Lula também disse que vai agradecer à esposa até o dia de sua morte | Foto: Nelson Almeida / AFP / CP |
O velório de Marisa Letícia foi encerrado neste sábado por volta das 15h35min após um longo discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula falou por cerca de 40 minutos logo depois de uma cerimônia ecumênica presidida pelo bispo emérito da diocese de Bauru, dom Dom Angélico Sândalo Bernardino. "Eu vou continuar agradecendo à Marisa até o dia que eu não puder mais agradecer, o dia em que eu morrer. Espero encontrar com ela, com esse mesmo vestido que eu escolhi para colocar nela, vermelho, para mostrar que a gente não tinha medo de vermelho quando era vivo, e não tinha medo de vermelho quando morre", disse Lula.
O ex-presidente começou agradecendo aos presentes, muitos deles antigos companheiros. "Neste sindicato pensamos em criar a CUT e o PT. Sou resultado da consciência política dos trabalhadores brasileiros." Ele tinha a fala pausada com momentos em que era tomado pela emoção, e era interrompido por palmas de populares, familiares, amigos e militantes que lotavam o terceiro andar do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP). Lula lembrou dos momentos em que conheceu Marisa, no Sindicato, e da história deles juntos.
"Ela está com uma estrelinha do PT no seu vestido, e eu tenho orgulho dessa mulher. Muitas vezes essa molecada (os sindicalistas) dormia no chão da praça da matriz (de São Bernardo do Campo) e a Marisa e outras companheiras vendendo bandeira, vendendo camiseta para a gente construir um partido que a direita quer destruir", disse. Segundo o ex-mandatário do País, durante seu governo (2003-2010), a esposa "nunca pediu um vestido, um anel". "Desde 1975 minha conta bancária é da Marisa. Nunca admiti que ela mendigasse nada para o marido". Lula também relembrou os nascimentos de seus filhos e se emocionou.
No momento mais forte de seu discurso, o ex-presidente disse que Marisa morreu triste, que fizeram uma "canalhice" contra ela e que quer provar a inocência da esposa nas investigações da Operação Lava Jato, em que era ré junto com Lula em duas ações penais. "Na verdade, Marisa morreu triste. Porque a canalhice que fizeram com ela, e a imbecilidade e a maldade que fizeram com ela, eu vou dedicar... (não encerrou a frase). Eu tenho 71 anos, não sei quando Deus me levará, acho que vou viver muito, porque eu quero provar que os fascínoras que levantaram leviandade com a Marisa tenham, um dia, a humildade de pedir desculpas a ela", bradou, emocionado.
"Se alguém tem medo de ser preso, este que está aqui, enterrando sua mulher hoje, não tem. Não tenho que provar que sou inocente. Eles que precisam dizer que as mentiras que estão contando são verdadeiras", afirmou. Antes da fala de Lula, lideranças religiosas se revezaram ao microfone. Em seu pronunciamento, o bispo emérito de Blumenau, dom Angélico Sândalo Bernardino, criticou as reformas trabalhista e previdenciária do governo de Michel Temer (PMDB). Ele chamou de "ameaça" a reforma trabalhista e fez um "alerta": "atentem para que essas reformas sejam contra os pobres e os assalariados."
Cremação
Após o velório, o corpo da ex-primeira-dama foi levado para o crematório do cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo do Campo. Marisa Letícia teve sua morte confirmada na sexta-feira, aos 66 anos, após ficar dez dias internada no hospital Sírio- Libanês onde Marisa estava internada desde o dia 24 de janeiro após sofrer um acidente vascular cerebral hemorrágico.
*Via http://www.correiodopovo.com.br/
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