O morcego
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:Na bruta ardência orgânica da sede,Morde-me a goela ígneo e escaldante molho."Vou mandar levantar outra parede..."— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolhoE olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,Circularmente sobre a minha rede!Pego de um pau. Esforços faço. ChegoA tocá-lo. Minh'alma se concentra.Que ventre produziu tão feio parto?!A Consciência Humana é este morcego!Por mais que a gente faça, à noite, ele entraImperceptivelmente em nosso quarto!
Ao ler editorial da Folha {de São Paulo} desta sexta, 10, com críticas ao governo golpista, me veio à lembrança esse poema de Augusto dos Anjos, mais especificamente o verso "Que ventre produziu tão feio parto?!".
Agora que está claro, evidente, que o golpe é sujo, imundo, velhaco, corrupto, seus promotores (e a Folha é um dos principais, ao lado da Rede Globo e coirmãos) querem desconhecer o filho. Mas eles o pariram, em seus ventres produziram tão feio parto.
Afinal, o que eles poderiam esperar ao tirar Dilma e entregar o país a um bando formado por MT, Caju, Angorá, Botafogo, Todo Feio, Índio, Boca Mole, Porco, Justiça, Primo etc?
O Brasil do golpe tem a cara dos golpistas e a Folha não pode querer fugir da responsabilidade desse tão feio parto. Toma, que o filho é teu.
*Por Antônio Mello in Blog do Mello
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