domingo, 1 de maio de 2016

Centrais sindicam fazem ato contra o golpe, em defesa da democracia e dos direitos trabalhistas



O Nobel da Paz Esquivel mencionou a importância de unificar lutas
na AL | Foto: Guilherme Santos/Sul21


Por Débora Fogliatto, no Sul21*
PORTO ALEGRE/RS - Neste 1º de maio, Dia Internacional do Trabalhador, atos por todo o Brasil tiveram como objetivo conectar as reivindicações pelos direitos sociais e trabalhistas à luta pela democracia. Frente à conjuntura política nacional que ameaça o governo da presidenta Dilma Rousseff (PT), as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo fizeram mobilização no Parque Farroupilha (Redenção), em Porto Alegre, destacando aos possíveis retrocessos caso o golpe se concretize.
O ato na capital gaúcha, que foi tanto político quanto cultural, reuniu principalmente trabalhadores ligados a centrais sindicais e a partidos de esquerda. Primeiro a se manifestar no carro de som, Christopher Goulart (PDT) mencionou que a data é importante para os trabalhistas e homenageou seu avô, o ex-presidente João Goulart, destituído pelo golpe de 1964. “Foi ele quem concedeu aumento de 100% aos trabalhadores, implantou o décimo terceiro salário. Esse projeto reformista foi objeto do golpe de 64, e hoje a situação é muito parecida. E esse é o motivo pelo qual estamos na rua hoje”, afirmou.
Antes da votação na Câmara de Deputados, o PDT havia definido em executiva nacional que se posicionaria contra o impeachment, mas alguns parlamentares optaram por votar a favor, o que ocasionou abertura de processos de expulsão do partido. Além do PCdoB, aliado histórico do PT, também votou integralmente contra o PSOL, o qual teve representantes no ato deste domingo. Berna Menezes, que falou em nome da executiva nacional do partido, destacou que os direitos trabalhistas foram “conquistados com suor, com luta”, e não “dados por um governo”. “É por isso que é na rua e na luta que vamos conquistar mais e manter esses direitos”, defendeu ela.
A deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB) lembrou que a luta “não é por um governo, pois governos são apenas instrumentos para conseguirmos mais conquistas”. Ela também saudou os deputados federais, os quais classificou como “heróis que denunciaram o golpe na Câmara Federal”. “Dizer não ao golpe é dizer sim aos direitos da classe trabalhadora. Ainda estamos no primeiro degrau, mas é só a partir daí que vamos conseguir conquistar os outros”, completou.
O ato começou às 10h, mas foi apenas enquanto os representantes de partidos faziam suas falas que os manifestantes começavam a se empolgar, por volta das 11h. Eventualmente, alguém puxava um “não vai ter golpe, já tem luta” e agitava as bandeiras da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Central dos Trabalhadores Brasileiros (CTB) e de partidos.
O presidente estadual do PT, Ary Vanazzi, foi um dos mais aplaudidos, ao destacar que, caso Dilma seja destituída, “quem vai pagar a conta é o trabalhador”. Ele também lembrou que muitos dos parlamentares que estão na linha de frente do golpe estão sendo eles mesmos investigados por corrupção. “Queremos ter o direito de ter voz e de sermos respeitados, vamos derrubá-los. Se não for no Congresso, vai ser nas ruas. Vamos construir nossa luta, nossa história, e derrubar a burguesia”, completou.
PRÊMIO NOBEL DA PAZ 
Também esteve presente no ato o arquiteto, ativista argentino e ganhador do Nobel da Paz  Adolfo Péres Esquivel, que se reuniu com Dilma durante esta semana. Em sua fala, em “portunhol”, ele destacou a necessidade de união entre os povos da América Latina contra golpes de Estado. “Não queremos mais golpes em nosso continente. Temos que deixar de lado as diferenças nesse momento, porque há algo mais importante, que é a defesa da democracia no Brasil. A riqueza de um povo é sua diversidade, sua consciência crítica. Os povos da América Latina têm que estar unidos”, defendeu.
Um dos momentos em que essa união ficou mais visível foi quando os cantores Lili e Bruno entoaram “Apesar de Você”, de Chico Buarque, que foi acompanhada por grande parte dos manifestantes presentes. Em seguida, também cantaram “Meu coração é vermelho” e uma adaptação de “Não deixe o samba morrer”: “Não deixe o sonho morrer, nem a mudança acabar. O povo não sente mais fome e tem casa pra morar”. Em seguida, foi feita uma homenagem para os deputados federais e estaduais que defendem a democracia.
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