Jornal GGN – Colaborador premiado, Marcelo Odebrecht foi “vago” em depoimento aos investigadores do Peru, quando questionado sobre pagamento de propina ao ex-presidente Alan García, morto na quarta (17). O peruano cometeu suicídio quando a polícia bateu em sua porta tentando cumprir um mandado de prisão no âmbito de investigação alimentada pelas delações da Odebrecht.
Segundo a jornalista Mônica Bergamo, Marcelo Odebrecht – que conviveu com García, assim como a cúpula da família, dona da empreiteira – indicou que era possível que o ex-presidente tivesse sido beneficiado com pagamentos de propina no Peru. Mas a indicação era de ajuda em campanhas eleitorais, não roubos para proveito pessoal.
“O único benefício pessoal, ainda investigado pela procuradoria, seria o pagamento de US$ 100 mil por uma palestra que ele efetivamente deu na brasileira Fiesp. A ação foi delatada por um advogado terceirizado da Odebrecht.”
Em 2013, as contas de García foram analisadas pelas autoridades. O ex-presidente entregou aos investigadores contratos, recibos e outros documentos que atestavam a lisura de palestras e conferências que ele realizou ao redor do mundo, que justificam sua renda.
Apesar disso, o Ministério Público do Peru utilizou delações da Odebrecht para desenvolver a tese de que as palestras eram uma fraude para justificar os repasses da Odebrecht. Narrativa semelhante é usada contra Lula, que também teve as atividades de sua empresa de palestas, a LILS, criminalizada pela Lava Jato.
Congressistas do PAP (Partido Aprista Peruano) apontaram o MP como responsável pela morte de García. Os correligionários do ex-presidente denunciaram lawfare por parte da Lava Jato peruana.
Mauricio Mulder afirmou à imprensa que a tragédia é “a concretização de um mecanismo de perseguição e busca de popularidade doentia por parte de algumas pessoas que se alimentam de poder e que querem ficar na história como carcereiros”.
O ex-chanceler Luis Gonzales Posada disse que o MP agiu arbitrariamente com o pedido de prisão. “É o resultado de um pérfido, malévolo e de uma abusiva violação de um Ministério Público que pode deter quem quiser.”
“Lamento a atuação da Promotoria. Alan García sempre mostrou disposição a ser investigado”, declarou A ex-ministra do Interior Mercedes Cabanillas, que acrescentou que o pedido de prisão foi baseado em delação sem provas.
García foi presidente do Peru em dois mandatos — de 1985 a 1990 e de 2006 a 2011. O Peru foi o primeiro país em que a Odebrecht se instalou quando partiu para a internacionalização.
“De acordo com pessoa próxima da empresa, Jorge Barata, que dirigiu as operações no Peru por cerca de 15 anos e foi um dos delatores, estava arrasado”, afirmou Bergamo.
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