Os três desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional
Federal não precisam mais examinar os recursos que, esta semana, estão chegando
a eles no processo em que Sérgio Moro condenou Lula. Ou melhor, devem ser
simples despachantes, verificando apenas a idoneidade das provas, não a sua
interpretação.
É que o presidente do Tribunal, Carlos Eduardo Thompson
Flores Lenz – descendente de uma família de saber jurídico genético, que habita
os tribunais superiores desde o século 19; este Carlos é o neto do neto do
“original”, Carlos Thompson Flores, nomeado juiz em 1875, no Império – já
decretou, no Estadão de hoje, que a sentença de Moro
” “é tecnicamente irrepreensível, fez exame minucioso e irretocável da
prova dos autos e vai entrar para a história do Brasil”.
– Gostei. Não vou negar.
O Doutor gostou? Então que se providencie logo a
confirmação…
Não tem importância que a Lei Orgânica da Magistratura e seu
Código de Ética digam que o magistrado deve “abster-se de emitir opinião sobre
processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre
despachos, votos, sentenças ou acórdãos, de órgãos judiciais, ressalvada a
crítica nos autos, doutrinária ou no exercício do magistério”.
Não vem ao caso que Flores presida o Tribunal onde o recurso
tramita e, assim, tenha influência sobre os desembargadores que irão
apreciá-lo.
Como decidiu a maioria do Tribunal Regional Federal, Moro
tem sempre razão e a lei deve ser posta de lado quando se trata de Lula.
Não é preciso nem, decorosamente, esperar o cumprimento das
formalidades.
*Por Fernando Brito, jornalista. No Tijolaço
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