Por Claudir Nespolo*
Começamos e terminamos o ano sob um violento ataque do capital. Por razões múltiplas, não aconteceu no Brasil o que ocorreu na Argentina: a imediata troca de pauta atendendo a agenda neoliberal. No Rio Grande do Sul isto aconteceu e os servidores públicos foram os mais afetados.
Merece reflexão o papel da mídia tradicional. A população é assediada diuturnamente pelos “especialistas” que amplificam as contradições, que são muitas, mas escondem os avanços no combate às desigualdades.
O aparato midiático conservador e a serviço dos interesses do capital vai criando “sensos comuns” de que a esquerda e seus conceitos de gestão do estado estão superados, são “ruins” ou se encontram sob a influência de um certo “bolivarianismo”.
Esse aparato de comunicação, quando questionado, refugia-se na liberdade de imprensa tão importante e tão mal usada. Obviamente, cada vez mais amplos setores da sociedade “jogam” nas urnas sua “indignação” e acabam atuando contra si mesmo, dando um tiro no pé, como foi o caso da Argentina e do RS.
A CUT, que não é partido, cumpriu o seu papel na defesa da classe trabalhadora. Sem ingenuidade não teve dúvidas e firmemente ajudou a construir o fortalecimento do bloco de resistência com organizações dos movimentos sociais. Fomos para as ruas com a pauta da defesa dos direitos dos trabalhadores, da população mais humilde, em defesa da democracia e contra o golpe.
Até agora tivemos êxito no plano nacional e emergimos construindo uma importante ferramenta de unidade da esquerda: a Frente Brasil Popular.
Obviamente estamos exigindo e queremos a Dilma que o povo elegeu para continuar aprofundando as mudanças e não a política do ajuste fiscal em cima do povo.
Se o dinheiro ficou curto por conta da crise internacional do capitalismo, é fatal buscar recursos junto aos ricos e às grandes corporações que contribuem muito pouco aos cofres públicos.
A volta da CPMF isentando até o teto da Previdência, pode ser um bom começo, da mesma forma que a ampliação das faixas de dedução do Imposto de Renda, incluindo alíquotas de 35% e 45% e corrigindo as atuais, para que o pobre deixe de pagar esse tributo.
Trata-se de uma missão muito difícil, que exigirá muito esforço de todos, haja vista a atual composição do Congresso Nacional e com o Eduardo Cunha presidindo a casa do povo.
No Estado, mesmo com a imensa unidade do funcionalismo, não conseguimos barrar os ataques promovidos pelo governo Sartori aos servidores, aos serviços públicos e ao povo gaúcho. Passou o ano enrolando, alegando crise financeira e totalmente blindado pelo sistema midiático conservador. Não apresentou qualquer projeto de crescimento para estimular a economia gaúcha.
Além de buscar os questionamentos judiciais necessários após a fatídica sessão extraordinária da Assembleia Legislativa encerrada na madrugada de 29 de dezembro, junto com as entidades sindicais de servidores estaduais filiadas à CUT, já estamos construindo as bases de uma nova estratégia de enfrentamento. Para nós, essa luta não é só dos servidores. É uma peleia de todos os trabalhadores gaúchos.
O “apequenamento” do Estado, que podemos verificar, tem a ver com menos serviços públicos em todas as áreas e com a retomada da agenda das privatizações e das concessões à iniciativa privada. Assim, o Rio Grande poderá vir a ser o Rio Pequeno do Sul. E o sofrimento vai ser dos mais pobres. Menos investimentos em segurança pública não significa dizer que nos bairros ricos será reduzido, nós sabemos onde será.
O símbolo de terminar o ano sem enviar à Assembleia Legislativa o projeto de reajuste do salário mínimo regional demonstra bem a serviço de quem está o governo Sartori. Enquanto as categorias de trabalhadores conquistaram pelo menos a reposição da inflação nos seus salários, os mais pobres e vulneráveis ficaram desprotegidos. Uma brutal injustiça social!
Encerramos o ano com um sentimento de ter feito as coisas certas.
A nossa querida Central Única dos Trabalhadores, tanto no plano nacional como estadual, cumpriu o seu papel de protagonista. Em 2016 daremos continuidade à agenda de lutas, reivindicando manutenção e ampliação de direitos, geração de empregos, avanços na distribuição da renda e na inclusão social, mais saúde, educação e segurança, defesa da democracia, não ao golpe e fora Cunha.
Saberemos: cuidar bem das categorias de trabalhadores, fortalecer os sindicatos e a CUT, edificar ações na perspectiva de caminhar e ir somando forças rumo a uma sociedade mais justa, digna e igualitária.
Em 2016 vamos seguir lutando e fazendo a diferença.
Um grande abraço.
*Claudir Nespolo é Presidente da CUT/RS
Fonte: http://cut.org.br/
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