sábado, 11 de fevereiro de 2017

Em editorial, Folha tenta se afastar do golpe de Estado como se não estivesse envolvida até o pescoço nele



O morcego 


Meia-noite. Ao meu quarto me recolho. 
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: 
Na bruta ardência orgânica da sede, 
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. 
"Vou mandar levantar outra parede..."
— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede! 
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh'alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?! 
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!


Ao ler editorial da Folha {de São Paulo} desta sexta, 10, com críticas ao governo golpista, me veio à lembrança esse poema de Augusto dos Anjos, mais especificamente o verso "Que ventre produziu tão feio parto?!". 

Agora que está claro, evidente, que o golpe é sujo, imundo, velhaco, corrupto, seus promotores (e a Folha é um dos principais, ao lado da Rede Globo e coirmãos) querem desconhecer o filho. Mas eles o pariram, em seus ventres produziram tão feio parto.

Afinal, o que eles poderiam esperar ao tirar Dilma e entregar o país a um bando formado por MT, Caju, Angorá, Botafogo, Todo Feio, Índio, Boca Mole, Porco, Justiça, Primo etc?

O Brasil do golpe tem a cara dos golpistas e a Folha não pode querer fugir da responsabilidade desse tão feio parto. Toma, que o filho é teu.

*Por Antônio Mello in Blog do Mello

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