Iniciamos as postagens desta semana brindando nossos(as) prezados(as) leitores(as) com - mais - esta bela crônica do colega e amigo Ruy. Boa leitura! (Júlio Garcia)
Foto: Este Editor com Ruy Gessinger nos estúdios da TV Pampa, na Expointer - 2014 |
Por Ruy Gessinger*
Começo com Roberto Carlos, de cuja voz não gosto, nem da maioria de suas composições:
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Quantas vezes eu pensei voltar
E dizer que o meu amor nada mudou
Mas o meu silêncio foi maior
E na distância morro todo dia sem você saber
O que restou do nosso amor ficou
No tempo esquecido por você
Vivendo do que fomos ainda estou
Tanta coisa já mudou, só eu não te esqueci.
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Penso que voltar para onde já se foi é algo que quase sempre redunda em erro.
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Geralmente as pessoas se criam, crescem, ficam adultas, vivem e morrem no mesmo lugar.
Sua vantagem é de firmar sólidas amizades e irreconciliáveis inimizades. E brigas infindas entre parentes, principalmente na hora do inventário.
Se é de cidade grande, quer ter um sítio, verdadeira " amante argentina". Se é de lugar pequeno, maravilha-se com miragens de todo o tipo.
Algumas profissões fazem do cara um cigano. Aviadores, motoristas de caminhão, juízes, promotores, policiais, militares.
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Eu sou um desses casos.
Nasci na Santa Cruz pequenina que hoje não existe mais. Santa Cruz charmosa, poliglota, colorida.
Saí muito cedo e ali morri pela primeira vez.
Ressuscitei em P. Alegre, que hoje não existe mais.
Lá cursei o Direito na UFRGS. Não havia assaltos. Eram os anos 60.
Morri quando saí de P. Alegre e fui ressuscitando nas diversas comarcas onde fui trabalhar como juiz.
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Onde doeu mais minha saída foi de Santiago, em 1976. Era um ninho de águias, um lugar lindo.
Depois voltei para a Grande P. Alegre.
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Houve minha semi-volta para Santiago. Que não era mais a Santiago de antes. Tudo tinha mudado. Não interessa se para melhor para para pior. Eu devia ter calculado ou sabido, se não fosse tão inocente, que o rio nunca passa nas mesmas margens.
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Não teve outro jeito que não voltar a P. Alegre, essa mãe andrajosa hoje em dia, mas que recebe seus filhos pródigos, com seus braços trêmulos.
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Nessas andanças que ainda não terminaram, fui semeando amigos por todos os recantos. Mas, por falta de regar essas sementes, em boa parte, feneceram, secaram, morreram. Algumas, não todas.
O grande problema é que a amizade alimentada a mails e watts apps leva um choque anafilático ou um AVC ante a concretude de um face to face.
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Prossigo outra hora.
Mas antes preciso dizer que estou hiper, triper, bem. Apenas estou refletindo e concluindo que a vida, a morte e a ressurreição são só para quem não tem medo de mudar.
*Ruy Armando Gessinger é Advogado, comunicador, músico, blogueiro e Desembargador aposentado.
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