Por Janio
de Freitas*
Se ele acha que está sendo 'porta-voz da
indignação', fica evidente que não sabe mesmo o que está fazendo.
Ela se
apropriou da política econômica defendida por Aécio, mas Aécio não se deixa
abater e já demonstra que pode fazer o mesmo: adere à redução da desigualdade
social por meio da distribuição de renda, defendida por Dilma na campanha. A
reviravolta de Dilma foi mais surpreendente, mas a de Aécio é mais original no
método. Veio pela TV, na amenidade noturna do fim de semana, e naquele estilo
de elegância chamado "curto e grosso".
Nas próprias palavras do ainda
pretendente à Presidência da República: "Na verdade, eu não perdi a
eleição para um partido político, eu perdi a eleição para uma organização criminosa
que se instalou no seio de algumas empresas brasileiras patrocinada por esse
grupo político que aí está".
De fato, Aécio não perdeu para um partido
político. Perdeu para os eleitores, petistas, peemedebistas e nada disso, que
lhe negaram o voto e o deram a Dilma. Qualquer deles agora habilitado, desde
que capaz de alguma prova de sua adesão a Dilma, a mover uma ação criminal
contra Aécio Neves por difamação, calúnia e injúria, e cobrar-lhe uma
indenização por danos morais.
Uma foto em manifestação, uma doação ou um
serviço para a campanha, um cartaz ou um retrato na janela, uma propaganda no
carro, em qualquer lugar do país podem se juntar às demais provas para dar uma
resposta à acusação de Aécio Neves tão gratuitamente agressiva e tão
agressivamente insultuosa.
É difícil admitir que Aécio Neves esteja consciente
do papel que está exercendo. A situação social do Brasil não é de permitir que
acirramentos, incitações e disseminação de ódios levem apenas a efeitos
inócuos, de mera propaganda política. Para percebê-lo, não é preciso mais do
que notar a violência dos protestos com incêndios ou a quantidade de armas
apreendidas.
Se Aécio acha, como diz, que está sendo "porta-voz de um
sentimento de indignação", pior ainda: fica evidente que não sabe mesmo o
que está fazendo, e aonde isso o leva.
*Jornalista - Fonte. Jornal Folha de S. Paulo
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