Foi legionário da coluna
invicta!
Bravo, bateu-se com orgulho
nobre.
Hoje, em 44, é um trapo
humano.
E ouve, na angústia do seu
desengano
“... não há va...gas!”
Pobre...
Voluntário de 30 e 32
sonhando a Pátria que o
ideal descobre,
marchou, com honra, pelejou
com brilho.
E hoje, este melancólico
estribilho:
“... não há va...gas!”
Pobre...
Hoje, magro de dívidas e
fome,
a princípio a tragédia mal
encobre.
Mas, afinal também quer ter
sossego.
E eis a resposta à súplica
de emprego:
“... não há va...gas!”
Pobre...
Pobre! Cansado de esperar
promessas
na esperança de que a sorte
se lhe dobre,
pede um posto, um lugar,
modesto cargo.
E ouve ferino este refrão
amargo:
“... não há va...gas!”
Pobre...
Triste! A miséria, os filhos
em andrajos,
tudo lhe soa com suturno dobre.
Pede um lugar ao sol para o
trabalho.
E a resposta é mais dura do
que um ralho:
“... não há va...gas!”
Pobre...
Doente! O peito lhe arqueja
num cansaço.
Não há tranqüilidade que lhe
sobre.
Algo mendiga que permita um
prato.
Como resposta o estúpido e
gaiato:
“... não há va...gas!”
Pobre...
Cansa! E se lembra dos pneus
rendosos!
Talvez no contrabando não
sossobre
tendo agasalho e pão para a
família.
Grita-lhe a opulentíssima
quadrilha:
“... Não há va...gas!”
Pobre...
Aureliano do Figueiredo
Pinto*
*Via LusoPoemas
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