Da Redação*
O Centrão assumiu diretamente o poder, sem intermediários,
pela primeira vez desde os mandatos de FHC, Lula e Dilma.
Foi consequência da votação desta noite, em que Michel Temer
obteve os 172 votos necessários a barrar a denúncia da Procuradoria Geral da
Justiça contra ele no Congresso.
PSD, PP, PR, PTB, Pros, SD e PSC lideraram o bloco que salvou
Michel Temer, além do PMDB.
O autor do relatório que salvou Temer foi o deputado Paulo
Abi-Ackel, do PDSB mineiro, que pretende ser o herdeiro político de Aécio
Neves.
O ex-presidente do PSDB, acusado ao lado de Temer nas
delações da JBS, jogou pesado nos bastidores para salvar o ocupante do Planalto
— e abater as acusações feitas contra ele pela PGR.
A rachadura desmoraliza os tucanos: Aécio conseguiu os votos
da veterana Yeda Crusius e da novata Bruna Furlan a favor de Temer, mas não os
de Mara Gabrilli e do pernambucano Daniel Coelho, por exemplo.
A sessão teve poucos momentos risíveis em comparação àqueles
da votação que abriu processo de impeachment contra Dilma Rousseff.
O deputado Marco Feliciano, por exemplo, votou em favor do
relatório argumentando que a derrota de Temer significaria “a volta do PT ao
poder”.
O deputado Victório Galli, do PSC de Mato Grosso, votou por
Temer e contra a “identidade de gênero” nas escolas.
O deputado Ezequiel Teixeira, do PTN do Rio, votou “contra o
comunismo”.
Apoiadores de Temer tentaram ressuscitar o surrado
antipetismo para defender a quadrilha que ocupa o Planalto.
Grande parte dos que votaram para enterrar a denúncia
argumentaram pela “estabilidade econômica”, num momento em que o Brasil tem 14
milhões de desempregados, rombo recorde nas contas públicas, cortes nos
direitos sociais e quebradeira generalizada.
Discursaram como se a recuperação econômica fosse um fato,
desconhecendo o desejo expresso em pesquisas por mais de 90% dos entrevistados:
o de que Temer deve ser investigado.
Segundo o jornalista Fernando Rodrigues, do Poder
360, já prevendo a vitória o Centrão articula lançar o ministro da Fazenda
Henrique Meirelles como candidato do grupo em 2018.
Temer obteve os 172 votos necessários à rejeição da denúncia
às 20h30m, com 145 votos contra e 13 ausências àquela altura.
A decisão da Câmara deve aprofundar a crise econômica,
política e social e colocar Temer cada vez mais no colo das bancadas fisiológicas
que dominam o Congresso, a começar do Boi, Bala e Bíblia.
*Do Viomundo
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