Stédile,
do MST, participou de reunião da Executiva da Central e previu: “O movimento de
massas voltará às ruas”
Nesta
terça-feira (30), durante a reunião de sua Executiva, a CUT, atacou a política
econômica do ministro da Fazenda, Joaquim Levy e pediu unidade da esquerda na
luta contra a direita e as elites.
“Nós
temos que mudar essa politica econômica já. Ela vai provocar uma recessão e nos
impede de avançar nos salários. Se entramos em recessão, a direita passa por
cima da gente”, analisou o presidente da CUT, Vagner Freitas.
A
crítica aos rumos da economia brasileira foi acompanhada pelo coordenador
nacional do MST, João Pedro Stédile, que foi convidado para participar do
encontro. Segundo o dirigente, as massas podem voltar às ruas protestando
contra a perda de seus direitos. “Há uma insatisfação popular e ela vai estar
nas ruas em breve, isso é certo.”
Para
Stédile, há uma coincidência de três fatores que justificam o difícil momento enfrentado
pelo País, são as crises econômica, social e política.
Primeiro,
Stédile falou da crise econômica. “A nossa economia não cresce há um ano. Essa
crise nos mostrou como somos dependentes do capital estrangeira. Por mais
ufanista que sejam os discursos, dizendo que somos a sétima economia do mundo,
somos uma economia periférica.”
Stédile
lembrou que o Brasil tem investido na economia apenas 14% do PIB, o que,
segundo ele, impede o crescimento do País e deixa uma mensagem pessimista à
nação. “A China pra crescer investe 30%, nos bons anos de Lula o Brasil
investia 23%. Não precisa ser economista para saber que com essa taxa de
investimento vamos ficar ainda uns dois anos estagnados.”
Sobre
a crise social, o dirigente do MST lembrou que a classe trabalhadora tem
sofrido para acessar direitos básicos, como moradia, transporte e saúde. Porém,
Stédile foi enfático na crítica ao acesso, pela juventude, às universidades e
voltou a falar na volta das mobilizações populares.
“Neste
ano, se inscreveram quase 9 milhões de jovens nos vestibulares para 1,7 milhões
de vagas em universidades. A sociedade brasileira não está apresentando
alternativas aos jovens. Isso está criando um substrato de indignação que vai
levar os jovens às ruas novamente. O que precisamos saber é: será conosco ou
contra nós?”, perguntou.
A
crise política tomou a maior parte do tempo usado por Stédile, que lamentou o
fato do Congresso estar entregue aos empresários. “A democracia burguesa
representativa virou uma farsa no Brasil. Os eleitores se lembram em quem
votaram mas não reconhecem seus representantes. Há uma crise de representação
política.
Há,
segundo o debatedor, um esgotamento do “neodesenvolvimentismo”, modelo de
gestão adotado pelo ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e pela atual
presidenta Dilma Rousseff, “focado no pacto social”.
Segundo
o dirigente do MST, há incoerência na insatisfação das elites brasileiras. “A
classe média desse País nunca ganhou tanto dinheiro. Os médicos e professores
universitários são as profissões que mais representam a classe média. Os
médicos, por exemplo, ganham R$ 30 mil em média, mesmo assim 90% fez campanha
contra a Dilma”, analisou.
Porém,
diante da atual crise, Stédile apontou o que, para ele, é o projeto da
burguesia para que o País saia do cenário atual. “Recompor o neoliberalismo,
eles recompõe o projeto sugerindo, por exemplo, perda de direitos dos
trabalhadores. Para concorrer com a burguesia internacional, precisa-se
aumentar a taxa de lucro, nada melhor do que deixar de gastar com
trabalhadores. Segundo, é o Estado mínimo. Para resolver a corrupção, eles
pedem redução de gastos com servidores. Por último, o realinhamento da
burguesia com os EUA.”
Por
fim, Stédile elogiou a atuação da CUT nas ruas durante os meses de março, abril
e maio. “Foi fundamental para que a crise não fosse, hoje, ainda maior”.
Unidade
da esquerda
Seguindo
o discurso de coalização dos setores de esquerda, colocado em prática durante o
1º de maio da CUT e na criação da Frente Nacional de Esquerda, que alcançou
diversos movimentos sindical e sociais, Vagner pediu que os movimentos sindical
e sociais dialoguem.
“O
dia que nós conseguirmos realizar aqui o que acontece na Argentina e na
Venezuela, onde as pessoas se unificam para defender seu pensamento, podemos
avançar. Nós precisamos nos unir não para disputar eleição, mas para disputar a
atual conjuntura”, afirmou Vagner. - Via http://cut.org.br/