segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Eleições em Santiago/RS - Uma primeira avaliação da conjuntura pós-eleitoral, das dificuldades e reveses sofridos pelo PT e setores progressistas



Crítica & Autocrítica - nº 109

Companheiros e Companheiras, primeiramente, Fora Temer!

Em segundo lugar, em relação ao resultado das eleições em Santiago, em que pese não apresentar grande surpresa no tocante a manutenção da hegemonia do PP (a propósito, os setores verdadeiramente progressistas e de esquerda da sociedade devem debruçar-se com afinco para fazer o devido balanço, a necessária autocrítica, apreender com os erros e buscar, a médio prazo, construir as condições de colocar-se como real alternativa de poder e desbancar de vez essa oligarquia direitosa terrunha comandada por seus caciques carimbados, a maioria ainda ligados ao arcaico latifúndio),  acabou sendo ainda pior do que os mais pessimistas imaginavam. Teremos a continuidade de uma administração com viés ideológico claramente conservador e clientelista, que usa e abusa da máquina pública, devidamente respaldados por uma bancada de vereadores pepistas igualmente conservadora, por óbvio - agora ainda mais numerosa.

Então, não é exagero afirmar que ocorreu em Santiago, guardadas as proporções,  uma das a máximas contida na Lei de Murphy: "Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível." Lamentável.

Com todo o respeito merecido, as duas candidaturas  que acabaram polarizando a disputa para o Executivo (Tiago, pelo PP/PTB e Guilherme, pelo PSD/PMDB/PSDB/Rede/PPS/PDT...), na essência, pela base social e interesses que representavam,  não eram muito diferentes.  A única alternativa verdadeiramente popular e de esquerda que foi ofertada aos eleitores para o Executivo, a candidatura do PT, representada por Bueno e Cláudio Freitas, não conseguiu ampliar com outros partidos tidos como democráticos e progressistas (PDT e PPL), como ocorreu nas eleições passadas, e ficou isolada.

Há que se lamentar também a postura política equivocada do deputado Bianchini, liderança maior do PPL, que optou pelo ‘murismo’ ao invés de somar-se com a oposição popular de esquerda, à exemplo do que corretamente tinha feito nas eleições municipais passadas. O resultado do isolamento do PT, somado ao quadro conjuntural adverso nacionalmente ao partido e  à esquerda (o terrorismo midiático contra o Partido dos Trabalhadores, em especial contra o ex-presidente Lula e contra a presidenta Dilma, as ações seletivas do MPF, do Judiciário e da PF unicamente contra suas lideranças, a criminalização e judicialização da política...) aumentou a abstenção, o voto nulo e branco e prejudicou ainda mais  o desempenho da legenda, que acabou não conseguindo inclusive manter sua representação da Câmara dos Vereadores.

A propósito disso, encaminhei a seguinte mensagem à companheira e colega advogada Adriana Castiel,  Secretária Geral do PT Santiaguense, que postou uma corajosa e lúcida mensagem em seu face. Assim foi minha mensagem:

“Prezada companheira Adriana, parabéns pela garra, coerência e postura. Transmita minha solidariedade à vereadora Iara, ao vereador Sérgio Marion e à tod@s @s demais comp@s candidatos(as) petistas (ao Executivo e Legislativo) que tiveram a coragem e a dignidade de concorrer nestas eleições, ainda mais neste momento difícil que passa o país e nossa frágil democracia e em que nosso partido é alvo dos mais sórdidos ataques e mentiras, de uma campanha midiática/jurídica/política seletiva golpista e criminosa visando nossa destruição. (...)

Quanto à perda das cadeiras no parlamento santiaguense, é sem dúvida um baque muito grande, mas não fatal; devemos tomar como aprendizado e voltar a priorizarmos o trabalho de base, de formação política, nossa atuação nos movimentos sociais, nos sindicatos, nas associações de moradores, nas escolas, recuperando ainda a histórica e salutar prática da militância nos núcleos de base,  e  - sobretudo - voltar a " Agir como o PT Agia".

Eles (os inimigos de classe e seus marionetes na mídia) já tentaram nos destruir no passado e não conseguiram, nos recuperamos e, como a Ave Fênix, ressurgimos - e vamos fazer isso novamente."

Vamos nos reorganizar e reconstruir nosso Partido para podermos dar continuidade à luta - e avançarmos!!!  O povo trabalhador e a juventude santiaguense em breve dar-se-á conta  do que está em jogo, de quem é quem na política local e dos interesses que se escondem por detrás das aparências  - e em quem podem realmente confiar!

-Resistir e reorganizar-se para avançar!   "Ousar lutar, ousar vencer!"  - Esmorecer e retroceder, jamais!

*Por Júlio C. S. Garcia - Advogado, fundador do PT, midioativista (especialmente para o Blog 'O Boqueirão Online').

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