Por obra e mérito exclusivo da sociedade civil brasileira, apesar do vergonhoso boicote da mídia e de políticos conservadores, o Plebiscito Popular da Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político traz um recado: os brasileiros sabem sim sr. se mobilizar e estão mais do que preparados para exercer sua cidadania e o direito de decidirem sobre as questões estruturais do país.
É o que atestam os números impressionantes da Consulta Popular sobre a Reforma Política: foram 7,75 milhões de votos entre os dias 1º e 7 de setembro. Repetimos, tudo sob o silêncio vergonhoso da imprensa que deu poucas notícias sobre o tema e nada fez para divulgá-lo, apesar do plebiscito ter criado 2 mil comitês em todos os 27 Estados do Brasil e atender a uma das principais demandas das mobilizações de junho do ano passado.
Do total de votos, entre os que deram sua opinião sobre os rumos do país, a quase totalidade – 97,05% – apoiou a convocação da Assembléia Exclusiva para a Reforma Política. Apenas 2,57% foram contrários à proposta (não chegaram a 200 mil votos). Somados, os votos brancos (0,20%) e nulos (0,17%) ficaram abaixo de 30 mil. A reforma política, registre-se, é anseio, e é apoiada, por mais da metade da população brasileira, conforme as últimas pesquisas de opinião pública realizadas a respeito.
Do total de votos, 6,95 milhões de pessoas preferiram votar nas 40 mil urnas físicas espalhadas em todos o país; e 1,74 milhão optou pela votação virtual. Segundo a coordenadora da campanha, Paola Estrada, o número de votos virtuais poderia ser até mais expressivo não fossem os ataques e as tentativas de hackeamento sofridos ao longo da consulta que atrapalharam a finalização de muitos votos. Ela aponta que o site foi acessado por 5 milhões de pessoas.
Papelão de Alckmin
Além do papelão da mídia, que preferiu se omitir por completo na mobilização, os organizadores da campanha denunciaram a postura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Segundo eles, Alckmim chegou a proibir que urnas fossem colocadas nas escolas estaduais e enviou ofício aos diretores da rede pública paulista recomendando que evitassem discussão em sala sobre o Plebiscito.
Para Vagner Freitas, presidente nacional da CUT, isso “faz parte do processo de enfrentamento contra o nosso plebiscito. Afinal de contas, ele (Alckmin) é defensor do financiamento (privado) empresarial de campanha eleitoral, um dos pontos que queremos mudar com a reforma política”. Como vocês sabem, o fim do financiamento das empresas privadas às candidaturas e aos partidos é uma das principais bandeiras do movimento social.
“Eu acho que se ele concordasse com as propostas do plebiscito teria facilitado a coleta de votos nas escolas. Só consigo imaginar (esse comportamento) por uma posição contrária dele ao que propunha o plebiscito. Como eu não sei a posição dele, penso que seja isso. Não acredito que o governador do Estado tenha feito isso apenas por um ato de mesquinhez. Ele deve ter mais coisas para fazer”, complementou Freitas.
Blindagem da mídia
Freitas também enfatizou o sucesso do Plebiscito, apesar da blindagem contra da mídia. “Levando em consideração a voz contrária e a mídia tradicional que não deu espaço, como se esse debate não tivesse a mínima importância, mostramos que o Brasil está apto para ter uma nova Constituinte”. Em sua visão – e nós aqui no blog estamos de acordo com ele – a participação de quase 8 milhões de brasileiro é um resultado espetacular, levando-se em consideração esta “blindagem da mídia” e o baixo orçamento da empreitada.
Na mesma toada, o coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues destacou: “o resultado do plebiscito demonstra que há apoio popular para que possamos construir uma nova constituinte. E exclusiva”. Ele também reclamou do boicote da imprensa à consulta popular: “Tivemos que lutar contra um boicote da grande mídia, que boicotou a comunicação do plebiscito durante todo o tempo. E tivemos que fazer a campanha durante um período eleitoral, quando outros temas estavam na pauta”.
Agora, a organização da campanha vai entregar as 7,75 milhões de assinaturas aos presidentes dos três poderes, em um ato público a ser realizado em Brasília, nos dias 14 e 15 de outubro. Segundo Rodrigues, o ato será a oportunidade de fazer uma organização de campanha politico-pedagógica, debatendo com a sociedade a importância de se fazer a reforma política. “Essa reforma vai privilegiar os trabalhadores, os sem terra, as mulheres, os homossexuais. Enfim, todos aqueles que não se sentem representados na política”.
*via http://www.zedirceu.com.br/