segunda-feira, 11 de novembro de 2024

‘Trump venceu. E agora, José, para onde?’ - Coluna Crítica & Autocrítica - nº 236*

 


Por Júlio Garcia**

*ELEIÇÕES NOS EUA – ‘Trump venceu. E agora, José, para onde?’ – A seguir, transcrevo extratos do artigo de Valter Pomar, historiador e dirigente nacional do PT, publicado originalmente no site Brasil247, onde pode ser lido na íntegra:

“Se não houver nenhuma surpresa, no dia 20 de janeiro de 2025 Trump voltará a presidir os Estados Unidos. Detalhe: o candidato do Partido Republicano conseguiu maioria de votos no Colégio Eleitoral e, também, conseguiu maioria entre os eleitores. O que explica este resultado? O que mudará na política externa e interna dos Estados Unidos? O que farão aqueles que equipararam Trump, não apenas com o fascismo, mas também com o nazismo?  O que devemos fazer nós, na América Latina e Caribe, especialmente no Brasil?

Nas próximas horas, dias e semanas, muita gente vai queimar os neurônios tentando responder estas e outras questões. A seguir, algumas opiniões. Primeiro: fenômenos complexos geralmente não têm uma única causa. Mas tudo indica que a vitória de Trump, inclusive com maioria de votos populares, está relacionada com a situação econômica dos Estados Unidos.

Alguém poderia dizer: mas os índices econômicos dos EUA são positivos (como os do Brasil, acrescentaria alguém da Fazenda brasileira)! Sim, isto é verdade.

Mas, como no Brasil, o julgamento popular não coincide com os índices.  Além disso, e muito mais importante, o que está em jogo não é apenas a situação econômica no sentido estrito do termo; o que está em jogo é algo mais profundo, a saber, o lugar dos Estados Unidos no mundo. (...) Em algumas questões, significará mais do mesmo ou uma radicalização do que já está acontecendo. Noutras questões, teremos novidades. A esse respeito, recomendo ler o seguinte artigo: ‘Kamala e Trump são opostos?Três exemplos mostram que nem tanto’

Mas, seja lá o que Trump efetivamente venha a fazer, o impacto político imediato será o envalentonamento da extrema-direita mundo afora e a decorrente polarização. Um verdadeiro inferno para os que têm medo da polarização. Mas como a polarização existe, gostemos ou não, temos que nos preparar para vencer.

Para alguns isso exige "ir para o centro", ou seja, aprofundar as alianças entre a esquerda e a direita gourmet. Acontece que uma fórmula aparentada com esta foi derrotada nas eleições estadunidenses. O "social liberalismo democrático" é incapaz de vencer a extrema-direita. Claro, os caminhos alternativos - por exemplo, "ir para a esquerda" - não são nada fáceis.

Mas é o que temos, se não quisermos que se repita aqui o que acabou de acontecer na gringolândia. Trata-se de tomar medidas mais profundas e velozes para garantir nossa soberania econômica, o que entre outras coisas exige deixar de lado as limitações do Calabouço Fiscal.

Trata-se de tomar medidas urgentes para reconstruir a integração regional, o que entre outras coisas exige voltar a manter boas relações com o governo da Venezuela.

Trata-se de aprofundar as relações com os BRICS, o que entre outras coisas significa estabelecer um acordo de alto nível entre a China e o Brasil, na recente visita que Xi Jinping fará ao Brasil. Trata-se, enfim, de voltar a pensar a longo prazo. ” (...)

...

**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, ecologista, 'poeta bissexto', articulista e midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT (Nacional e Estadual). Integrou a primeira direção da 1ª Zonal do PT de Porto Alegre e o Diretório Estadual do PT/RS. Também foi Secretário Geral do PT de Canoas/RS, assim como fundador e Presidente do PT de Santiago/RS. -Coluna originalmente publicada no Jornal A Folha (em 08/11/2024), do qual é Colunista (circula em Santiago/RS e Região).

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

PT, resistirmos: “A que será que se destina” (Caetano Veloso)?

 

     Bandeiras do PT (Foto: Lula Marques)

"Penso que perdemos ou estamos a perder o papel de partido educador", escreve Donizete Nogueira

"Realizar as eleições para as direções do PT em maio de 2025 pode levar o partido a fazer mais do mesmo e não mudar a maneira de se relacionar com as massas, continuando no caminho que tem nos afastado da interlocução com elas. 

Penso que perdemos ou estamos a perder o papel de partido educador/educando, lição que nos ensinou o mestre Paulo Freire. Isso é grave. O fato se torna mais grave ainda porque não está surgindo outra ferramenta de luta que possa substituir o papel que o PT tem cumprido há mais de quatro décadas. 

É certo que precisamos considerar que sobrevivemos a um tsunami contínuo que principiou com a Ação Penal 470, há 20 anos, numa onda persecutória que cresceu em volume e violência com a chamada Lava Jato. O processo chegou ao ápice com a prisão arbitrária de Lula e o golpe contra a presidenta Dilma Roussef. Isso, sem contar a caçada implacável a dirigentes importantes como José Dirceu, Zé Genuíno, Delúbio Soares e João Vaccari, entre outros. 

Esse tsunami, começou a ser quebrado com as denúncias da Vaza Jato, que podemos dizer que foi um movimento do acaso, e finalmente se quebrou na praia com a eleição de Lula em 2022, para um terceiro mandato. Mas ainda não nos hidratamos o suficiente para nos curar da ressaca, pois um tsunami deixa muitos estragos e entulhos, que precisam ser concertados e retirados. Isso exige muito esforço, pois são grandes as dificuldades, e me parece que ainda não encontramos o jeito correto de lidar com a situação." (...)

*CLIQUE AQUI para continuar lendo esse importante, propositivo, crítico e reflexivo artigo de autoria do companheiro Donizeti Nogueira, ex-senador pelo PT do Tocantins. (Via site 247)

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Sábado, dia 09, tem Tributo Pink Floyd com a banda RetroPool (na Dom Carlos Cervejaria, em Santiago/RS)

 


'Essa é uma oportunidade para fãs de todas as idades experimentarem a magia psicodélica que caracterizou a obra do Pink Floyd.

Seja você um admirador de longa data ou um novo ouvinte, a RetroPool irá oferecer algo único: a chance de se conectar com a música em um nível mais profundo.' (...)



*CLIQUE AQUI para ler, na íntegra, a postagem do SantiagoNews.

A Venezuela realmente existente

Falar das mentiras repetidas que viram verdade não adianta, pois a simples menção da “Venezuela” bloqueia o valor dessa velha lição sobre a manipulação (Anísio Pires)


Economia da Venezuela é alvo de sanções e bloqueios dos EUA há mais de uma década. (Foto: Marco Weissheimer)

A quantidade e a “qualidade” das coisas ditas sobre a Venezuela sempre surpreendem.  Sem saber muitas vezes o que responder, nos indignamos ou damos gargalhadas pelas estapafúrdias histórias nas quais se acredita. No entanto, o assunto é sério e perigoso. Nos dias 29 e 30 de julho passado, assassinaram 27 pessoas em protestos “pacíficos” que “reclamavam” pelo resultado eleitoral. Todos os que morreram apoiavam o governo, ninguém era da “oposição pacífica”. Tendo o governo bolivariano, como todos no mundo, o mando das forças militares e policiais, como explicar que a “ditadura” não reagiu para vingar essas mortes? 

Falar das mentiras repetidas que viram verdade (Goebbels) não adianta, pois a simples menção da “Venezuela” bloqueia o valor dessa velha lição sobre a manipulação. Parece o fumante e o cigarro. A pessoa sabe que faz mal, mas pelo vício, continua. O “vício” de atacar a Venezuela pode mais que a verdade e na era das redes e dos algoritmos, ideias para prevenir enganos dificilmente atravessam os muros psicológicos. 

Repetir que a Venezuela “tem problemas como qualquer país” tampouco explica nada. Moro na Ilha de Margarita (estado Nueva Esparta) que possui algumas vantagens, mas também desvantagens em relação ao resto do país. Fora isso, tudo normal. Deixo o convite-desafio. Venham e confiram pessoalmente, em qualquer horário e cidade que escolherem, se a mídia interessada mente ou não. (...)

-Continue lendo o artigo (postado originalmente no Sul21) do professor e sociólogo venezuelano Anísio Pires clicando AQUI.

domingo, 3 de novembro de 2024

PT fará conferência em dezembro para discutir os rumos da legenda

A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, é uma das vozes mais firmes contra a ideia de uma guinada para o centro

Luiz Inácio Lula da Silva e Gleisi Hoffmann (Foto: Ricardo Stuckert)

Em dezembro, o Partido dos Trabalhadores (PT) realizará uma conferência para reavaliar seu papel e seus caminhos diante das transformações políticas, sociais e econômicas que o Brasil tem enfrentado nas últimas décadas. Conforme noticiado por Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, a iniciativa surgiu antes mesmo do segundo turno das eleições municipais deste ano, mas os resultados insatisfatórios das urnas intensificaram a necessidade de um debate interno sobre a identidade e a direção da legenda. 

Em 2025, o PT deverá escolher sua nova liderança, e a expectativa é que essa conferência desempenhe um papel importante na definição dos rumos que a legenda seguirá. Dividido entre manter-se fiel às suas bases tradicionais e a possibilidade de adotar um posicionamento mais ao centro para atrair novos eleitores, o partido se vê em um momento decisivo. Entre as principais questões em pauta, está a abordagem de temas contemporâneos sem perder o compromisso com os valores históricos que definem a legenda. 

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, é uma das vozes mais firmes contra a ideia de uma guinada para o centro. Para ela, o PT deve manter sua essência e não ceder a pressões para mudar de identidade em busca de votos. “É essencial discutir o papel do PT em um contexto novo de trabalho, de comunicação digital, mas sem abandonar os valores e as bandeiras que sempre nos definiram,” afirma Gleisi, que ressalta a importância de temas como igualdade de gênero e inclusão social na pauta da legenda. Ela reage com firmeza às críticas de que o PT teria um enfoque "identitário" demais, insistindo que questões como a igualdade para as mulheres, maioria da população brasileira, são centrais para qualquer projeto político que se proponha a transformar o país. "Dizem que o PT está identitário. Mas a questão da mulher é identitária? As mulheres são a maioria do país, e é preciso defender seus direitos”, destacou. 

Gleisi ainda rebateu críticas que sugerem uma aproximação do partido com uma visão conservadora sobre o papel da mulher, como foi manifestado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em declarações recentes. “Vamos agora fazer como a Michelle Bolsonaro?”, ironizou Gleisi, ao criticar a ideia de uma política centrada em um "maridão machão e gestor" enquanto a mulher assume um papel restrito ao social. "Não é essa a nossa pegada", reforçou, defendendo que o PT mantenha uma agenda de luta pela equidade e inclusão.

A conferência contará com a presença de nomes respeitados do meio acadêmico e intelectual, como José Luís Fiori, Sebastião Velasco, Marcio Pochmann, André Singer, Margarida Salomão, Renato Meireles e Renato Janine Ribeiro, que contribuirão para debates sobre temas como as mudanças na economia e o impacto das novas tecnologias na sociedade. Essas discussões serão fundamentais para que o PT avalie os caminhos que pretende seguir e os valores que quer preservar para enfrentar os próximos desafios.

*Fonte: https://www.brasil247.com/

sábado, 2 de novembro de 2024

‘A LUTA DE CLASSES É LONGA E TORTUOSA’ - Coluna C&A - nº 235

 


*SOBRE AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS – “Honestidade na análise: Pro balanço ser correto, é preciso honestidade intelectual na análise. Nas eleições 2024, o que aconteceu foi recuperação de terreno e imaginário político para a Esquerda face a desconstrução originada pelo Golpe de 2016. Ora, o Golpe de 1964 levou mais de duas décadas para ser derrotado. Veio o Golpe de 2016 e com ele a profecia das elites: o PT morreu, a Esquerda acabou. Não se passou uma década e voltamos à presidência da República, além de crescer na eleição de 2024. (...)

Vamos aos fatos? Existem 4 forças políticas poderosas no país: a Esquerda, a Direita, o Centrão e a Máquina. Com raríssimas exceções, esta eleição foi a Esquerda concorrendo sozinha contra as outras três forças. Resultado? Além de algumas vitórias importantes, a Esquerda fazendo em torno de 40%, 45%, 49%. O que isso indica? Nítida recuperação de terreno e imaginário político apenas 8 anos depois de um processo de golpe que pretendeu nos varrer do mapa, apagar a Esquerda dos corações e mentes das pessoas. (...)

O PT cresceu mais de 30% no número de prefeituras, volta a governar capital, após duas eleições em branco, e contou com vitórias importantes em cidades com mais de 200 mil eleitores, como Fortaleza, Pelotas, Camaçari, Mauá, Contagem e Juiz de Fora. Tudo num cenário de maior nível de reeleições da história. Além disso, uma nova geração quadros está vindo, especialmente com mandatos vibrantes em capitais e grandes cidades, vereadores jovens e conectados com novas e antigas pautas, além da manutenção de quadros já tradicionais.

Em Porto Alegre o PT voltou a ser o mais votado da cidade e a ter a maior bancada na Câmara de Vereadores. Junto, PSol e PCdoB elegeram bancadas representativas e a Esquerda cresceu em seu conjunto. Já Maria do Rosário [PT], acompanhada de Tamyres [(PSOL], defendeu uma linha que era exatamente o que a militância e as direções dos partidos desejavam, representou nosso programa e deixou um legado de temas e pautas para que a oposição a Melo esteja estruturada em sua luta. Não teve denúncia que não foi feita, proposta que não foi publicizada, pauta que não foi apresentada. Em todos os debates Maria se apresentou com uma postura firme, impecável.

Com as dificuldades mil do enfrentamento às elites e à Extrema-Direita deste país, é preciso perceber que mantivemos e avançamos em terreno e imaginário. Zero a lamentar e pouco a descansar. Todos nossos esforços a não só preparar o enfrentamento de 2026, mas também em fazer a disputa de classe, especialmente no campo econômico e social, com um PT e demais partidos de Esquerda fortalecidos, nítidos em suas causas. Seguimos!” (Resumo do artigo do companheiro cientista político Rodrigo Oliveira no site Sul21. A íntegra também pode ser lida no Blog do Júlio Garcia, que edito).

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*‘A LUTA DE CLASSES É LONGA E TORTUOSA’“Desde que surgiram as classes sociais, com o escravismo, existe a luta de classes. Ela é longa e tortuosa. Há momentos de avanços e retrocessos. Vivemos uma conjuntura de avanços do conservadorismo, da direita e do fascismo em todo mundo (as causas não cabem aqui neste curto espaço).

Uma derrota eleitoral dificulta a luta dos que desejam a transformação, mas não altera radicalmente a correlação de forças, desde que tenhamos disposição para nos organizarmos e definir estratégias de resistência e de luta. Serve, também, para entendermos as enormes limitações do sistema eleitoral liberal burguês. 

Nosso objetivo, neste momento tem de ser: organização, formação e luta.” (Considerações do companheiro e professor Eliezer Pacheco, sobre os resultados - e suas consequências -  das últimas eleições municipais, especialmente no RS).

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**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, ecologista, 'poeta bissexto', articulista e midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT (Nacional e Estadual). Integrou a primeira direção da 1ª Zonal do PT de Porto Alegre e o Diretório Estadual do PT/RS. Também foi Secretário Geral do PT de Canoas/RS, assim como fundador e Presidente do PT de Santiago/RS.

-Coluna originalmente publicada no Jornal A Folha (em 01/11/2024), do qual é Colunista (circula em Santiago/RS e Região).