até o dia da eleição, estudantes de outras regiões do estado e do país que residem em Porto Alegre e todos aqueles que têm domicílio na cidade. Título na mão para derrotar Melo e varrer o bolsonarismo daqui! E para além disso, título na mão para construir com altivez a Porto Alegre que queremos viver, onde nós jovens sejamos protagonistas das principais mudanças e não apenas coadjuvantes.
*Alejandro Guerrero é Presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio Grande do Sul (UEE/RS).
-Fonte: Sul21
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