segunda-feira, 1 de abril de 2024

O golpe de 64 e o dia da mentira

O golpe de 64 foi no dia primeiro de Abril, mas pegaria mal dar golpe no dia da mentira, então os militares criaram a lenda do 31 de março 

Tanques tomam as ruas em abril de 1964. (Foto: Domínio Público)

Por Marcia Tiburi*

Diz-se que em 31 de março se completaram os 60 anos do Golpe de 1964, contudo, em 1 de abril também. A confusão da data serve à sustentação da ideologia dos torturadores mentais e físicos, que passa sempre pela produção da confusão. 

É preciso hipnotizar, deixar o povo tonto para que acreditem e sejam capazes de aprovar e de apoiar a maldade e a estupidez que faz parte do jogo de poder patriarcal e capitalista na base de toda ditadura. 

Ou seja, a mentira é uma necessidade técnica do autoritarismo para a garantia de qualquer golpe. Assim, o golpe de 2016 também não teria acontecido sem a mentira. 

O golpe de 64 foi no dia primeiro de Abril, mas pegaria mal dar golpe no dia da mentira, então os militares criaram a lenda da revolução do 31 de março. 

Nada combina mais com um golpe do que a mentira. 

A história é sempre atacada pela mentira. A mentira odeia a memória. A mentira odeia a reflexão. 

Tudo o que a extrema-direita e as personalidades autoritárias têm na vida é a mentira que organiza todas as suas tecnologias políticas contra a democracia. 

Não há nada mais triste do que uma vida sustentada sobre a mentira. 

Os produtores de mentiras, os mesmos que promoveram e produziram o avanço do fascismo, e que levaram o mentiroso mor do Brasil ao poder em 2018 através das Fake News e da produção de um sistema inteiro de desinformação, odeiam tudo e todos que colocam em questão a urgência da verdade. 

Se trata sempre da verdade a ser restabelecida, apesar de tudo.

Ao contrário da mentira, a verdade dá trabalho. Mas vale a vida. E traz muito prazer. Um prazer desconhecido dos cínicos e dos canalhas.

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*Professora de Filosofia, escritora, artista visual

 -Via https://www.brasil247.com/

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