domingo, 11 de janeiro de 2015

2015: à esquerda



*Por Selvino Heck

Não tenho medo de 2015, diferente do que alguns estão dizendo por aí. Teria, ou terei medo, se o tempo não for, ou não fosse, de debate de ideias, de construção do futuro, de apontar reformas, de lutas e mobilização social, portanto, de semear utopias.

Fatos e acontecimentos recentes invocam esperança. Senão vejamos.

As grandes mobilizações populares e sociais de 2013/2014, em especial da juventude, acordaram a cidadania, reivindicaram reformas como a política e melhoria da qualidade dos serviços públicos. E levaram a presidenta Dilma a propor cinco pactos para o país, em pleno vigor: responsabilidade fiscal, ampla e profunda reforma política, saúde, salto de qualidade no transporte público, educação pública.

Em 2014, houve intensa mobilização social em torno do Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Política, com quase oito milhões de participantes entre 1º e 7 de setembro, e coleta de assinaturas de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular para a Reforma Política, com centenas de milhares de apoiadores.

As eleições presidências, especialmente o segundo turno, mobilizaram a sociedade, movimentos sociais, garantindo a vitória torno de um projeto de desenvolvimento inclusivo e de participação social.

Movimentos sociais – MST, CMP, MAB, levante da Juventude, MTST, Via Campesina, CUT, Consulta Popular, Intersindical, CONLUTAS, entre outros – e partidos de esquerda – PT, PSOL, PCdoB, PSTU – reuniram-se em dezembro em São Paulo e estão propondo a organização de uma Frente Popular de Esquerda, para trabalhar por objetivos comuns “como a reforma política, o combate a agressões que envolvam discriminação ou atentado a direitos humanos e projetos como a democratização da mídia”.

O Brasil está mudando nos últimos anos, mas precisa mudar muito mais. O termo mudança foi o mais usado nas eleições. Os mais pobres e os trabalhadores estão tendo melhores condições de vida, salário, emprego, renda. A fome e a extrema pobreza não são mais os principais problemas brasileiros. Os historicamente excluídos começam a ser protagonistas de políticas públicas com participação popular. Reformas estruturais, no entanto, estão sendo adiadas desde quando as Reformas de Base do governo João Goulart foram abortadas e impedidas pelo golpe militar em 1964.

O Estado brasileiro precisa ser democratizado. A participação social precisa ser método de governo. A cidadania e os direitos humanos precisam ser ainda mais despertados, com o enfrentamento a qualquer discriminação e preconceito. A desigualdade social e econômica, embora tenha diminuído, ainda é das maiores do mundo.

São grandes, pois, os desafios e estão à esquerda. Como disse a presidenta Dilma às milhares de pessoas presentes e ao povo brasileiro em discurso no Parlatório do Palácio do Planalto, no dia de sua posse: “Nenhum direito a menos, nenhum passo atrás, só mais direitos e só caminho à frente.”

Uma agenda mínima, ou máxima, para 2015 e o próximo período não pode deixar de incluir pelo menos, ou já incluiu, as seguintes propostas:

1. As reformas: a política, em especial e em primeiro lugar, mais a do Estado, a tributária, a agrária, entre outras.

2. Um modelo de desenvolvimento inclusivo e soberano, que avance no enfrentamento à desigualdade econômica e social.

3. O enfrentamento duro, firme e permanente à corrupção. O Brasil passado a limpo.
4. A participação social transformada em método de governo.

5. É chegado o tempo da consciência, levando a mais cidadania e direitos. O lema do segundo governo Dilma, ‘Brasil, Pátria Educadora’, tem este sentido, nas palavras da própria presidenta no seu discurso de posse: “Devemos buscar em todas as ações de governo um sentido formador, uma prática cidadã, um compromisso ético e um sentimento republicano.”

Mauri Cruz, Diretor da ABONG, escreveu: “Para o Brasil seguir mudando, é preciso que haja luta popular, porque, como já sabemos, sem a luta a vida não vai mudar (ver em www.sul21.com.br)

Não há porque temer 2015. O tempo é de quem o faz.
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*Selvino Heck (foto) é ex-Deputado Estadual do PT/RS; é Assessor Especial da Secretaria Geral da Presidência da República

-Fonte: http://www.sul21.com.br/

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