terça-feira, 4 de setembro de 2012

Morre Universindo Díaz, historiador uruguaio sequestrado pela ditadura no Brasil



Montevidéu - O historiador uruguaio Universindo Rodríguez Díaz, 60 anos, morreu neste domingo (02/09) em Montevidéu, vítima de um câncer na medula, descoberto em janeiro passado. O ativista político é conhecido por ter sobrevivido após ser sequestrado e torturado pela ditadura uruguaia (1973-1985) no Brasil.

O sequestro de Díaz, ocorrido em novembro de 1978, marcou o início das ações da Operação Condor, aliança entre as ditaduras de Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai para caçar opositores políticos, em Porto Alegre. A uruguaia Lílian Celiberti e seus dois filhos também foram sequestrados na mesma data, juntos com o historiador.

Díaz e Celiberti foram interrogados e torturados ainda no Brasil, antes de serem transferidos para o Uruguai. Na época, não havia a certeza de que o sumiço dos dois estivesse relacionado com a Operação Condor. Cogitou-se que fosse somente uma cooperação entre o Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e a Companhia de Contrainformações do exército uruguaio.

Após os cinco anos em que ficou preso, Díaz, ainda durante a ditadura, entrou com um processo contra seus torturadores. A ação foi bloqueada pela anistia uruguaia, mas o atual presidente, José Mujica, permitiu a reabertura de 80 investigações sobre crimes no período de exceção, entre eles os sofridos pelo historiador.

O estado de saúde de Díaz começou a piorar no último sábado. Depois de um transplante de medula, ele estava com nível próximo de zero de glóbulos brancos no sangue. O ativista deixa o filho, Carlos Iván Rodríguez Trías, e a ex-mulher Ivonne Trías, que cuidavam dele durante a doença.

Nos últimos anos, Díaz se dedicava a explorar os arquivos da ditadura de seu país, além de criar documentários e escrever livros. (com o Blog do Nassif)

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