MANIFESTO AOS PETISTAS, AOS TRABALHADORES E JOVENS:
O 5º Encontro Nacional do “Diálogo e Ação Petista”, realizado em Brasília em 6 e 7 de dezembro de 2014, reunindo 119 delegados e delegadas de 13 estados, dirige-se a todos companheiros e companheiras petistas, aos trabalhadores e jovens.
O 5º Encontro Nacional do “Diálogo e Ação Petista”, realizado em Brasília em 6 e 7 de dezembro de 2014, reunindo 119 delegados e delegadas de 13 estados, dirige-se a todos companheiros e companheiras petistas, aos trabalhadores e jovens.
Vivemos um momento político
crucial, menos de dois meses após a reeleição de Dilma Roussef para um novo
mandato à frente da presidência da República.
A inquestionável reeleição
da candidata do PT, que se deveu à força e à alma da militância petista e de
setores populares, mobilizados em todo o Brasil para barrar o retrocesso
representado por Aécio, encadeada com as vitórias de Evo na Bolívia e Tabaré no
Uruguai, combinou-se com uma amputação na bancada parlamentar do nosso partido
(reduzida em 20% na Câmara, em 15% no Senado e 30% nos legislativos estaduais)
e com a derrota eleitoral em muitas de suas bases tradicionais.
Ainda assim, o PT foi o
partido mais votado e tem a maior bancada de deputados federais, ganhou o
governo de cinco estados (BA, MG, CE, PI e AC), mesmo perdendo no RS e DF onde
governava. O que demonstra que o PT pode jogar um papel central na luta pelo
atendimento das reivindicações do povo trabalhador e na construção de uma nação
soberana, liberta da dominação imperialista.
Não é por outra razão que a
grande mídia e a oposição desencadearam uma brutal campanha de “antipetismo”,
explorando erros dos governos encabeçados pelo PT e omissões do próprio
partido, em particular a falta de reação à manipulação da AP 470 que jogou na
prisão de dirigentes históricos, num julgamento político de exceção cuja
anulação defendemos.
Nós, que ajudamos a
construir o Plebiscito Popular por uma Constituinte exclusiva e soberana sobre
o Sistema Político, vimos com satisfação a presidente Dilma receber os seus
resultados em 13 de outubro (quase 8 milhões de votos, 97,5% pela Constituinte)
e, no discurso da vitória, reafirmar a necessidade de um Plebiscito para a
reforma política.
E AS MUDANÇAS NECESSÁRIAS?
Entretanto, os primeiros
anúncios para o 2º governo Dilma estão em flagrante contradição com as
expectativas da militância e de amplos setores populares que garantiram a sua
vitória. Senão, como entender a nomeação do indicado do Bradesco, Joaquim Levy,
para ministro da Fazenda e do ex-presidente da CNI Armando Monteiro para
ministro da Indústria? Ou a cogitação do nome de Kátia Abreu (CNA) para a
Agricultura?
Desde o final das eleições,
Tombini, no Banco Central, já elevou os juros duas vezes, chegando à taxa
básica de 11,75%, cedendo “à chantagem insaciável dos rentistas e especuladores
do mercado financeiro”, como disse nota da Contraf-CUT (bancários). A chefe do
FMI, Christine Lagarde, saudou o “ajuste fiscal” prometido por Levy.
Medidas que, além de
contraditórias com a mobilização pelas reformas populares que estiveram na base
do engajamento militante para derrotar Aécio, ao contrário de “acalmar” o
mercado e a oposição, apenas aumentam o seu apetite para encurralar o governo e
destruir o nosso partido.
Derrotados nas urnas, Aécio
e seus aliados seguem na ofensiva, explorando o caso Petrobras (para
privatizá-la e entregar o Pré-Sal às multinacionais), destilando preconceitos
de tipo racista, animando “viúvas” da ditadura e o golpismo, chegando a pedir a
“extinção do PT”.
Uma polarização que reflete
a luta entre classes com interesses opostos, mas que o governo Dilma, com o
silêncio da direção do PT, parece querer contornar cedendo às pressões do
“mercado” e dos que foram derrotados nas urnas!
O QUE FAZER?
Não somos “donos da
verdade”, mas temos a absoluta certeza que é preciso agir como o PT agia nas
suas origens: mobilizar a nossa base social e organizá-la para a luta contra
nossos inimigos. É preciso adotar uma política que, ao invés de buscar
superávit primário (bilhões para pagar dívidas a banqueiros e especuladores),
invista na melhoria dos serviços públicos e na presença do Estado nos setores
chave da economia; que, ao contrário de ceder à chantagem de “aliados” como o
PMDB, reate os laços do PT com os movimentos populares, com a CUT e com as
organizações da juventude; que se dê a palavra e o poder de decisão aos
militantes, superando o “condomínio” de mandatos parlamentares que esvazia as
instâncias; é preciso dar formação política aos militantes e importância aos
setoriais do partido.
Reafirmamos a urgência da
reforma política, pois o atual sistema bloqueia a realização das reformas
agrária, tributária, urbana, a regulação e democratização da mídia, que estão
pendentes desde o primeiro governo Lula. Não será o Congresso “mais conservador
desde 1964” (DIAP), eleito com base no financiamento de empresas, sem
proporcionalidade real, com um Senado oligárquico e sem voto em lista, que fará
uma reforma política democrática. Por isso continuamos a batalha por um
Plebiscito, agora oficial, pela Constituinte sobre o sistema político em
atividades de rua, audiências públicas, nos sindicatos, escolas e locais de
moradia, ligando-a às reivindicações imediatas dos trabalhadores e da
juventude!
Reafirmamos, quando o
relatório da Comissão da Verdade vem a público, a exigência de punição dos
crimes da ditadura, com a revogação da sua “Lei de Anistia”. O que se desdobra
na luta pela desmilitarização das PMs e pelo fim dos Autos de Resistência, que
servem para justificar a violência policial, em especial contra a juventude
negra.
Diante das denúncias de
negociatas de empreiteiras com altos funcionários da Petrobras, nos somamos à
FUP na exigência de apuração e punição dos responsáveis e apontamos para a
reconquista de uma Petrobras 100% estatal e de seu monopólio, quebrado por FHC
em 1995/97. Os contratos superfaturados se devem à “terceirização” de obras da
Petrobras, que também precariza as condições de trabalho, tal como ocorre em
outros setores públicos ou privados da economia. O atual sistema político, já
denunciado em junho de 2013 com o grito de “vocês não nos representam”, ficará
ainda mais desmoralizado com o caso Petrobras, atualizando a exigência da
Constituinte.
E O PT?
Mas para jogar o seu papel,
o PT também precisa de uma reforma política interna. Os vícios do sistema
político são reproduzidos no interior do partido, como é exemplo o PED, que
deve ser extinto com a volta dos Encontros de delegados eleitos a partir de
plataformas políticas, em que a base possa controlar os dirigentes e que as posições
adotadas reflitam a opinião da militância, oxigenando o partido a partir da
recuperação de suas melhores tradições.
O 5º Congresso do PT, cuja
2ª etapa está prevista para junho, apesar de reunir os mesmos delegados eleitos
há mais de um ano, abre a oportunidade de travar esse debate, para o qual o
“Diálogo e Ação Petista” pretende contribuir. Uma negativa da maioria da
direção de rever sua política de alianças que destrói o próprio partido, de
reatar com os princípios originais do PT, pode empurrá-lo de vez para o abismo.
Mas ainda é tempo para mudar de política!
Chamamos todos e todas a
estarem junto conosco na posse de Dilma em 1º de janeiro, para defender o
mandato popular dado pelas urnas e cobrar do governo as mudanças necessárias, a
começar pela reforma política que só uma Constituinte exclusiva e soberana pode
fazer! Com os movimentos populares, a juventude e a CUT, levantaremos as
reivindicações mais sentidas da maioria da nação, conteúdo do voto dado à
candidata do PT, que são a melhor resposta às tentativas de acuar o governo
eleito democraticamente pela maioria do povo brasileiro!
Seguiremos nos organizando
em todo o país para “agir como o PT agia”, filiando novos companheiros para
reforçar essa luta, buscando preservar o patrimônio político acumulado pelo PT
dos ataques que visam destruí-lo. Convidamos todos e todas petistas a entrarem
em contato conosco nas reuniões locais do “Diálogo e Ação Petista”!
Brasília, 7 de dezembro de
2014.
Diálogo e Ação Petista - DAP
*O DAP é integrado por companheir@s de várias correntes petistas assim como por companheir@s 'independentes' (sem nenhum vínculo com correntes internas do PT). Aberto à adesões.
*O DAP é integrado por companheir@s de várias correntes petistas assim como por companheir@s 'independentes' (sem nenhum vínculo com correntes internas do PT). Aberto à adesões.
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