Dando sequência às 'Memórias do Blog O Boqueirão', repostamos à seguir este importante estudo histórico, político e sociológico postado no blog em 19 de julho de 2007, devidamente assinado pelo autor, cujo título é:O PT de Santiago: impasses e perspectivas19/07/2007 - "No meu livro “Boca de Lobo” (2005-GEFO*) relato uma passagem histórica que sintetiza bem o que já foi à esquerda em Santiago: em 1950, um grupo de militantes, entre eles, Oneron Dornelles, Aparício e Jéferson Gomes da Silveira, Rubem Lang, Níssio Castiel ... convocando para um ato, na esquina democrática de Santiago, contra o emprego da bomba atômica e pela paz mundial. O espírito do evento, quero crer, sintetiza bem o que já fomos um dia, especialmente, porque em 1955, o médico trabalhista, Rubem Lang, impõe uma derrota histórica aos setores oligárquicos. É claro que a ditadura, a partir de 1964, impediu a emergência de novas lideranças. Somente no final dos anos 70 e início dos anos 80 é que despontam algumas lideranças de esquerda, com base teórica e realmente consistentes. Essas, vem pari passu com o surgimento do Partido dos Trabalhadores – PT - no contexto municipal. O PT santiaguense foi fundado em 1981, estando entre seus fundadores, dentre outros, o professor Carlos Ney Martins da Silva, que foi também o primeiro presidente do PT local. Pode-se dizer que a candidatura de Alziro Bandeira, em l982, pedreiro e morador de uma vila humilde, foi um marco relevante na ruptura de classe em nosso meio. É importante frisar que essa candidatura, de Alziro Bandeira e seu vice Jorge Molleta é fruto de um longo processo de articulação política, não brotando ao acaso e aqui é preciso reconhecer o denodo e o trabalho aguerrido de Júlio César Schmitt Garcia que, de Porto Alegre, onde, naquele período, residia e militava no PT, no movimento estudantil e sindical, também articulava a organização do partido em vários municípios do interior do estado, Santiago dentre eles, a quem credito o mérito dessa concepção e a articulação naquele distante 1982. Após esse período, mesmo com o revés geral das eleições desse ano, o PT cresce bastante no estado e no país, inclusive Mas em 1992 surgem os primeiros problemas ou ziguezagues ideológicos, especialmente a concepção de frente em torno do nome de Vulmar Leite, fato esse que gerou seqüelas internas no PT, uma vez que essa decisão não foi pacífica, sendo que novamente o PT não conseguiu, por pouco, eleger sua bancada de vereadores. Então, em 1996, sob a presidência do advogado José Nunes Garcia, ocorreu a candidatura de José Cândido Duarte, com Ruben Bitencourt Finamor como candidato a vice-prefeito, que sintetiza a melhor fase do Partido sendo que, nessa eleição, teve dois vereadores eleitos: Neomir Alcântara e Antônio da Rosa Bueno. Já no pleito de 2000, o PT lança Neomir à prefeitura e o PT segue em ascensão, reafirmando sua linha de demarcação de um pólo classista, mantendo a eleição de dois vereadores (Bueno e Clodomiro que, pouco depois, iria para o PMDB) e conquistando mais a vereadora Clair, que tinha divergido com a direção do PDT, tendo sido sumariamente expulsa do partido, sendo após acolhida pelo PT. Em 2004 o PT, novamente com sérias divergências internas quanto a melhor tática eleitoral e política de alianças, vai dividido para as eleições, sendo que o setor que defendia candidatura própria ao Executivo não logrou êxito, e o PT contabiliza então sua pior derrota político-eleitoral, perdendo inclusive o espaço que detinha no legislativo. A partir daí, embora a redução de vagas pelo TSE, decisão reafirmada pelo STF, o partido entra em franco processo de perdas sucessivas de espaços. (...) |
Por fim, ainda sob um outro enfoque, saindo um pouco da questão eleitoral em si, o que acontece em Santiago é que o PP abocanha para si as grandes realizações do governo federal e programas nitidamente petistas são creditados a pepistas, que afora abocanharem a expressão mais nítida da organização social, surrupiam até os programas sociais do governo Lula e deles tiram proveito eleitoral. Mas, creio que o debate está aberto. Se bem compreendidos tanto os êxitos quanto as falhas do passado, pode-se marchar rumo à construção de um novo processo. Mas esse não pode ignorar o diagnóstico que aponta claramente alguns erros de inserção, ausência de disputa de hegemonia, falta de organização de alguns segmentos da sociedade civil e condução de lideranças que levaram o Partido ao isolamento e afastamento do conjunto da sociedade santiaguense, que afinal tem seus códigos próprios, ritos e algumas particularidades que devem ser respeitadas. Finalizando, asseguro que – apesar de tudo – temos raízes históricas fincadas na esquerda, temos um contingente expressivo do eleitorado local que vota na esquerda e, sobretudo, perspectivas de trabalhar e operar em cima desses elementos." (Por Júlio César de Lima Prates, especial para 'O Boqueirão') |
Blog de notícias, política, artigos, cultura, entrevistas, variedades, opiniões... y otras cositas más! (Santiago/RS e Região) - Editor: Júlio Garcia
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
MEMÓRIA - VI
Assinar:
Postar comentários (Atom)
´Caro companheiro Júlio, excelente relato histórico do PT de Santiago. Valeu. Grande abraço. Rubens Leal
ResponderExcluirGrande companheiro Rubens, da velha cepa: grande abraço! Sempre na luta!!!
ResponderExcluir