terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Mobilização popular freou o golpe do 'mordomo' Temer


Lula Marques/ Agência PT

Novos apoios se uniram à lista de combatentes contra o complô para derrubar Dilma, entre eles os dos cantores Chico Buarque e Gilberto Gil, além da CNBB

Por Darío Pignotti, de Brasília*Uma frente social para impedir o golpe do “mordomo” Michel Temer. A semana que passou será recordada como aquela na que Dilma Rousseff reafirmou sua força como presidenta da República e nomeou um novo ministro da Fazenda desenvolvimentista, Nelson Barbosa, fortalecida pelo respaldo de uma coalizão entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e os movimentos populares, que frustrou, pelo menos por enquanto, o plano destituinte para instalar o vice Michel Temer na presidência.

Nos últimos dias, houve uma mudança no cenário político do Planalto. Dilma, aconselhada por Luiz Inácio Lula da Silva, dedicou menos tempo às reuniões com tecnocratas especialistas em calcular o superavit fiscal para priorizar as reuniões com os jovens da União Nacional de Estudantes, dirigentes da Frente Brasil Popular e o religioso franciscano Leonardo Boff.

Novos apoios se uniram à lista de combatentes contra o complô para derrubar Dilma, entre eles os dos cantores Chico Buarque e Gilberto Gil, além da CNBB, cujas posições tomaram um giro progressista depois da eleição do papa Francisco.

A semana teve seu momento mais movimentado a partir da quarta-feira, dia em que a CUT, o MST e o PT reuniram cerca de 210 mil pessoas em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e outras capitais por onde marcharam e gritaram o coro que dizia “não vai ter golpe”, e consignas contra Joaquim Levy, o então ministro de Fazenda, e Eduardo Cunha, o presidente da Câmara dos Deputados e cúmplice de Michel Temer, o vice-presidente que ganhou o apelido de “mordomo de filme de terror”.

Nos atos desta última quarta-feira, os defensores da democracia triplicaram os números das marchas do anterior domingo, que pediam o “Fora Dilma” e a “Intervenção das Forças Armadas”.

Semelhante presença de manifestantes fortaleceu o campo democrático, e ao mesmo tempo mostrou um certo desgaste das classes médias opositoras, além de desnudar as limitações da dirigência conservadora. Assim como os diagnósticos errados dos chefes do complô, que achavam que Dilma estava entregue à própria sorte, e se equivocaram.

Apressados, os dirigentes da Fiesp e do PSDB, liderados pelo ex-mandatário Fernando Henrique Cardoso, imaginaram que iriam impor o impeachment e consagrar a Michel Temer como presidente de “unidade nacional”, um novo integrante da nova onda conservadora governante na América do Sul.

Temer é um político hábil para as intrigas dentro do Palácio, mas carece de liderança e apoio popular. Na última vez em que foi candidato a deputado, em 2006, ele foi o 54º mais votado entre os 70 eleitos pelo Estado de São Paulo.

Uma pesquisa publicada ontem pelo instituto DataFolha revela que 68% dos entrevistados consideram Temer um dirigente regular ou péssimo, e 58% acham que um governo do atual vice seria igual ou pior que o de Dilma, governo que apresentou leve melhora em sua popularidade.

Segundo a pesquisa, “a população brasileira não vê com bons olhos” uma administração de Temer, que chegou a elaborar um programa de governo, que foi apresentado aos banqueiros e aos empresários, com promessas de ajuste severo e privatizações.


Fim do “austericídio”?

Outra mudança importante no cenário político e econômico do país foi a queda do ministro da Fazenda Joaquim Levy, um neoliberal com experiência no FMI, substituído por seu adversário no gabinete, o desenvolvimentista Nelson Barbosa, que era ministro do Planejamento até então. 

Barbosa vinha sendo um dos inimigos do “austericídio” defendido por Levy Joaquim dentro do governo, e após ser nomeado prometeu uma política que dê importância às obras de infraestrutura e à dinamização do crédito, mas sem romper com a disciplina fiscal. 
“É uma pessoa com experiência na administração pública, sabe atuar com responsabilidade e que tem a sensibilidade, e capacidade de gerar empregos”, disse o diretor do Instituto Lula, Paulo Okamotto. (...)
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