Num
país, algumas datas são para celebrar. Outras, para lamentar.
O
dia 31 de março é para lamentar.
Há
49 anos, uma conspiração destruiu uma democracia com o argumento cínico de que
estava exatamente preservando a democracia.
O
que havia de mais atrasado na sociedade da época se juntou na trama: militares,
CIA, políticos conservadores e grandes empresários do jornalismo, como os
Mesquitas, Roberto Marinho e Octavio Frias de Oliveira.
A
administração que nasceu dessa aliança foi um colosso da inépcia. O Brasil
piorou dramaticamente – excetuado o pequeno grupo que tomou conta do Estado.
A
desigualdade floresceu.
O
país se favelizou. Conquistas trabalhistas foram extirpadas, como a
estabilidade. Greves – a única arma dos trabalhadores – foram proibidas. O
ensino público que era excelente – e promovia a mobilidade social – foi
devastado, com a perseguição a professores e o controle obsceno do que era
ensinado nas salas de aula.
O
Brasil deu um passo gigantesco para trás em 31 de março de 1964.
Os
generais presidentes – Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e
Figueiredo – merecem um esculacho eterno.
Falavam
em combater a corrupção dos civis e não conseguiram criar em seu partido, a
Arena, nada que fosse além de Paulo Maluf.
Foram
mais de vinte anos de pesadelo**.
Alguns
cúmplices dos militares acabaram também se dando mal. Carlos Lacerda, o eterno
conspirador, queria que eles derrubassem João Goulart e preparassem o terreno
para que ele, Lacerda, ascendesse à presidência.
Os
Mesquitas foram obrigados a publicar receitas para ocupar o espaço de textos
censurados.
Frias
foi submetido à humilhação de receber uma ordem telefônica para demitir o
diretor de redação Claudio Abramo, e obedeceu.
Passou.
Mas
é bom não esquecer que 31 de março é um dia para lamentar.
*Por
Paulo Nogueira, jornalista e Editor do
http://diariodocentrodomundo.com.br
(fonte desta postagem).
...
**Nota do Editor do Blog: Dentre os pesadelos vivenciados durante a famigerada ditadura civil/militar estão milhares de prisões arbitrárias de civis e militares (que não compactuaram com o golpe), torturas, banimentos e assassinados de patriotas que ousaram lutar contra o arbítrio. Uma dessas pessoas foi a jovem santiaguense Sônia Angel, trucidada aos 27 anos em São Paulo, em 1973. Clique Aqui para conhecer um pouco sobre sua vida, sua luta e seu sacrifício (martírio) na luta pela democratização do nosso país.