Por Breno Altman*
Tantos simpatizantes quanto críticos do falecido
presidente venezuelano, em sua maioria, tendem a destacar os feitos sociais
como a principal herança de seu governo. Afinal, são inegáveis os avanços
conquistados nesses últimos catorze anos, impulsionados por uma liderança que
transferiu a receita petroleira, antes apoderada por grupos privados, para um
vasto pacote de serviços públicos e iniciativas distributivistas.
A Venezuela apresenta a sociedade com melhor
repartição de renda da América do Sul, de acordo com o índice Gini, além do
maior salário mínimo regional, atestado pela Organização Mundial do
Trabalho. Registra, na última década, o
mais acelerado padrão de crescimento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
do subcontinente, segundo relatório das Nações Unidas. Foi declarada território
livre de analfabetismo pela Unesco, em 2006. Não é pouca coisa. Esses
resultados foram consequência da universalização de direitos sociais, sob o
comando do Estado, em um processo financiado pela progressiva nacionalização
dos recursos minerais, especialmente dos hidrocarbonetos, que antes abasteciam
as arcas de oligarcas venezuelanos e estrangeiros.
Provavelmente nada disso, contudo, teria sido possível
se Hugo Chávez não tivesse colocado como a primeira e mais importante tarefa a
mudança radical do sistema político. Estudioso da experiência chilena de
Salvador Allende, o presidente socialista derrubado por um golpe militar em
1973, o mandatário venezuelano sempre afirmou que não se fazem reformas
estruturais com as velhas instituições forjadas pelas elites.
Talvez uma estratégia de mudanças sem rupturas pudesse
prescindir de transformação política mais ampla. O programa de Chávez, porém,
tinha outras características, apontando para medidas de choque contra os
monopólios privados, os latifúndios e o imperialismo. Seu discurso assumiria,
com o passar do tempo, declarada perspectiva anticapitalista, enfeixado sob o
conceito de “socialismo do século XXI”. (...)
-Clique Aqui para ler a matéria, na íntegra (via Opera Mundi).
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