quarta-feira, 15 de maio de 2013

Lula dá pontapé inicial na campanha de reeleição de Dilma em evento no RS



Evento ocorreu no Teatro do Bourbon Country em Porto Alegre e contou com lideranças partidárias de várias siglas aliadas ao governo federal | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Rachel Duarte
Sul21 - O evento do Partido dos Trabalhadores realizado na noite desta terça-feira (14), em Porto Alegre, foi mais do que um balanço dos 10 anos do governo petista. Apesar da pouca presença da militância, tradição em qualquer atividade do PT, o ato teve caráter explícito de campanha eleitoral. O local escolhido também serviu para dar ares grandiosos ao evento: o elegante Teatro do Bourbon Country, devidamente decorado com peças publicitárias que mais pareciam anunciar a estreia de um novo filme. Presentes ao ato político, os protagonistas Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva demonstraram energia para tentar repetir o roteiro das últimas eleições.
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O ex-presidente Lula falou mais do que todos e voltou a sentir o gostinho da plateia reagindo à sua oratória. A voz, porém, esteve um pouco controlada para evitar prejuízos pós-tratamento contra um câncer de laringe enfrentado por Lula em 2011. Na hora em que começou seu discurso, o velho hábito de recorrer à água colocada pelos assessores antes dos eventos foi motivo de nostalgia. “Isso é coisa de ex-presidente. Dilma, você ainda vai chegar lá”, disse Lula, em tom de brincadeira. Sobre o legado do governo petista, ele disse que acredita que a democracia participativa foi o diferencial para o país durante a gestão Lula-Dilma. “A relação criada com as pessoas foi a melhor coisa que criamos nos nossos governos. Fazer obras qualquer governo faz. A nossa diferença é a aliança com o povo. Os ricos não precisam do governo. Quem precisa dele é a parte pobre e é pra ela que temos que governar”, falou.
Diante de representantes dos partidos da base governista, Dilma foi aclamada como candidata à reeleição por Lula e pelo presidente do PT, Rui Falcão. “Nos cabe a missão de reeleger a Dilma, os governadores e o maior número de bancadas no Congresso. Estamos nos organizando para cumprir este objetivo. Precisamos esclarecer que os avanços que o país teve são fruto de um projeto político”, salientou Rui Falcão.
Dilma Rousseff acredita que  há setores que torcem pelo fracasso da economia brasileira | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Sobre os próximos desafios do país, o presidente petista considera que o governo federal precisa avançar para executar as reformas Política, Tributária e das Comunicações. “A oposição, em plena campanha eleitoral, lança mão de todos os esquemas para nos enfraquecer. O governo da presidenta Dilma precisa dar continuidade ao que vem fazendo com nível de emprego e renda. Defender os nossos governos é tarefa permanente”, disse Falcão.
O governador gaúcho Tarso Genro também partiu para o ataque à oposição e à grande imprensa do país que, segundo ele, já começaram a campanha eleitoral de 2014. “A oposição está sem rumo e sem projeto para coesão social de desenvolvimento. Quando ela se vê perdida, ela apela para desconstrução da democracia, seja por atos de força, como ocorrido em outra época no país, seja na concentração da informação pelo monopólio da comunicação”, disse.
Lula referiu-se ao tema de forma semelhante. “Eu vejo certo pessimismo da mídia. Mas é normal, diante de um governo tão bem avaliado como o da presidenta Dilma. Eu sei que o preconceito que você (Dilma) sofreu, eu não sofri. Bateram duro em você porque você é uma mulher e não aceitavam isso no começo. Depois, eles apostaram que você e eu iríamos brigar. Claro que somos diferentes, mas se um dia tivermos divergências, eu paro, porque você (Dilma) estará sempre certa”, falou Lula, arrancando risadas dos presentes.
Dilma rebate críticas da oposição sobre Petrobrás e obras da Copa
Mais contida, Dilma Rousseff até tentou fazer piadas vez por outra, mas preferiu fazer uso de um discurso pré-escrito para evitar imprevistos. A chefe do Executivo preferiu apresentar um balanço dos governos petistas, dos quais faz parte desde o começo, quando era ministra da Casa Civil de Lula. Segundo ela, há setores sistematicamente pessimistas que torcem pelo fracasso da economia brasileira e não conseguem perceber que, de acordo com Dilma, o país já venceu seu complexo de vira-lata. “Um dos pratos prediletos das críticas tem sido a fragilidade da Petrobras. E aí é extraordinário que a Petrobras, há três dias, tenha captado R$ 11 bilhões. Hoje houve um leilão de blocos de petróleo e foram arrecadados R$ 2,8 bilhões. O petróleo é o produto de maior valor no Brasil na balança comercial”, disse.
Evento planejado para comemorar 10 anos de PT no governo federal acabou ganhando ares de ato pela candidatura de Dilma Rousseff à reeleição | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
A presidente rebateu também críticas sobre a infraestrutura do Brasil para receber a Copa do Mundo de 2014. “Diziam que os estádios não iam ficar prontos e teremos seis estádios prontos para a Copa das Confederações. Todos os estádios vão aparecer, todos os aeroportos, todas as obras previstas para a Copa do Mundo”, disse.
Em uma avaliação sobre a estratégia externa do Brasil, Dilma atribuiu a vitória de Roberto Azevêdo para presidir a Organização Mundial do Comércio (OMC) à política multilateral desenvolvida pelo ex-presidente Lula durante os oito anos em que governou o Brasil. “Roberto Azevêdo foi eleito pelos países emergentes, pela América do Sul, pelos países africanos, países asiáticos, países da América Central e foi eleito por países em desenvolvimento. Isso mostra claramente a estratégia que levou o Brasil a ter uma presença no mundo. Não foi um terceiro-mundismo, porque não se trata disso, mas uma estratégia de multilateralismo”, afirmou.
Sem lideranças do PSB, ato privilegia PMDB gaúcho
Além de duas ministras, Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), o ato político do PT teve a presença dos ex-governadores Olívio Dutra (PT) e Alceu Collares (PDT) e do presidente de honra do PTB, ex-senador Sérgio Zambiasi, possível candidato a vice na chapa de Tarso Genro, além de outros representantes dos partidos aliados do governo Dilma.
Ex-presidente Lula esteve em Porto Alegre na terça-feira (14), onde também cumpriu agenda no Palácio Piratini | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
A correlação de forças precisa ser reafirmada, evidenciou o presidente do PT Rui Falcão durante seu discurso aos parlamentares, prefeitos, dirigentes sindicais e militantes presentes. No palco, o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, possível candidato à Presidência da República, estava representado apenas na figura do secretário de organização da sigla, Mário Bruck. Já o PMDB se fez presente com o ex-ministro Mendes Ribeiro Filho (PMDB) e a inusitada presença do presidente estadual do partido, deputado estadual Edson Brum.
Combativo parlamentar de oposição ao governo Tarso, o deputado peemedebista compôs o palanque do principal rival na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o deputado e presidente do PT gaúcho, Raul Pont. Recentemente o PMDB havia pedido ao PT que considerasse a possibilidade da presidenta Dilma ter que subir em dois palanques de candidatos ao governo gaúcho, já que pretendem lançar candidato em 2014 e tanto PT como PMDB integram a aliança nacional. Uma articulação que deu sinais de já estar tomando corpo.

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