domingo, 6 de novembro de 2016

Em ato pelo MST, líderes pedem renovação na esquerda

“Está na hora de criar algo mais sólido, na perspectiva de construção de sonhos”, diz Lula



Roberto ParizottiA luta para restabelecer a democracia pode ser a chave, diz Lula, em encontro na escola do MST
É hora de a esquerda e o campo progressista em geral construírem algo novo no cenário político. Essa parece uma constatação contra a qual não faria objeção nenhum dos presentes ao ato de solidariedade ao MST, ocorrido neste sábado, dia 05, na sede da Escola Nacional de Formação Florestan Fernandes.
Já a definição do que seria o novo não está assim tão bem definida. Para Lula, que encerrou o ato, “está na hora de construir algo mais sólido”, comentou. “E não falo aqui de partido. Eu falo de movimento. O que a gente vai fazer daqui para frente, na perspectiva de construção de sonhos?”, perguntou.
Para o ex-presidente, a chave pode estar na luta pelo “restabelecimento da democracia neste País”.  “Temos de fazer algo mais forte, que junte mais gente”.
O ato realizado na tarde deste sábado foi uma demonstração de unidade e solidariedade, um dia após o MST sofrer outra perseguição judicial, sendo o episódio mais estrepitoso a invasão da Escola Florestan por policiais civis, sem mandado de busca e apreensão.
Participaram lideranças de praticamente toda a esquerda nacional na mobilização de hoje, sob a cobertura da quadra esportiva. Delegações de mais de 20 países estavam presentes, a maioria de estudantes que fazem curso ali na escola do MST. A Conlutas e a Intersindical também participaram.
A unidade de ação dos movimentos pode ser o embrião do novo. A representante da CUT Jandira Uehara, secretária nacional de Políticas Sociais e Direitos Humanos, destacou “o caráter internacionalista” da mobilização e alertou: “Essa solidariedade deve ser cotidiana. Nenhuma instituição sozinha vai conseguir fazer frente ao avanço do estado de exceção. E temos de ter clareza que tudo isso tem relação com a defesa de Lula e de tudo o que ele representa”.A defesa de Lula é um imperativo, diz JandiraA defesa de Lula é um imperativo, diz Jandira
Jandira aproveitou para convocar à participação no ato do próximo dia 10, quando será lançada campanha em defesa do ex-presidente, e no Dia Nacional de Greve, que acontece no dia 11 de novembro.
O deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), também defendeu a necessidade do novo. “Temos de fazer a resistência democrática, contra os retrocessos, mas não só. Precisamos renovar e atualizar nosso projeto, que seja generoso com a população brasileira”, afirmou. Tatto foi o primeiro parlamentar a se dirigir à escola, na manhã de sexta, tão logo foi divulgada a notícia da invasão.
Também deputado, Ivan Valente (PSol-SP) disse que o ataque à escola do MST procurou atingir um símbolo do movimento popular e da luta por um novo modelo. Para ele, o novo que deve ser apresentado para a sociedade, do ponto de vista do campo progressista, é “cobrar a dívida ativa dos caloteiros da Previdência”, é taxar as grandes fortunas e fazer uma auditoria da dívida. Valente criticou duramente a PEC 241/55, que segundo ele “vai excluir a maior parte da população do processo político e econômico” e ignorar as funções do Legislativo. E, por fim, pediu: “Fim das desonerações para empresas, que criaram um buraco e não geraram emprego”.Com coragem, vamos enfrentar essa barra, diz Florestan Fernandes JrCom coragem, vamos enfrentar essa barra, diz Florestan Fernandes Jr
O jornalista Florestan Fernandes Jr esteve presente. Emocionado, lembrou que o pai dele sempre lutou por justiça social e que tinha origem camponesa, daí a tamanha identificação com o MST e sua escola. “A direita ontem deu um tapa na nossa cara. Mas isso não vai ficar assim. Com coragem vamos ter de enfrentar essa barra”, finalizou, em referência à escalada da violência e do arbítrio. “Vamos pra rua”, disse.
A presidenta deposta Dilma Rousseff participou através de uma mensagem, lida pelo mestre de cerimônias e líder do MST Gilmar Mauro. Na mensagem, Dilma define a ação policial de sexta como “assustadora (...) no curso do estado de exceção (...). A invasão é um precedente grave”.
Antes, o senador Lindbergh Farias (PT-SP) dissera ao público: “Vamos resistir a essa nova ofensiva do neoliberalismo”.   
*Escrito por: Isaías Dalle. Fotos de Roberto Parizotti  no sítio da CUT Nacional

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