LULA
PÕE O BLOCO NA RUA
por
Rodrigo Vianna, no Escrevinhador*
“A
campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais
revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros
extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário
mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na
potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a
funcionar, a onda de agitação se avoluma.”
Reproduzo
acima o segundo parágrafo da Carta Testamento de Vargas. E aí está: a Petrobrás
citada de forma direta pelo presidente que foi levado ao suicídio em agosto de
1954.
A
luta pelo Petróleo estava no centro do debate político dos anos 50. E segue
central agora.
Os
Marinho e os udenistas (que eram os tucanos dos anos 50) queriam a derrota de
Vargas e do projeto de um Brasil independente. Diziam que Vargas e o
trabalhismo eram um “mar de lama”. Eles eram limpos? Sabemos… São os mesmos:
agripinos, mervais, civitas, aécios e seus aeroportos, família marinho e seus
golpes.
Neste
dia 24 de fevereiro de 2015, em que se lançou no Rio a campanha pela salvação
da Petrobrás (com um belíssimo ato na ABI, precedido na rua por pancadaria de
fascistas que tentaram impedir a manifestação), neste mesmo dia, o jornal da
família Marinho publicou editorial em que afirma que defender a maior empresa
brasileira é “voltar aos anos 50”.
Exatamente!
A
Globo não quer que se lembre dos anos 50.
Relembremos,
pois.
Vargas
foi levado ao suicídio por sacripantas (alô, Miguel do Rosário, essa é pra
você, que enfrenta — de cabeça erguida — a Globo e seus capatazes). No dia
seguinte, 25 de agosto de 1954, caminhões de O Globo foram queimados. O jornal
foi invadido.
A
Globo teve que esperar 10 anos para dar o golpe, em 64.
Por
isso, a família Marinho não quer que o debate volte aos anos 50. Porque a
brincadeira termina mal para a turma deles.
A
família Marinho (aliada aos tucanos, e entregue a articulações com representantes
dos EUA) quer a Petrobras destruída.
Mas
para isso, os sacripantas terão que enfrentar o outro lado – que começou a se
mobilizar no Rio, neste dia 24 de fevereiro. Não vão dar o passeio que estão
imaginando.
Por
isso, o ato na ABI foi tão importante.
Ao
microfone, Pinguelli Rosa, professor da UFRJ, lembrou: “punam-se os culpados,
mas deixem a Petrobras em paz”.
Luis
Nassif, blogueiro e jornalista, lembrou que o ato lembrava as grandes
manifestações do “Petroleo é Nosso”.
Eric
Nepomuceno, também jornalista, disse que alguém havia perguntado a ele “se não
haveria por trás dessa campanha contra a Petrobras algo estranho”. E Nepomuceno
disse: “não há nada por trás, é uma campanha escancarada mesmo”.
As
cartas estão na mesa.
João
Pedro Stedile, do MST, lembrou que o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) já
apresentou projeto no Congresso para entregar o Pré-Sal às petroleiras
internacionais. “Ganhamos nas urnas, mas perdemos no Congresso e na mídia; só
tem uma forma de derrotá-los de novo — ir pra rua”, arrematou Stedile.
FHC
queria transformar a Petrobrás em Petrobrax, para privatizá-la, lembrou o
presidente da CUT, Wagner Freitas, que afirmou também: “a mídia golpista hoje
age da mesma forma que na época de Lacerda contra Vargas”.
Durante
o ato, os sindicalistas convocaram o povo para as ruas no dia 13 de março – em
defesa da Petrobras. Será dois dias antes da manifestação golpista de 15 de
março.
Lula
participou da manifestação no Rio — sinalizando que vai comandar o movimento de
botar o bloco popular na rua.
Não
há outra saída. Não se trata de defender Dilma do impeachment. É hora de
defender o projeto de Nação iniciado por Vargas, retomado por Jango e Lula.
Lula
percebeu o tamanho do desafio, e lembrou no discurso a história de Vargas: “pra
saber o que está acontecendo agora no Brasil, é preciso entender o que
aconteceu com JK, com Getúlio, com Jango e o que tentaram fazer comigo na
presidência.”
Lula
lembrou: “eles esta fazendo agora o que sempre fizeram a vida toda; a ideia
básica é criminalizar, pela imprensa, porque aí já começa o processo pela
sentença”.
“Toda
vez que na historia da humanidade se tentou criminalizar a política, o
resultado foi sempre pior. Veja a Operação mãos Limpas na Itália! O resultado
foi Berlusconi”, disse Lula.
O
ex-presidente relembrou também que os EUA relançaram a Quarta Frota depois que
a Petrobras descobriu o Pré-Sal. O que está em jogo é a correlação de forças na
América do Sul, portanto.
Lula
falou diretamente para Dilma: “A nossa querida Dilma tem que deixar as
investigações pra PF ou Justiça. Ela tem é que levantar a cabeça e dizer
‘ganhei as eleições’. Gente, eles [tucanos e mídia] perderam as eleições e
estão todos pomposos. Eles estão desaforados, viu. Em vez de ficar chorando,
vamos defender o que é nosso. Defender a Petrobrás, defender a Democracia.”
Lula
ainda atirou contra a mídia : “quero lembrar à imprensa que cheguei duas vezes
à presidência sem apoio da mídia.”
Sinalizou,
portanto, que é preciso definir bem as coisas: as famílias que dominam a mídia
estão no centro do golpe. Igual a 1954. A diferença é que agora ninguém pensa
em suicídio. Lula avisou: “vou pra rua em 13 de março. Ninguém me fará baixar a
cabeça nesse país”.
E
finalizou: “Quero paz e Democracia. Mas se eles não querem, nós sabemos brigar
também.”
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