A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, é uma das vozes mais firmes contra a ideia de uma guinada para o centro
Luiz
Inácio Lula da Silva e Gleisi Hoffmann (Foto: Ricardo Stuckert)
Em
dezembro, o Partido dos Trabalhadores (PT) realizará uma conferência para
reavaliar seu papel e seus caminhos diante das transformações políticas,
sociais e econômicas que o Brasil tem enfrentado nas últimas décadas. Conforme
noticiado por Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, a iniciativa surgiu antes
mesmo do segundo turno das eleições municipais deste ano, mas os resultados
insatisfatórios das urnas intensificaram a necessidade de um debate interno
sobre a identidade e a direção da legenda.
Em
2025, o PT deverá escolher sua nova liderança, e a expectativa é que essa
conferência desempenhe um papel importante na definição dos rumos que a legenda
seguirá. Dividido entre manter-se fiel às suas bases tradicionais e a
possibilidade de adotar um posicionamento mais ao centro para atrair novos
eleitores, o partido se vê em um momento decisivo. Entre as principais questões
em pauta, está a abordagem de temas contemporâneos sem perder o compromisso com
os valores históricos que definem a legenda.
A
presidente do PT, Gleisi Hoffmann, é uma das vozes mais firmes contra a ideia
de uma guinada para o centro. Para ela, o PT deve manter sua essência e não
ceder a pressões para mudar de identidade em busca de votos. “É essencial
discutir o papel do PT em um contexto novo de trabalho, de comunicação digital,
mas sem abandonar os valores e as bandeiras que sempre nos definiram,” afirma
Gleisi, que ressalta a importância de temas como igualdade de gênero e inclusão
social na pauta da legenda. Ela reage com firmeza às críticas de que o PT teria
um enfoque "identitário" demais, insistindo que questões como a
igualdade para as mulheres, maioria da população brasileira, são centrais para
qualquer projeto político que se proponha a transformar o país. "Dizem que
o PT está identitário. Mas a questão da mulher é identitária? As mulheres são a
maioria do país, e é preciso defender seus direitos”, destacou.
Gleisi ainda rebateu críticas que sugerem uma aproximação do partido com uma visão conservadora sobre o papel da mulher, como foi manifestado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em declarações recentes. “Vamos agora fazer como a Michelle Bolsonaro?”, ironizou Gleisi, ao criticar a ideia de uma política centrada em um "maridão machão e gestor" enquanto a mulher assume um papel restrito ao social. "Não é essa a nossa pegada", reforçou, defendendo que o PT mantenha uma agenda de luta pela equidade e inclusão.
A conferência contará com a presença de nomes respeitados do meio acadêmico e intelectual, como José Luís Fiori, Sebastião Velasco, Marcio Pochmann, André Singer, Margarida Salomão, Renato Meireles e Renato Janine Ribeiro, que contribuirão para debates sobre temas como as mudanças na economia e o impacto das novas tecnologias na sociedade. Essas discussões serão fundamentais para que o PT avalie os caminhos que pretende seguir e os valores que quer preservar para enfrentar os próximos desafios.
*Fonte: https://www.brasil247.com/
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