O golpe de 64 foi no dia primeiro de Abril, mas pegaria mal dar golpe no dia da mentira, então os militares criaram a lenda do 31 de março
Tanques
tomam as ruas em abril de 1964. (Foto: Domínio Público)
Por Marcia Tiburi*
Diz-se
que em 31 de março se completaram os 60 anos do Golpe de 1964, contudo, em 1 de
abril também. A confusão da data serve à sustentação da ideologia dos
torturadores mentais e físicos, que passa sempre pela produção da confusão.
É
preciso hipnotizar, deixar o povo tonto para que acreditem e sejam capazes de
aprovar e de apoiar a maldade e a estupidez que faz parte do jogo de poder
patriarcal e capitalista na base de toda ditadura.
Ou
seja, a mentira é uma necessidade técnica do autoritarismo para a garantia de
qualquer golpe. Assim, o golpe de 2016 também não teria acontecido sem a
mentira.
O
golpe de 64 foi no dia primeiro de Abril, mas pegaria mal dar golpe no dia da
mentira, então os militares criaram a lenda da revolução do 31 de março.
Nada
combina mais com um golpe do que a mentira.
A
história é sempre atacada pela mentira. A mentira odeia a memória. A mentira
odeia a reflexão.
Tudo
o que a extrema-direita e as personalidades autoritárias têm na vida é a
mentira que organiza todas as suas tecnologias políticas contra a democracia.
Não
há nada mais triste do que uma vida sustentada sobre a mentira.
Os
produtores de mentiras, os mesmos que promoveram e produziram o avanço do
fascismo, e que levaram o mentiroso mor do Brasil ao poder em 2018 através das
Fake News e da produção de um sistema inteiro de desinformação, odeiam tudo e
todos que colocam em questão a urgência da verdade.
Se trata sempre da verdade a ser restabelecida, apesar de tudo.
Ao contrário da mentira, a verdade dá trabalho. Mas vale a vida. E traz muito prazer. Um prazer desconhecido dos cínicos e dos canalhas.
...
*Professora de Filosofia, escritora, artista visual
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