Montevidéu - O historiador
uruguaio Universindo Rodríguez Díaz, 60 anos, morreu neste domingo (02/09) em
Montevidéu, vítima de um câncer na medula, descoberto em janeiro passado. O
ativista político é conhecido por ter sobrevivido após ser sequestrado e
torturado pela ditadura uruguaia (1973-1985) no Brasil.
O sequestro de Díaz,
ocorrido em novembro de 1978, marcou o início das ações da Operação Condor,
aliança entre as ditaduras de Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai para
caçar opositores políticos, em Porto Alegre. A uruguaia Lílian Celiberti e seus
dois filhos também foram sequestrados na mesma data, juntos com o historiador.
Díaz e Celiberti
foram interrogados e torturados ainda no Brasil, antes de serem transferidos
para o Uruguai. Na época, não havia a certeza de que o sumiço dos dois
estivesse relacionado com a Operação Condor. Cogitou-se que fosse somente uma
cooperação entre o Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e a Companhia
de Contrainformações do exército uruguaio.
Após os cinco anos em
que ficou preso, Díaz, ainda durante a ditadura, entrou com um processo contra
seus torturadores. A ação foi bloqueada pela anistia uruguaia, mas o atual
presidente, José Mujica, permitiu a reabertura de 80 investigações sobre crimes
no período de exceção, entre eles os sofridos pelo historiador.
O estado de saúde de
Díaz começou a piorar no último sábado. Depois de um transplante de medula, ele
estava com nível próximo de zero de glóbulos brancos no sangue. O ativista
deixa o filho, Carlos Iván Rodríguez Trías, e a ex-mulher Ivonne Trías, que
cuidavam dele durante a doença.
Nos últimos anos,
Díaz se dedicava a explorar os arquivos da ditadura de seu país, além de criar
documentários e escrever livros. (com o
Blog do Nassif)
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