sábado, 2 de setembro de 2017

Dois Poemas


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Repetições


A rua fria e escura e
seus personagens doidos
marginais

a cena tragicômica repetida
nas calçadas deformadas & cinzentas

a náusea
o nojo

a triste
'vida'
dos perdidos

maiores menores abandonados
o filme 'b' inacabado documentando
a egoista & cruel noite metropolitana

Mas isso ... é mesmo 

vida?!
...

O nojo
a náusea
a miséria

o poder público omisso
& conivente com a barbárie

a triste 
cena repetida
  -repetida
     -repetida...

CORTA!
...

Como Neruda

De tanto nadar contra a maré
de tanto receber 
em plena luz do sol ou
na calada da noite
de onde menos esperava
traiçoeiras e quase fatais 
punhaladas
...
de tanto ver a miséria
e a injustiça campeando a rédeas soltas
& abatendo os mais fracos
& os mais humildes
& o sonho da igualdade
& da fraternidade distancioando-se
no espaço & no tempo
& a impunidade grassando 
quase incólume
nas 'cúpulas do poder'...

às vezes dá vontade 
de 'chutar o balde'
(e mandar às favas as regras 
de convivência
ou da 'boa educação')
....
Mas resisto, respiro fundo e
buscando forças nas reservas da carne
& do espírito
& nos músculos que já não respondem
como em outros tempos
mas que se superam e reagem
- como Fênix

& nauseado e triste
mas resoluto, determinado
continuo em frente
(navegar é preciso)
combato com as armas mais diversas

& entre um
& outro round
como Neruda
encontro tempo para escrever
alguns poucos poemas de amor
-e esta canção 
         desesperada.

            Júlio Garcia

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