Lula e Raduan juntos, em novembro de 2016, pelo campus de Lagoa do Sino da UfsCAR. Em agosto de 2016, quando na iminência do golpe, ele saiu de sua fazenda, o que faz raramente, e foi a Brasília levar a sua solidariedade a Dilma
Carta aberta a um vassalo do capital (Em desagravo a Raduan Nassar)
Senhor Roberto Freire
A ausência do Excelência credite ao fato de excelente o senhor não ter absolutamente nada. O senhor é o meu reconhecimento à sua senilidade, à sua decrepitude.
Eu poderia abordar diversos aspectos da sua biografia e do seu comportamento, a começar pela contradição do senhor ter sido funcionário público de confiança dos generais, em plena Ditadura Militar, ao mesmo tempo em que membro do Partido Comunista e líder nas Ligas Camponesas, de Miguel Arraes.
Não é possível que o aparato de informações das Forças Armadas, que sabiam até das cores das nossas cuecas, em nossas gavetas, não soubessem disso.
Não é possível que, com toda a esquerda sabendo disso, não tivesse aparecido um traidor para denunciá-lo, um indiscreto ou leviano, para comentar, entregando-o, algum camarada que não tenha resistido à tortura, citado-o como camarada.
O que não tenho notícia é de algum militar justiçado por camponeses, com a recíproca não sendo verdadeira, com muitos camponeses morrendo por pedir reforma agrária.
Lembrei-me disso quando o ouvir gritar, em plena cólera: “esse histrionismo oposicionista está com os dias contados.”, frase perfeita na boca do General Médici, do Coronel Ustra, e de outros da escola onde o senhor se formou, travestido de comunista.
Os do seu partido, PPS, linha auxiliar do PSDB/Dem, simples puxadinho, se ufanam do senhor não estar nas delações da Lava Jato.
Verdade, de um depoente entre setenta e sete depoentes, o único do qual sabemos o teor do depoimento, faltando que saibamos dos outros setenta e seis, o senhor não aparece, mas os seus correligionários têm memória curta, o seu nome está no Mensalão do Dem, o que talvez o tenha credenciado a fazer parte desse governo.
Mas, apesar do espaço até aqui gasto, o que me motivou a escrever-lhe foi o episódio de ontem, na premiação do escritor Raduan Nassar.
O senhor reparou onde se deu a premiação, e com um número muito restrito de convidados?
Na varanda da casa do premiado, única maneira de homenageá-lo, já que avesso às pompas e circunstâncias, à exposição pública, aos holofotes da mídia, ao contrário dos políticos.
Depois, homem sensível, de intelecto apurado e afinado, Raduan fez da própria premiação um ato político, transformando o discurso de agradecimento pelo prêmio num manifesto, um libelo contra o golpe.
E o senhor falou depois, questionando o prêmio.
Lembro-lhe que não foi um júri de políticos que julgou a obra dele, mas de literatos brasileiros e portugueses, e ele venceu por unanimidade.
A mesma unanimidade que o governo do qual o senhor faz parte está quase alcançando, com mais de 80% de rejeição.
Logo, coerente com a linguagem neoliberal, para o qual tudo soa e tisne tom metálico, de moeda: vidas, destinos, pátria, moral e caráter, o senhor se referiu ao “prêmio pecuniário dado pelo governo brasileiro.”
Mais que uma demagogia barata, a sua afirmação foi hilária, típica das limitações dos que pensam com cifras. (...)
CLIQUE AQUI para continuar lendo a postagem de Joaquim Dantas (*via Viomundo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário