"O bolsonarismo está com os dias contados. Bolsonaro está a um passo de ver o sol de Brasília nascer quadrado", avalia Eduardo Guimarães
Por Eduardo Guimarães*
Se
a disputa política no Brasil fosse um jogo de futebol, poder-se-ia dizer que a
extrema-direita está perdendo pelo doloroso placar de 7 a 1. E em alguns meses
será rebaixada para a segunda divisão -- ou menos.
Por
quê? Como? Quando? Onde? Ora, quem está morrendo é o PT, que teve um desempenho
pífio na eleição municipal, diriam os "bolsonaristas moderados"
midiáticos, que acham que os termos selvageria e moderação cabem na mesma
frase.
Dizem
os analistas voluntaristas que o PT -- e quando falamos em PT, falamos
indiretamente de toda esquerda -- elegeu apenas 251 prefeitos e nenhum prefeito
de capital. E que o bolsonarismo está tendo um grande desempenho.
De
fato, o PL, partido de Jair Bolsonaro, aumentou em 179 o número de prefeituras
— 523 no primeiro turno de 2024 contra 344 no total de 2020. Mas isso significa
o quê?
Analistas
da imprensa corporativa garantem que a "derrota" da esquerda em 2024
ameaça a reeleição de Lula em 2026... Uau!
Será
mesmo? Uma ova! Em 2020 a derrota da esquerda foi muito pior; o PT tampouco
elegeu prefeito de capital -- e ainda pode eleger um ou mais neste ano -- e o
total de prefeitos eleitos foi ainda menor que neste ano: 182 prefeituras
naquele ano contra 251 neste.
A
previsão dos tais "analistas" cheios de doutorados e outros bichos
foi a de que a derrota da esquerda naquele ano pavimentava sua derrota em
2022...
Precisa
dizer mais? "Ah, Eduardo, mas Lula venceu com uma frente ampla". Sim,
verdade, mas que outro candidato teria vencido com frente ampla? A mídia até
ensaiou com Moro e outros balões de ensaio e nenhum decolou. Sim, a frente
ampla ajudou, mas quem venceu foi Lula.
E
a vitória da frente ampla de Lula só não foi mais ampla, por assim dizer,
porque Bolsonaro gastou 2% do PIB em compra de votos de todos os tipos, cores e
formatos, dando dinheiro até para taxista -- e nem tramita alguma ação penal
contra ele por isso.
Em
2026, a máquina estará na mão de um certo pernambucano de Garanhuns que já
avisou que presidente que não se reelege mesmo tendo a máquina na mão é
"incompetente".
Como
se não bastasse, o bolsonarismo está com os dias contados. Por quê? Ora, porque
Bolsonaro está a um passo de ir ver o sol de Brasília nascer quadrado pela
janela de uma cela do mesmo QG do Exército que serviu de palco para sua
tentativa de golpe.
Senão,
vejamos: a Primeira Turma do Supremo acaba de desferir três diretos no queixo
de Bolsonaro numa única sessão: negou pedido para se comunicar com outros
investigados no inquérito do golpe, indeferiu devolução do passaporte dele e
negou acesso de sua defesa ao conteúdo da delação de Mauro Cid.
Outra:
a menos de uma semana da votação decisiva para o segundo turno, diversos
candidatos bolsonaristas viram o sinal de alerta acender nesta semana. Em nove
capitais, aliados de Bolsonaro estão em desvantagem.
Mais
uma: Evangélicos começam a ceder aos encantos de Lula. Os donos de igrejas
evangélicas não aguentam mais permanecer tanto tempo distantes do governo
federal e não veem razão para isso enquanto o ex-Bolsonaro caminha em marcha
batida rumo ao cárcere.
Mais
outra: pela primeira vez, o PGR diz claramente que a batata de Bolsonaro está
mais do que assada. Disse na resposta a enésimo pedido de revogação de
restrições do ex-presidente que tem provas de que ele está envolvido no 8 de
janeiro. Enquanto isso, Moraes já marcou o fim da linha para ele: 27 de
novembro.
Bolsonaro e o bolsonarismo estão morrendo porque esse estilo de fazer política está levando seu autor ao cárcere. Só falta, agora, escolherem as palavras a ser inscritas em suas lápides políticas. Alguma sugestão?
*Editor do Blog da Cidadania (fonte desta postagem)
Nenhum comentário:
Postar um comentário