O PT E AS ELEIÇÕES 2012: UM BALANÇO E O FUTURO
'Quando definimos a prioridade de candidaturas próprias, muitas vezes não compreendida ou contestada pelo pragmatismo eleitoral em muitos municípios, é porque nossa experiência e convicção de futuro já nos ensinou que o processo eleitoral não é só resultado em cargos ou espaços de governo. Nosso crescimento e importância medem-se, também, pelas novas filiações e engajamento de novos militantes, pelos espaços construídos na sociedade civil e na construção de novas lideranças sociais e, especialmente, na construção de nova hegemonia político-programática onde estamos presentes.
Sem a difusão permanente de sua ideologia, sem discurso que globalize nossa prática política, sem horizonte de futuro e esperança de mudança, nenhum partido do campo socialista está imune a se transformar em mais um partido da ordem, do conservadorismo.'
Por Raul Pont
O Partido dos Trabalhadores vive sua sétima eleição municipal em
2012. Nesses trinta anos o Partido viveu um crescimento vertiginoso: em
1982, elegemos apenas 2 prefeituras e 118 vereadores (as) em todo o
país. Na última eleição (2008) alcançamos 559 prefeituras e 4.171
vereadores(as). Dos principais partidos surgidos naquele momento, o PT
foi o que mais cresceu, ao contrário dos outros que diminuíram seus
representantes na Câmara Federal ou sofreram cisões que aceleraram o
declínio: PDS – PP – PFL – DEM e PMDB – PSDB.
O crescimento do PT tem paralelo com a primeira experiência de
pluripartidarismo vivida no Brasil entre 1945 e 1965, ou seja, do fim do
Estado Novo até o Golpe Militar e o Ato Institucional que proibiu os
partidos existentes e forçou o bipartidarismo consentido da Arena e MDB.
Ao longo dessas duas décadas, acompanhando o processo de urbanização e
da emergência da participação popular na vida política do país, o PTB de
Vargas, Goulart e Brizola foi a agremiação política que mais cresceu,
no contraponto ao declínio do centrista e conservador PSD e da liberal
UDN. Esse crescimento foi interrompido com o golpe militar. Inclusive, o
avanço do trabalhismo foi uma das razões da ação golpista em 64.
No caso atual, já atingimos 32 anos de história e o ciclo virtuoso de
crescimento consolidou-se com as vitórias de Lula e Dilma. Somos o
Partido com a maior bancada federal (88 deputados/as) e a maior bancada
estadual (149 deputados/as eleitos em 2010). Nesse crescimento não há
uma linearidade constante, pois sem uma reforma política que melhore
nosso sistema eleitoral (voto em lista, financiamento público, etc)
começaremos a patinar e seremos derrotados pelo predomínio do poder
econômico nos processos eleitorais. Um dado muito simples, mas
inquestionável, é a performance na última década. Em 2002, na primeira
eleição de Lula, elegemos 91 deputados (as) federais, em 2010, após Lula
e com a vitória da Dilma, elegemos 88 deputados (as) federais. Nada é
tão ilustrador quanto esses números para demonstrar o peso do poder
econômico e a força do voto nominal e do financiamento privado na
determinação dos resultados. Na atual legislatura (2011/2014) 70% dos
deputados (as) federais eleitos estavam entre as 513 campanhas mais
caras dos vários Estados.
AS ELEIÇÕES EM 2012
Diante dessa avaliação, evidencia-se a importância das eleições
municipais deste ano para garantir e ampliar os espaços conquistados em
prefeituras e câmaras municipais, bem como no crescimento partidário.
O 4º Congresso aprovou que 2012 seria um ano de fortalecimento do
Partido, de crescimento e busca de hegemonia. As eleições municipais nos
permitiriam mais espaço próprio do que em 2010, quando a eleição
presidencial com Dilma nos condicionou a necessidade de uma política de
alianças mais ampla e apoio aos aliados em vários Estados.
Mesmo não conseguindo materializar essa política do 4º Congresso
plenamente, os números são significativos e mostram uma forte presença
no país.
Em 17 capitais somos cabeça de chapa majoritária (Belém, Recife,
Teresina, Campo Grande, Natal, Rio Branco, Belo Horizonte, Cuiabá, João
Pessoa, Porto Alegre, São Paulo, Porto Velho, São Luis, Goiânia,
Fortaleza, Salvador e Vitória), sendo que nas 5 primeiras também com
Vice do PT e nas outras 12 com outros partidos na Vice. Em outras 6
capitais (Florianópolis, Aracaju, Curitiba, Manaus, Rio de Janeiro e
Macapá) indicamos o Vice-Prefeito e em apenas 3 capitais apoiamos outros
Partidos (Maceió, Palmas e Boa Vista) na chapa majoritária.
Outra prioridade aprovada no 4º Congresso foi o foco nas grandes e
médias cidades do país com mais de 150.000 eleitores que no conjunto
representam a maioria esmagadora da população do país e concentram os
principais meios de comunicação, em especial, rádio e TV.
Neste caso, a performance do PT também é considerável. Lançamos
candidatos a prefeito (a) em 64 cidades com mais de 150.000 mil
eleitores. Se somarmos a este contingente as 17 capitais onde temos
candidato, disputamos em 81 municípios, de um total de 118 municípios
com essas características.
A presença do Partido cresceu, também, nos municípios entre 30.000 e
150.000 mil eleitores. Nestes, estaremos presentes na chapa majoritária,
prefeito (260) e vice (140), ampliando o enraizamento do PT nos
pequenos e médios municípios do país.
No Rio Grande do Sul, realizamos um grande esforço para alcançar
esses objetivos definidos no 4º Congresso. Antecipamos o Encontro
Estadual, orientamos uma política de alianças com uma prioridade
sintonizada com a base aliada do governo Tarso Genro e produzimos uma
orientação programática que circulou em todo o Estado desde o final de
2011. Essa orientação é fruto da nossa experiência de governo e nosso
norte programático estratégico e deve ser o centro das nossas propostas e
servir de base para nossas alianças. É o “Modo Petista de Governar” que
estamos construindo há anos com nossas práticas coletivas de gestão.
São 59 municípios com chapa do PT para prefeito (a) e vice e 139
municípios onde temos o prefeito (a) do PT e o vice de outros partidos
aliados. São quase 200 municípios com cabeça de chapa e aí estão quase
todos os maiores municípios do Estado. Temos a candidatura a
vice-prefeito (a) em mais de 125 municipalidades, o que perfaz 323
municípios. Isso alcança mais de 85% do eleitorado gaúcho. Estamos
presentes, ainda, em mais de 132 municípios onde estamos coligados para o
Legislativo e em apoio a chapas majoritárias de outros Partidos.
Esse quadro expressa o crescimento do PT no Rio Grande do Sul e é
base e garantia para novos embates. Quando definimos a prioridade de
candidaturas próprias, muitas vezes não compreendida ou contestada pelo
pragmatismo eleitoral em muitos municípios, é porque nossa experiência e
convicção de futuro já nos ensinou que o processo eleitoral não é só
resultado em cargos ou espaços de governo. Nosso crescimento e
importância medem-se, também, pelas novas filiações e engajamento de
novos militantes, pelos espaços construídos na sociedade civil e na
construção de novas lideranças sociais e, especialmente, na construção
de nova hegemonia político-programática onde estamos presentes.
Sem a difusão permanente de sua ideologia, sem discurso que globalize
nossa prática política, sem horizonte de futuro e esperança de mudança,
nenhum partido do campo socialista está imune a se transformar em mais
um partido da ordem, do conservadorismo.
Por isso, temos insistido de que não estamos apenas numa disputa
municipal, mas somos portadores de um projeto nacional, que se expressa
no governo Dilma e no governo Tarso e isso deve estar sempre presente em
nossa mensagem e em nossas propostas.
Esperamos que esses números e essa reflexão nos deem, objetivamente, a
dimensão da nossa história e das tarefas que temos pela frente.
Por mais uma grande vitória em 2012.
Raul Pont
Presidente do PT/RS
*Fonte: http://portal.ptrs.org.br