terça-feira, 31 de março de 2015

Comunicado aos colaboradores do Grupo RBS





Por Marcelo da Silva Duarte (*)

Nada como um dia depois do outro.

Principalmente para um moralista de plantão.

Como é representar uma empresa suspeita de corrupção, que supostamente paga propina para se livrar de débitos tributários? Qual é a sensação de saber que parte do salário que vocês recebem no final do mês é pago, supostamente, graças à corrupção – essa mesma que, insistentemente, tem assolado nossa política -? Como é saber que a expansão empresarial do Grupo RBS supostamente é patrocinada pela corrupção, pela sonegação de tributos que fazem falta para a educação, para a saúde, para as estradas? Como será, a partir de agora, produzir uma matéria, ou escrever um artigo, sobre o “caos na saúde”, se supostamente vocês contribuíram para ele?

A empresa que vocês representam ainda não foi condenada? Bem, mas o que isso importa? Quando vocês, jornalistas do Grupo RBS, se preocuparam com a verdade e com apurações quando escândalos desse tipo envolveram políticos, não é mesmo?

Como é ser vidraça?

E agora, sob a luz dessa acusação, como será falar, em seus programas de rádio, em suas colunas de jornal impresso, sobre propinas pagas por empresários para políticos e diretores da Petrobras? Como será descer do “pedestal ético” do Grupo RBS, do qual se olhou para todos,indistintamente, durante um bom tempo? Do alto do qual políticos, juízes, promotores, funcionários públicos, agentes políticos, profissionais liberais e cidadãos comuns foram julgados impiedosamente?

Com que moral um representante do Grupo RBS falará sobre isso?

Aliás, com que moral um representante do Grupo falará, a partir dessa denúncia, sobre qualquer coisa que envolva o conceito de corrupção?

Vocês citarão os nomes dos executivos da RBS que supostamente pagaram propinas para funcionários públicos corruptos? E os nomes dos lobistas que supostamente intermediaram essa negociação, vocês dirão? Estão ansiosos por essa lista como estiveram pela famosa “lista de Janot”?

E os editoriais do Grupo RBS, pródigos em acusações, em apontar para a falência moral da política? Como é estar na mesma vala de suspeição, no mesmo nível moral dos políticos e empresários por vocês publicamente execrados?

Por um bom tempo vocês enganaram muitas pessoas. Há aqueles, porém, que jamais engoliram a incompetência, o falseamento da verdade, a ignorância, a má-fé e o exercício diário de crenças irrefletidas praticados por vocês, sabujos do Grupo RBS. Hoje é um dia de alma lavada. Hoje o que resta da dignidade do jornalismo está em festa, pois a face que não presta do jornalismo brasileiro começou a ser desmascarada. Hoje as pessoas que vocês enganaram por um bom tempo também sabem que vocês escrevem a soldo de gente supostamente tão desqualificada moralmente quanto o que há de mais rasteiro na política brasileira. É nessa lama que vocês, colaboradores, parecem indiretamente chafurdar diariamente, sem qualquer espécie de distinção ética, pois pelo menos parte do salário de vocês parece ser pago com o mesmo tipo de dinheiro sujo que movimentou o famoso “Mensalão” e outros tantos escândalos semelhantes. Dinheiro sonegado é dinheiro sujo, além de fazer falta para quem mais precisa do Estado.

Como será saber que seu empregador, caso as denúncias sejam verdadeiras e a culpa do Grupo RBS reste provada, é corresponsável pela pobreza, pela miséria, pela histórica falta de Estado para os mais necessitados? Com que moral vocês irão criticar programas públicos de assistência social, uma vez que há tal assistência também porque há corruptos?

Não há nenhuma diferença moral entre a corrupção supostamente praticada pelos seus patrões e a patrocinada por “mensaleiros” e operadores do esquema da Petrobras, o dito “petrolão”.

Aliás, como será batizada a propina supostamente paga pelos executivos do Grupo RBS a fim de livrar a empresa de débitos tributários?

Caso vocês ainda não tenham se dado conta, estamos falando de, supostamente, 19 bilhões de reais. De advocacia administrativa, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro. E, supostamente, nesse mesmo barco estão “queridinhos” do Grupo RBS, como o Grupo Gerdau – e não poucas vezes um conhecido integrante do referido Grupo nos deu lições baratas sobre ética nas páginas de opinião de veículos do Grupo RBS. E tudo isso, frise-se, dito pela Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público Federal e a Corregedoria do Ministério da Fazenda.

Que razões temos, portanto, para acreditar que tais denúncias são mais “fracas” do que aquelas que culminaram na condenação dos ditos “mensaleiros”?

E agora, como vocês irão dormir sabendo que todo o discurso moral – discurso assumido por cada um de vocês, diga-se de passagem – do Grupo que vocês representam pode nunca ter valido um tostão furado?

Vocês pedirão demissão? Pedirão desculpas públicas por representarem possíveis corruptos – e venderem seus discursos – por tanto tempo? Não é essa a atitude que vocês, colaboradores e porta-vozes da moralidade do Grupo RBS, costumam exigir de políticos?

Tenham o mínimo de dignidade. A mesma que vocês não pensam duas vezes em
exigir quando se trata de desqualificar a política.

(*) Marcelo da Silva Duarte, santiaguense,  é jornalista e blogueiro.

-Ilustração: Diário do Centro do Mundo

-Fonte: RS Urgente https://rsurgente.wordpress.com/

segunda-feira, 30 de março de 2015

Reforma Política: Ministro Rossetto defende fim do financiamento de empresas para combater corrupção


Miguel Rossetto foi palestrante do Fórum promovido pela Assembleia e destacou que há uma distorção política na representação da Câmara e do Senado|Foto: Guilherme Santos/Sul21
CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via Sul21) 

sábado, 28 de março de 2015

Operação Zelotes: RBS, maior afiliada da Globo, teria pago R$ 15 milhões para “desaparecer” débito de R$ 150 milhões

Parte do dinheiro apreendido na Operação Zelotes. Foto: Divulgação
Operação Zelotes envolve bancos, grandes empresas e afiliada da Globo
Segundo jornal, Bradesco, Santander, BR Foods, Camargo Corrêa, Petrobras e a RBS, afiliada da Globo no RS, estariam ligados ao esquema de corrupção
A operação realizada na quinta-feira 26 por diversos órgãos federais contra um esquema que causava o sumiço de débitos tributários, uma forma de desfalcar os cofres públicos, identificou várias grandes empresas e bancos entre os suspeitos de pagar propina para se livrarem de dívidas. Entre estas empresas está a  RBS, maior afiliada da Rede Globo.
Os investigadores, segundo o jornal o Estado de S. Paulo, desconfiam que a RBS pagou 15 milhões de reais para que desaparecesse um débito de 150 milhões de reais. Estariam envolvidas também Ford, Mitsubishi, BR Foods, Camargo Corrêa, Light, Petrobras e os bancos Bradesco, Santander, Safra, BankBoston e Pactual.
O esquema desbaratado pela Operação Zelotes subtraiu do Erário pelos menos 5,7 bilhões de reais, de acordo com as investigações de uma força-tarefa formada por Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público Federal e a Corregedoria do Ministério da Fazenda.
O esquema atuava no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão da Fazenda onde contribuintes podem contestar administrativamente – ou seja, sem passar pela Justiça – certas tributações aplicadas pela Receita.
A força-tarefa descobriu a existência de empresas de consultoria a vender serviços de redução ou desaparecimento de débitos fiscais no Carf. Tais consultorias tinham como sócios conselheiros ou ex-conselheiros do Carf. Elas conseguiam controlar o resultado dos julgamentos via pagamento de propinas. Entre seus clientes, estão as grandes empresas citadas pelo Estadão.
As investigações começaram no fim de 2013. Já foram examinados 70 processos em andamento ou já encerrados no Carf. No total, eles somam 19 bilhões de reais em tributos. Deste montante, os investigadores estão convencidos de que 5,7 bilhões foram ilegalmente “desaparecidos” nos processos já encerrados. Entre os crimes apurados na Zelotes, estão advocacia administrativa, tráfico de influência, corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Na operação, houve busca e apreensão em Brasília, Ceará e São Paulo. Na capital federal, foram apreendidos 16 carros – entre veículos de luxo, nacionais e importados –, três motos, joias, cerca de 1,8 milhão de reais, 9 mil dólares e 1,5 mil euros. Em São Paulo, foram apreendidos dez veículos e 240 mil, em reais e moeda estrangeira. No Ceará, dois veículos também foram apreendidos.
O Ministério da Fazenda informou que já abriu processos administrativos contras as empresas envolvidas, tendo como base a Lei Anticorrupção, a mesma que dá suporte a processos da Controladoria Geral da União contra empreiteiras metidas na Lava Jato.
Todas as empresas citadas pelo Estadão disseram ao jornal desconhecer as denúncias ou se negaram a comentar o caso.
Abaixo, a lista de débitos investigados de algumas das empresas, segundo o Estadão:
Santander – R$ 3,3 bilhões
Bradesco – R$ 2,7 bilhões
Gerdau – R$ 1,2 bilhão
Safra – R$ 767 milhões
RBS – R$ 672 milhões
Camargo Corrêa – R$ 668 milhões
Bank Boston – R$ 106 milhões
Petrobras – R$ 53 milhões
PS do Viomundo: Segundo o site da Polícia Federal, Zelotes significa falta de zelo ou cuidado fingido.  - Fonte: http://www.viomundo.com.br/

CPERS DESFILIA-SE DA CUT: 'EQUÍVOCO ABISSAL'


Manifestação da CUT e Movimentos Populares dia 13/03 em SP


Equívoco abissal!

A decisão da Assembléia Geral do Cpers Sindicato, por maioria, de desfiliar-se da Central Única dos Trabalhadores, a CUT (tirada ontem em Porto Alegre), reveste-se de um equívoco abissal. É de se lamentar que os professores gaúchos tenham se deixado levar por argumentos tão pífios e despolitizados. Ainda mais neste momento politicamente grave onde a direita, seus partidos e a mídia conservadora e monopolista aumentam os ataques não somente contra o PT, contra a esquerda e governo federal legitimamente eleito, mas atentam (com apelos ao golpe) também contra a Democracia, a Constituição e o Estado Democrático de Direito, e onde, neste contexto, a CUT, juntamente com os principais movimentos populares do país corretamente mobiliza-se (veja foto) na Defesa dos Direitos dos Trabalhadores, pela Constituinte da Reforma Política, pela Regulação e democratização da mídia, em Defesa da Petrobras e da Democracia...

Essa decisão (saída do Cpers da CUT, a histórica, aguerrida e principal central sindical dos trabalhadores brasileiros) só coloca mais 'lenha na fogueira' da oposição de direita - e do esquerdismo inconsequente - e irá mostrar, mais cedo ou mais tarde, quão equivocada foi.

Lamentável!

(Por Júlio Garcia, via face)

quarta-feira, 25 de março de 2015

Movimento Muda OAB! (Convite)




*Jantar de Confraternização do ‘MOVIMENTO MUDA OAB!’ de Canoas e Região Metropolitana

*Nesta quinta-feira às 20:00

*Local: CTG Brasão do Rio Grande, R. Men de Sá, 561 (esq. R. Borges de Medeiros), Canoas/RS.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Participação popular na votação do OP Canoas/RS superou expectativas







*Neste domingo, 22/03, 14.530 pessoas votaram na Segunda Rodada do Orçamento Participativo de Canoas/RSO número de participantes representa um crescimento de 19,4% em relação à edição 2012/2013.

*As 15 microrregiões escolheram uma obra cada e a população votou na Obra da Cidade. Elas escolheram a Obra da Cidade e mais uma demanda de sua microrregião.

*A Obra da Cidade mais votada foi a construção da sede da APAE, que  recebeu 4.381 votos. 

*Canoas, sem dúvida,  caminha para se tornar  a Capital da Participação Popular!

(com informações e fotos do face)

-Veja mais clicando AQUI

domingo, 22 de março de 2015

João Pedro, o Stédile




Por Selvino Heck*

Sou do tempo em que João Pedro era apenas João Pedro, sem o Stédile, Olívio sem o Dutra, Miguel sem o Rossetto, Tarso Genro apenas Tarso. Mas isso faz muito tempo.

Conheci João Pedro, ou Stédile, nos idos de 1973. Ele era estudante de Economia da PUCRS em Porto Alegre, à noite, eu de Teologia, de manhã, mesmo prédio. E o conheci de uma maneira hoje inimaginável. Escrevo desde sempre, em especial poesia, e era o responsável pelo mural da Faculdade, onde cada um publicava seus escritos ou expressava suas bobagens (eu tinha feito o mesmo no saudoso O Observador, no Seminário Seráfico de Taquari, RS).

Dia 11 de setembro de 1973 (ou 12, ou 13) publiquei um poema em homenagem a Salvador Allende, ‘suicidado’ pelo golpe militar. João Pedro leu o poema, gostou, encontramo-nos nos corredores da Universidade, juntamos um grupo de companheiras e companheiros para atuar no movimento estudantil da PUCRS, então altamente conservador. Em 1974, ele terminou o curso de Economia, foi fazer pós-graduação na UNAM, México.

Continuei nas lutas estudantis, tornei-me Representante dos alunos da Teologia junto à direção da Faculdade e Representante Geral dos alunos da PUCRS junto à Reitoria pelo DCE. Resultado: no segundo semestre de 1975, fui suspenso por um mês da Universidade e no início de 1976 foi negada minha matrícula na Teologia e Letras. Era uma forma de expulsão. Não foi preciso usar um Decreto de expulsão sumária da ditadura militar, o 477 (a ‘expulsão’ custou-me a negação da ordenação para padre no final de 1976, por decisão de D. Vicente Scherer).

No retorno de João Pedro do México, reencontramo-nos, eu, frade franciscano, morador nas vilas populares da Lomba do Pinheiro, e atuando nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), pastorais sociais e movimento comunitário, ele tornando-se assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Mais tarde, fiz parte da direção estadual e nacional da Pastoral Operária (PO), quando se aproximaram as lutas sindicais do campo e da cidade, as mobilizações urbanas e rurais, a construção de movimentos sociais como o MST. Estivemos no Encontro da Articulação Nacional de Movimentos Populares e Sindicais (ANAMPOS) em Taboão da Serra, SP, no início dos anos 1980, com Lula, Olívio Dutra, Frei Betto e outros, onde assentaram-se as bases da articulação do movimento sindical com os movimentos sociais do campo e da cidade das pastorais populares, futura construção da CUT e da Central de Movimentos Populares (CMP), e na construção e direção do Partido dos Trabalhadores.

Em 1983, com outros companheiros e companheiras, fundamos uma ONG para fazer formação (educação popular), apoiar os movimentos sociais urbanos e rurais e oposições sindicais do Sul do Brasil, chamada CAMP – Centro de Assessoria Multiprofissional -, em atuação ainda hoje. O MST estava surgindo: ocupações, acampamentos (Encruzilhada Natalino), mobilizações, lutas. A Secretaria do MST funcionava dentro da sede do CAMP.

2015. Circula nas redes sociais um anúncio, com foto: “PROCURADO- Líder do MST – Inimigo da Pátria (vivo ou morto). Denuncie – Recompensa: R$ 10 mil.”

O ‘procurado’ é João Pedro Stédile, ‘o maldito, o insuflador das massas, o ideólogo dos sem terra e da esquerda, o amigo de Lula e Fidel, o perigo vermelho’.

Joao Pedro é gremista (como eu; frequentemente cita o Grêmio em palestras e discursos), cristão (foi recebido pelo Papa Francisco em encontro com movimentos sociais em Roma), como descendente de italianos gosta de vinho, como gaúcho de churrasco, e de boas piadas e risadas. É comprometido desde sempre com os mais pobres, os lascados da história. Está do lado dos sem-terra, sim, que lutam pela terra, e a conquistam, e a plantam com sabedoria e, com os agricultores familiares, põem 70% dos alimentos na mesa de brasileiras/os, cada vez mais sem venenos e agrotóxicos. Os sem-terra são conscientes. Sabem o que querem, sabem seu projeto de Brasil, que não é o dos poderosos, não é o dos dominadores, não é dos que querem entregar a Petrobrás ao capital privado e/ou estrangeiro.

João Pedro teve, tem voz forte e não tem medo de dizer o que pensa, como líder, como pensador, como grande estrategista e orador. É, sim, recebido e ouvido por presidentes como Lula, Dilma, também por Itamar e Fernando Henrique, e pelo papa Francisco.

Estes são os motivos pelos quais é ‘procurado’, proclamado ‘inimigo da Pátria’ e jurado de morte. Porque defende e é líder de pobres e trabalhadores, porque fala a verdade, porque não se curva ao poder, porque luta pela justiça, pela liberdade, pela democracia, pela igualdade. Quem não consegue enfrentá-lo na luta de massas e nas ideias, só tem um jeito: eliminá-lo, imaginando excluí-lo da história.

Não conseguirão, porque atrás e à frente de João Pedro tem milhares, tem milhões: sem terras, agricultoras/es familiares, assentadas/os da reforma agrária, pescadoras/es, catadoras/es, seringueiras/os, metalúrgicas/os, mulheres, jovens, quilombolas, indígenas, quebradeiras de coco, safristas, pedreiros, lutadoras e lutadores da justiça e da liberdade.

‘Procurar’ João Pedro é procurar estes milhões que historicamente foram deserdados, mas hoje levantam a cabeça, não mais se curvam dizendo amém, estão sonhando, têm esperança!

*Selvino Heck é ex-deputado estadualpelo PT/TS; é Assessor Especial da Secretaria Geral da Presidência da República.

Fonte Sul21 - http://www.sul21.com.br/

STÉDILE, LÍDER DO MST, DENUNCIA A GLOBO E A DIREITA POR TENTATIVA DE GOLPE CONTRA DILMA



*Em Eldorado do Sul/RS, na abertura da colheita do arroz ecológico (com a presença da Presidenta Dilma, na sexta,  20/03), João Pedro Stédile, líder nacional do MST, denuncia tentativa de golpe da Globo e da direita reacionária. Veja excerto no vídeo acima.

-Leia mais sobre o evento clicando AQUI

sábado, 21 de março de 2015

“Bebê” de Fernando Henrique nasceu sob o governo dele, nos anos 90; esquema do trensalão tucano foi repetido na Petrobras




A mídia corporativa nunca apresentou o trensalão tucano da mesma forma que o fez com o mensalão petista. Não contextualizou as informações, nem usou gráficos ou detalhou os grupos políticos envolvidos no escândalo. Não publicou cadernos especiais.

Foi preciso um partido político interessado no caso, o PT, para fazê-lo.

Segundo uma apresentação organizada pelos petistas da Assembleia Legislativa de São Paulo, o esquema teve início no governo Fleury, entre 1990 e 1994. Aloysio Nunes era o vice-governador, cargo que acumulou com o de secretário de Transportes Metropolitanos. Mas o cartel das empresas fornecedoras decolou mesmo no primeiro mandato de Mário Covas, 1995-1998.

O cartel envolveu contratos de R$ 40 bilhões. O Ministério Público busca reaver R$ 2 bilhões. (...)

CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via Viomundo)

quinta-feira, 19 de março de 2015

A DEMOCRACIA É PARA TODOS!



'A democracia é jovem e é para todos, o golpismo é velho e é para poucos'

Por Paulo Torelly*

Após protestos contra e a favor do governo, cabe uma reflexão sobre a democracia e as responsabilidades públicas. A guerra de todos contra todos em uma civilização material, concebida na luta pela apropriação do poder descrita por Maquiavel em ‘O Príncipe’ (1513), cobra um necessário equilíbrio entre ordem e legitimidade nas relações econômicas e sociais. Desde então, abusos e aberrações encontram resposta na história com mais igualdade e liberdade, ou seja, mais transparência e democracia. O discurso do impeachment por alegado crime de responsabilidade incide no vazio, pois, mesmo com caráter político, não possui base legal.

A intolerância republicana à corrupção começa no quotidiano e não admite golpes e juízos seletivos diante dos fatos (Const., art. 5o, VIII). O caminho reverso é o paraíso do poder econômico e do corporativismo periférico ao poder estatal. Arredar a soberania popular e legislar em causa própria, instituindo vantagens e benefícios corporativos, é uma face da realidade que o moralismo seleciona e enfatiza conforme os interesses dominantes.

A oposição democrática deve ter um discurso propositivo, conforme apropriadamente tem dito o Conselheiro Federal da OAB/MG, Mário Lúcio Quintão Soares. Combate à corrupção, taxação das grandes fortunas, fim da reeleição e financiamento de campanha são debates que podem aprimorar a república. O fruto do trabalho e o lucro não se confundem com o produto de atos ilícitos, como Max Weber retrata em ‘A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo’, pois o ganho desonesto não expressa “o 'espírito' capitalista [especificamente moderno] como fenômeno de massa." O envolvimento de partidos da situação e da oposição nos escândalos revela que o financiamento eleitoral é questão de ordem pública.

Cabe, assegurado o contraditório e a ampla defesa, punir os corruptos desconsiderando as ideologias e os partidos dos acusados. Mas É URGENTE UMA REFORMA POLÍTICA QUE FORTALEÇA O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. A democracia é jovem e é para todos, o golpismo é velho e é para poucos. O Brasil, pela via democrática, pode e deve ser passado a limpo!

*Paulo Peretti Torelly (foto) é advogado graduado pela UFRGS. Desde 1994, atua como advogado público (Procurador do Estado do RS). Exerceu o cargo de Procurador-Geral do Estado no período de 1999 a 2002 (Governo Olívio). Integrou a diretoria da OAB/RS como secretário-geral adjunto e coordenador das Subseções (1998). Integra o Movimento Muda OAB! Professor, mestre pela PUCRS (2007) e doutor pela Faculdade de Direito da USP (2010). É Procurador Geral do Município de Canoas/RS.

*Via http://jcsgarcia.blogspot.com.br/

quarta-feira, 18 de março de 2015

O real motivo da perseguição a Dirceu



Um jornalista americano escreveu uma coisa que me marcou profundamente.

Ele disse que num certo momento da carreira ele era convidado para programas de tevê, recebia convites seguidos para dar palestras e estava sempre no foco dos holofotes.

Num certo momento ele se deu conta de que tudo isso ocorria porque ele jamais escrevera algo que afrontasse os interesses dos realmente poderosos.

Foi quando ele acordou. Entendeu, por exemplo, as reflexões de Chomsky sobre as grandes empresas jornalísticas.

Para encurtar a história, ele decidiu então fazer jornalismo de verdade. Acabou assassinado.

Assange, Snowden, Falciani: não é fácil a vida de quem enfrenta o poder.

Tudo isso me ocorreu a propósito de José Dirceu. Tivesse ele defendido, ao longo da vida a plutocracia, ninguém o incomodaria.

Mas ele escolheu o outro lado.

E por isso é alvo de uma perseguição selvagem. É como se o poder estivesse dizendo para todo mundo: “Olhem o que acontece com quem ousa nos desafiar.”

É à luz de tudo isso que aparece uma nova rodada de agressões a Dirceu, partida – sempre ela – da Veja.

Quis entender.

Os dados expostos mostram, essencialmente, uma coisa: Dirceu não pode trabalhar. Não pode fazer nada.

O que é praxe em altos funcionários de uma administração fazerem ao deixá-la?

Virar consultor.

Não é só nos governos. Nas empresas também. Fabio Barbosa fatalmente virará consultor depois de ser demitido, dias atrás, da Abril.

Foi o que fez, também, David Zylbersztajn, o genro que FHC colocou na Agência Nacional do Petróleo. (Não, naturalmente, por nepotismo, mas por mérito, ainda que o mérito, e com ele o emprego, pareça ter acabado junto com o casamento com a filha de FHC.)

Zylbersztajn é, hoje, consultor na área de petróleo. Seus clientes são, essencialmente, empresas estrangeiras interessadas em fazer negócios no Brasil no campo da energia.

Algum problema? Não.

Quer dizer: não para Zylbersztajn. Mas para Dirceu a mesma posição de consultor é tratada como escândalo.

Zylbersztajn ajuda empresas estrangeiras a virem para o Brasil. Dirceu ajuda empresas brasileiras a virem para o Brasil.

O delator que o citou diz que Dirceu é muito bom para “abrir portas”. É o que se espera mesmo de um consultor como Dirceu.

Zylbersztajn, caso seja competente, saberá também “abrir portas”.

Vamos supor que a Globo, algum dia, queira entrar na China. Ela terá que contratar alguém que “abra portas”.

Abrir portas significa, simplesmente, colocar você em contato com pessoas que decidem. Conseguir fechar negócios com ela é problema seu, e não de quem abriu as portas.

Na manchete do site da Veja, está dito que o “mensaleiro” – a revista não economiza uma oportunidade de ser canalha – faturou 29 milhões entre 2006 e 2013.

São oito anos. Isso significa menos de 4 milhões por ano. Do jeito que a coisa é apresentada, parece que Dirceu meteu a mão em 29 milhões. Líquidos.

Não.

Sua empresa faturou isso. Não é pouco, mas está longe de ser muito num universo de grandes empresas interessadas em ganhar o mundo.

Quanto terá faturado a consultoria de Zylbersztajn entre 2006 e 2013? Seria uma boa comparação.

No meio das acusações, aparece, incriminadora, a palavra “lobby”. É um estratagema para explorar a boa fé do leitor ingênuo e louco por razões para detestar Dirceu.

Poucas coisas são mais banais, no mundo dos negócios, que o lobby.

Peguemos a Abril, por exemplo, que edita a Veja. Uma entidade chamada ANER faz lobby para a Abril e outras editoras de revistas. A ANER da Globo se chama ABERT.

Você pode ter uma ideia de quanto as empresas de jornalismo são competentes no lobby pelo fato de que ainda hoje elas gozam de reserva de mercado – uma mamata que desapareceu virtualmente de todos os outros setores da economia brasileira.

E assim, manobrando e manipulando informações, a mídia mais uma vez agride Dirceu.

As alegações sempre variam, mas o real motivo é que ele decidiu, desde jovem, não lamber as botas da plutocracia.

*Por Paulo Nogueira, jornalista.

 (Editor do DCM http://www.diariodocentrodomundo.com.br/
 fonte desta postagem)

terça-feira, 17 de março de 2015

'Então, você que votou em Aécio, pare com essa hipocrisia de que foi às ruas se manifestar porque não aguenta mais corrupção'




ADMITA! Você foi para a rua para odiar!

Por Leandro Fortes"

Primeiro, vamos combinar uma coisa: se você votou em Aécio Neves, nas eleições passadas, você não está preocupado com corrupção. Você nem liga para isso, admita.

Aécio usou dinheiro público para construir um aeroporto nas terras da família dele e deu a chave do lugar, um patrimônio estadual, para um tio. Aécio garantiu o repasse de dinheiro público do estado de Minas Gerais, cerca de 1,2 milhão reais, a três rádios e um jornal ligados à família dele.

Isso é corrupção.

Então, você que votou em Aécio, pare com essa hipocrisia de que foi às ruas se manifestar porque não aguenta mais corrupção.

É mentira.

Você foi à rua porque, derrotado nas eleições passadas, viu, outra vez, naufragar o modelo de país que 12 anos de governos do PT viraram de cabeça para baixo.

Você foi para a rua porque, classe média remediada, precisa absorver com volúpia o discurso das classes dominantes e, assim, ser aceito por elas.

Você foi para a rua porque você odeia cotas raciais, e não apenas porque elas modificaram a estrutura de entrada no ensino superior ou no serviço público.

Você odeia as cotas raciais porque elas expõem o seu racismo, esse que você só esconde porque tem medo de ser execrado em público ou nas redes sociais. Ou preso.

Você foi para a rua porque, apesar de viver e comer bem, é um analfabeto político nutrido à base de uma ração de ódio, intolerância e veneno editorial administrada por grupos de comunicação que contam com você para se perpetuar como oligopólios.

Foram eles, esses meios de comunicação, emprenhados de dinheiro público desde sempre, que encheram a sua alma de veneno, que tocaram você como gado para a rua, com direito a banda de música e selfies com atores e atrizes de corpo sarado e cabecinha miúda.

Não tem nada a ver com corrupção. Admita. Você nunca deu a mínima para corrupção.

Você votou em Fernando Collor, no PFL, no DEM, no PP, em Maluf, em deputados fisiológicos, em senadores vis, em governadores idem.

Você votou no PSDB a vida toda, mesmo sabendo que Fernando Henrique comprou a reeleição para, então, vender o patrimônio do país a preço de banana.

Ainda assim, você foi para a rua bradar contra a corrupção.

E, para isso, você nem ligou de estar, ombro a ombro, com dementes que defendem o golpe militar, a homofobia, o racismo, a violência contra crianças e animais.

Você foi para a rua com fascistas, nazistas e sociopatas das mais diversas cepas.

Você se lambuzou com eles porque quis, porque não suporta mais as cotas, as bolsas, a mistura social, os pobres nos aeroportos, os negros nas faculdades, as mulheres de cabeça erguida, os gays como pais naturais.

Você odeia esse mundo laico, plural, multigênero, democraticamente caótico, onde a gente invisível passou a ser vista – e vista como gente.

Você foi não foi para a rua pedir nada.

Você só foi fingir que odeia a corrupção para esconder o óbvio.

De que você foi para a rua porque, no fundo, você só sabe odiar.

*Leandro Fortes é jornalista, professor e escritor. Trabalhou para o Jornal do Brasil, O Globo, Correio Braziliense, Estadão, Revista Época e Carta Capital. (via face)