'Não é apenas o governo Dilma que está a perigo, é toda uma rede de conquistas e liberdade alcançadas, com muita luta, ao longo da história pelos brasileiros que está em jogo' |
'É preciso mais coragem das
lideranças progressistas,democráticas, de esquerda, partidárias e do próprio
governo brasileiro para denunciar e enfrentar o golpe fascista em marcha antes
que seja tarde. Temos de ir as ruas para enfrentar a ofensiva fascista.'
(Eliezer Pacheco)
Por Cláudio Ribeiro*
Os atuais desdobramentos
políticos e seus duros reflexos na sociedade, já podem ser suficientes para
afirmar que o fascismo avança, vigorosamente, sobre o Brasil?
O poderoso aparato
midiático/judicial/político montado para criminalizar a esquerda e atacar
direitos de grupos sociais, LGBT e negros, por exemplo apontam para um caminho
de acirramento radical entre defensores de uma nociva agenda conservadora e
progressistas acuados.
Soma-se a estes, lideranças
religiosas obscuras, mas populares em seus nichos, que despejam combustível no
círculo retrógrado que marcha sobre todos aqueles que não se dobram às suas
ideias propostas, baseadas em uma rala mistureba política/judiciária/religiosa,
feita para confundir a opinião pública, colocando no mesmo caldeirão fatos
isolados e manifestações sociais como rótulos descontextualizados daquilo que
combatem, com ódio e pouca informação.
Para isso dar certo,
empenham uma ação coordenada entre políticos, juízes, pastores e mídia,
repetindo uma mesma tecla ideológica para gerar estereótipos e marcar àqueles
que atacam, como inimigos da família e dos valores cristãos.
Os episódios recentes do
comercial da Boticário e da Marcha para Jesus, que mais se assemelhou a uma
espécie de marcha para o fascismo, em que representantes da defesa da redução
da maioridade penal, da pena de morte e da justiça com as próprias mãos, foram
saudados efusivamente pelo mar de religiosos dirigidos por seus líderes
carismáticos, são grotescas evidências que não podem ser desprezadas. As massas
sendo confundidas, sem tempo para refletir, por impostores a caminho da ruptura
social.
Há um grande agrupamento neo
fascista em movimento, em que setores mais retrógrados do Judiciário
desempenham papel importante para criminalizar lideranças políticas de esquerda
e poupar políticos de direita de seus crimes de corrupção, garantindo nomes
para promover a limpeza política e social pretensas.
A mídia transmite propaganda
anti-corrupção contra integrantes do PT e do governo, mas pouco ou quase nada
fala de escândalos que envolvem seus aliados. A manipulação do noticiário é
escandalosa e nunca antes vista em nossa história, em tamanha intensidade e
impostura. A grande imprensa engajou-se, com todos os seus recursos, em uma
cruzada político-ideológica conservadora. Até alguns anos seria inimaginável
que a Globo, um braço forte do catolicismo brasileiro, dispusesse de generoso
espaço para que Silas Malafaia, bitolado líder evangélico, faça suas pregações
fascistas em rede nacional.
O partidarismo exacerbado do
Judiciário e da mídia e o avanço de lideranças religiosas para o mesmo palco,
não deixam dúvidas de que há um forte arranjo para a tomada do poder neste
momento. Mesmo derrotados nas urnas, a
tentativa golpista se dá pela via parlamentar, onde o governo Dilma é frágil,
ao mesmo tempo em que conquistam vitórias para suas agendas fundamentalistas,
propagam em alto e bom som seus ditames na mídia, com grande destaque para a
Globo e Folha de São Paulo.
A mistura de carismáticas lideranças
religiosas, com um noticiário propagandista que repete ideias pré concebidas a
exaustão, como ensinado por Joseph Goebbels na Alemanha nazista, e políticos,
de passado e presente condenáveis, como Roberto Jefferson, Aécio Neves, Jair
Bolsonaro etc, posando de bons moços e defensores da família, da moral e dos
bons costumes, fecham o ciclo pré-fascismo que o país atravessa.
Se terão sucesso nesta
empreitada, só a sociedade e seus grupos mais progressistas poderão impedir e
dizer. O tempo já corre contra as liberdades de expressão, religiosa, de
gêneros e contra a democracia.
As atuais marchas são cópias
vulgares dos exercícios de Mussolini, Hitler e da atual Ucrânia.
Está cada vez mais perigoso
contrapor a bestialidade desta aliança decadente.
Apesar de maioria, a timidez
das reações à estes ataques aos direitos cidadãos pode favorecer a tirania do
retrocesso.
Não é apenas o governo Dilma
que está a perigo, é toda uma rede de conquistas e liberdade alcançadas, com
muita luta, ao longo da história que está em jogo.
Fonte: https://blogpalavrasdiversas.wordpress.com
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