No ano do cinquentenário de sua morte, a figura de Ernesto Che Guevara segue influenciando jovens no mundo inteiro, seja como inspiração política, seja como um símbolo pop de rebeldia. Mas qual é o mesmo legado e a atualidade desse jovem argentino que, após ser um dos líderes da Revolução Cubana junto com Fidel Castro, trocou os postos que ocupava em ministérios do governo revolucionário, para se engajar na luta antiimperialista no Congo e, mais tarde, na Bolívia, onde acabaria por ser morto aos 39 anos de idade?
Pesquisador da vida de Che, o jornalista e professor cubano Santiago Feliú vem reunindo desde a década de 90 canções compostas em homenagem à memória do jovem médico argentino que virou revolucionário. Mais do que simples homenagem, a preocupação central de Feliú é resgatar o que chama de face ética de Che Guevara, da exemplaridade com que este exerceu a sua luta política. Em entrevista ao Sul21, Feliú fala sobre a atualidade da figura de Che e de seu legado. “Essa atualidade tem a ver, não com o Che heróico e guerrilheiro da luta armada, mas sim o Che ético, que foi ministro em várias pastas no início da Revolução Cubana e que acreditava em determinados valores e, em especial, no melhor do humano”.
Santiago Feliú veio a Porto Alegre a convite da Associação Cultural José Martí para o lançamento da segunda edição do seu livro “Canto épico a la ternura” em homenagem à obra e ao pensamento de Che Guevara. Na entrevista, ele também fala sobre o presente de Cuba e sobre os desafios colocados para o país após a morte de Fidel Castro e aposentadoria de Raúl Castro.
Sul21: Você pesquisou e reuniu canções escritas e compostas em vários países da América Latina para homenagear a vida e a trajetória política de Che Guevara. Como nasceu esse trabalho? Como é que você definiria o legado de Che hoje? Ele segue presente e representa uma figura forte e inspiradora politicamente na América Latina?
Santiago Feliú: A primeira edição foi lançada em 1993 no Uruguai, com 40 canções. Depois, o livro foi lançado em sete outros países e hoje reúne 158 canções para o Che, de 100 autores, de 17 países. A figura do Che está mais presente que nunca. Muitas das coisas que ele disse hoje tem muita vigência. Essa atualidade tem a ver, não com o Che heróico e guerrilheiro da luta armada, mas sim o Che ético, que foi ministro em várias pastas no início da Revolução Cubana e que acreditava em determinados valores e, em especial, no melhor do humano. Houve uma manipulação da figura dele, como se a sua trajetória se resumisse à luta armada. Ele, de fato, defendeu que, nos anos 60, a luta armada era a via para a libertação da América Latina, mas não era o único caminho. Uma prova disso é uma dedicatória que ele escreveu para o presidente chileno Salvador Allende ao dar a ele um exemplar do único livro que realmente escreveu, “A guerra de guerrilhas”. Nesta dedicatória, ele escreveu: Para Salvador que, por outros meios, quer o mesmo que nós”. (...)
-Para continuar lendo a {excelente} entrevista realizada pelo jornalista Marco Weissheimer no SUL21 com o grande Santiago Feliú, clique AQUI
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